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10.12.2009
CALVÍCIE NA MULHER E ALOPECIA ANDROGENÉTICA (CALVÍCIE)
Propedêutica das Doenças dos Cabelos e do Couro Cabeludo
CALVÍCIE NA MULHER
A calvície, conhecida na medicina como alopecia androgenética,(“andro” por causa dos andrógenos, que são hormônios masculinos e “genética” obviamente pela condição genética) acomete cerca de 90% dos homens, em alguma fase de sua vida. A calvície no homem é mais devastadora, em poucos anos o homem pode ficar com grandes áreas sem cabelos. Ao contrário do que se pensa, as mulheres também podem ter calvície, esta cifra pode chegar a 80% delas. Porém na mulher a calvície é mais discreta, a queda é difusa, sem formar áreas sem cabelos. Muitas vezes elas nem chegam a perceber o problema pois a queda de cabelos não chega a afetar a estética. As diferenças clínicas da calvície no homem e mulher se devem aos diferentes níveis de hormônios presentes em seu organismo, principalmente os hormônios masculinos. Interessante é que mesmo em casos avançados, tanto nos homens como nas mulheres, uma grande maioria destes nunca procuraram um médico para avaliação.
Na mulher a calvície recebe várias denominações: calvície comum, alopecia padrão masculino, alopecia androgenética padrão feminino, alopecia difusa crônica, alopecia difusa feminina, calvície clássica, alopecia androgênica e alopecia seborréica.
Normalmente a paciente começa a ter um afinamento dos cabelos no alto do couro cabeludo, na região parietal e frontal, e com o tempo ao caírem não há reposição adequada. Em alguns casos pode haver discreto clareamento dos fios. Esse quadro começa logo após a puberdade, porém as alterações clínicas só são observadas após muitos anos, em geral após os trinta anos. Clinicamente uma rarefação de cabelos só é observada quando a paciente já perdeu cerca 30% de seus cabelos. Muitas vezes a queda de cabelos pode ser muito intensa porém, muitas vezes a paciente nem sequer percebe uma queda de cabelos. Na realidade a paciente está ficando calva porque os seus cabelos não estão repondo.
Após a menopausa o quadro tende a se acelerar.
Para se fazer um diagnóstico preciso de uma calvície é fundamental uma história detalhada, sobre como começou a doença, forma de evolução, e presença de casos familiares. O exame físico deve ser rigoroso. Vários exames laboratoriais devem ser feitos, porém o tricograma é um dos pontos básicos para se fazer um estudo adequado dos cabelos.
O primeiro passo para se tratar uma AA na mulher é abordar seu conteúdo psicológico sob dois aspectos. Em primeiro lugar, o fator emocional sendo poderoso desencadeador ou agravante da doença, logo, seu stress, suas angústias, desavenças etc, devem na medida que possível, ser muito bem avaliadas e tratadas. Em segundo lugar, sucede-se o contrário, ou seja a alopecia em evolução que causa dano psicológico. Ao perceber que sua alopecia está se tornando visível, a paciente sofre um grande impacto emocional. Ao ver sua imagem alterada, ela pode desencadear psicopatias latentes.
O tratamento medicamentoso a ser instituído deve ser muito bem avaliado de acordo com a gravidade e particularidades de cada caso, e o tempo de duração do tratamento deve durar anos.
Os principais medicamentos usados para a AA são:
Antiandrógenos , que são substâncias que inibem os hormônios masculinos. Em média estabilizam o processo em 50% das pacientes, porém nenhum promovem crescimento de novos cabelos.
Nesta categoria, o tratamento mais específico para a calvície é a finasterida(Propécia) , porém seu uso deve ser cauteloso em mulheres em idade fértil, pois o uso da finasteride durante a gravidez pode inibir a formação dos genitais em fetos masculinos.
A progesterona pode ser usada topicamente com resultados bastante expressivos.
Algumas medicações sem guardar nenhuma relação com a parte hormonal também podem ser usadas. A mais conhecida delas é o minoxidil, usado isoladamente por via tópica ou associado ao ácido retinóico. Outra medicação deste grupo é o extrato de proteínas marinhas associado à sílica(Viviscal). Este produto tem tido boa aceitação pois além de estabilizar o processo, também pode engrossar o cabelo, dando impressão de maior volume.
Diariamente novas drogas são estudadas para o tratamento da calvície, porém deve ficar claro para a paciente, que o tratamento deve ser feito o mais precocemente possível, deverá ser feito por toda a vida, e todo e qualquer tratamento a ser instituído deverá apenas estabilizar a progressão da doença, e não recuperação dos cabelos perdidos.
Tratamento da Calvície
PERSPECTIVAS PARA O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA(CALVÍCIE)
Alopecia é um termo genérico que significa simplesmente falta ou diminuição dos cabelos ou pêlos em uma determinada região da pele. Inúmeras situações podem levar um paciente a perder cabelos, ou seja desenvolver uma alopecia, entre elas citamos: regimes para emagrecimento, febre, infecções virais ou bacterianas, pós doenças sistêmicas, pós parto, alterações endocrinológicas, anemia, stress físico ou emocional, etc.
Porém, sem dúvida alguma, a causa mais freqüentemente de alopecia no couro cabeludo é a calvície, conhecida na medicina como alopecia androgenética (AA), (“andro” por causa dos andrógenos, que são hormônios masculinos e “genética” obviamente pela influência genética) que pode ocorrer tanto nos homens como em mulheres. Estima-se que 60% dos homens tem algum grau de calvície, e nas mulheres esta cifra pode chegar a 80%.
No homem a instalação da calvície é clássica, com rarefação inicial pela regiões temporais e vértex do couro cabeludo, evoluindo posteriormente para uma perda total dos cabelos no alto do couro cabeludo. Já na mulher, a doença se manifesta de uma forma difusa por todo o couro cabeludo. Provavelmente estas expressões clínicas são devidas a níveis diferentes de hormônios masculinos nas mulheres e homens e a diferentes qualidades e quantidades de receptores hormonais no folículo piloso.
A causa da calvície é genética. O fator genético faz com que o folículo piloso fique sensível aos hormônios masculinos, em particular à testosterona. No homem, após a puberdade, quando os níveis destes hormônios começam a aumentar, e quando geneticamente predisposto, a calvície se manifesta. Na mulher, a calvície não se manifesta com tanta intensidade, pois nela os níveis de testosterona são muito baixos. Porém se a mulher tiver um distúrbio endócrino, com aumento da testosterona, a calvície se manifesta nos padrões masculinos, e nestes casos a mulher deve ser submetida a um minucioso exame endocrinológico.
Seja qual for a causa, a perda de cabelos, trás um verdadeiro desconforto para o ser humano, e tentativas de combatê-la é descrita desde a mais remota antigüidade, e parece ser um dos maiores desafios do Homo Sapiens Sapiens.
HISTÓRICO
Arqueologistas descobriram em papiros egípcios, como os de Ebers e Hearst fórmulas datadas de 4.000 aC para combater a calvície. Dentre elas 3 se destacavam. A primeira consistia em cozinhar pata de cachorro com casco de asno e fazer uma mistura com óleo. A segunda preconizava uma mistura de partes iguais de gordura de leão, hipopótamo, crocodilo, ganso, cobra e cabrito montês e finalmente a terceira usava dente de asno triturado em óleo. Estas fórmulas eram usadas friccionando diretamente no couro cabeludo. Cleópatra não gostava da calvície de Júlio César, e o obrigava a usar fórmulas à base de rato doméstico cozido, dente de cavalo, gordura de urso e medula de cervo. O egípcio Hakiem-El-Demagh, considerado o primeiro especialista em doenças do couro cabeludo, idealizou várias fórmulas para a AA e o próprio Hipócrates em seu respectivo tempo receitava para quadros iniciais massagens de láudano com óleo de rosa, de linho ou de oliva verdes. Em casos mais avançados prescrevia cataplasma à base de cominho, fezes de pombo, alho socado e urtiga. Por toda a idade média vários medicamentos foram sugeridos, inclusive urina de cachorro, poções dos mais variados animais, e infusões de inúmeros vegetais, e até rituais de exorcismo. Porém, uma fórmula que se tornou muito famosa, foi idealizada por volta do ano de 1.600, e era feita de várias plantas medicinais, vinho, semente de rabanete, bago de uva, óleo de linhaça, trigo, etc. Esta fórmula foi adotada na época pelo exército alemão, porém adicionaram saliva de cavalo como complemento. Enfim, em todos os tempos sempre houve preocupação com o tratamento da AA, obviamente as portas foram abertas para a exploração comercial e não deixaram de existir os aproveitadores, charlatões, curiosos e inúmeras outras modalidades de promessas de cura para a doença.
PRIMEIROS ESTUDOS
Hipócrates há 460 aC observou que crianças e eunucos não desenvolviam AA. Estudos científicos sobre a doença, tomaram impulso com os trabalhos de J.B.Hamilton, que no início da década de 40, mostrou que a AA não desenvolvia antes da puberdade, em eunucos e em pacientes que por um distúrbio hormonal qualquer não produziam a testosterona. Além do mais os pacientes sempre tinham um ancestral calvo. Daí concluiu que a AA é resultante da ação do hormônio masculino, a testosterona, em folículos pilosos geneticamente predispostos. Estudos bioquímicos mostraram que a testosterona, em nível de folículo piloso, sofre a ação de uma enzima redutora a 5 alfa redutase que a transforma na dehidrotestosterona, que teria uma ação ativa sobre o folículo piloso, provavelmente inibindo a adenilciclase com conseqüentes distúrbios metabólicos locais levando à AA.
TRATAMENTO DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA
Neste trabalho, serão discutidos os principais tratamentos medicamentosos da AA para o homem. A calvície na mulher assume algumas características próprias tanto do ponto de vista clínico, etiológico como terapêutico, por isso merece um capítulo à parte.
Pela própria etiopatogenia da AA as drogas ideais seriam aquelas que de alguma forma inibissem a ação dos hormônios sobre os folículos pilosos. Estas drogas seriam os antiandrógenos. Segundo Dorfman, um antiandrógeno seria uma “substância que inibiria a expressão de um andrógeno em sua célula alvo sem interferir na sua síntese e nem em seu controle via hipotálamo ou hipófise”.
Teoricamente um antiandrógeno pode agir em vários locais: inibir a síntese da enzima 5 alfa redutase; inibir a ação desta enzima sobre a testosterona ou competir diretamente com a dehidrotestosterona junto aos receptores celulales. Pelo que se sabe, não existe um antiandrógeno puro, ou seja, que tenha uma ação específica em um destes locais. Geralmente eles tem maior ação sobre uma passagem hormonal, mas podem agir em todos os níveis. Antiandrógenos como acetato de ciproterona, benorterone, flutamida e outros não são usados no homem. Um inibidor da 5 alfa redutase, a finasteride (PROPECIA) é uma medicação nova no mercado e estudos clínicos são bastante encorajadores, porém seus efeitos colaterais merecem atenção. Outra medicação que agiria sobre a mesma enzima seria o TUROSTERIDE. A ESPIRONOLACTONA também tem sido usada como antiandrógeno, e em alguns casos com boa resposta terapêutica, e também como todo antiandrógeno deve ser dada com cautela. Um antiandrógeno que tem merecido destaque pela sua ação benéfica e por ser de uso tópico é o RU58841, que em breve deverá ser comercializado. Um redutor do colesterol, com fraca ação antiandrógena também tem sido testado, é o SIMVASTIN.
Embora à primeira vista a etiopatogenia da AA parece estar claro, é curioso como uma infinidade de medicamentos tem sido lançados para o seu tratamento e com as mais diversificadas ações, e a maioria deles sem a menor relação com atividades hormonais, porém seus resultados clínicos são surpreendentes.
Foi suposto que o óxido nítrico estimula o crescimento dos cabelos. Radicais superóxidos, resultantes do metabolismo, inibem o óxido nítrico, induzindo a fase telógena com conseqüente queda do fio de cabelo. Um grupo de substâncias conhecido como superóxido dismutases inibe os radicais superóxidos, liberando o óxido nítrico, recuperando a fase anágena, obviavente restituindo o ciclo biológico normal dos cabelos por restaurar a fase anágena. Os principais superóxido desmutases são à base de cobre ligado a um pepitídeo, e entre eles posso citar FOLLIGEN, TRICOMIN, IAMIN, GRAFTCYTE e TEMPOL. Dentro desta modalidade de tratamento, é preconizado o uso com medicações que contenham a L-ARGININA. Este aminoácido, considerado não essencial, é um precursor do óxido nítrico, logo sua presença é fundamental para a síntese e manutenção de níveis adequados de óxido nítrico. Algumas medicações podem imitar a ação do óxido nítrico e dentre elas a mais conhecida é o minoxidil (REGAINE), um produto usado contra hipertensão, cujo efeito colateral freqüente é a hipertricose, daí o seu aproveitamento para o tratamento da calvície. Outras drogas semelhantes ao minoxidil, do grupo piridine N-óxidos, são o NANO, DILANTIN, PROXIPHEN-N e o DIAZÓXIDO, este último muito pesquisado no Japão.
Uma proposta interessante para explicar a AA, é a teoria de que uma fibrose perifolicular altera a fisiologia do folículo piloso levando-o à atrofia com conseqüente calvície. Foi criada uma substância que seria uma “molécula antifibrose”, que reverteria esta fibrose recuperando o folículo, seria o aminexil(DERCAP) que tem se destacado no mercado francês.
Alguns autores acreditam que a dehidrotestosterona de alguma forma altera o folículo piloso, estimulando o sistema imunológico a agredi-lo, levando a uma inflamação local. Seria a teoria imunológica da AA, fato que explicaria melhora da calvície quando se usa a CICLOSPORINA ou outros imunossupressores.
Finlandeses descobriram grandes quantidades de testosterona e dehidrotestosterona ativos na secreção sebácea e afirmaram que uma potente substância desengordurante (POLISORBATE 60 e o POLISORBATE 80) ajudaria no combate à calvície pois removeria aqueles hormônios.
Loções à base de ervas também são tradicionais. Estudos científicos bem controlados com um produto feito com ervas chinesas(FABAO) tem dado bons resultados. Este medicamento está sendo produzido comercialmente na Holanda com o nome de DABAO.
Drogas que agem no metabolismo celular, em particular o do potássio, que estimula a síntese de DNA, o BRL34915 (CROMAKALIM), e o pinacidil(PINDAC), segundo seus pesquisadores agem beneficamente nos pacientes com AA.
Agentes inibidores da aromatase, como o aminoglutetimide (CYTADREN) também tem sido citadas.
Uma teoria ainda não muito clara e confusa, porém com notável sensacionalismo, seria o tratamento genético, que promete “cura” para a calvície. Seria o LIPOSOMAL GENE THERAPY, produzido nos EEUU pelo AntiCancer, Inc.
PILIEL um remédio de ação angiogênica descoberto em Israel, obtido a partir de extrato de cultura de células, tem merecido grande atenção, pois além de deter a progressão da calvície, engrossa os cabelos e para surpresa de seus próprios descobridores, a medicação estimula a melanogênese e os cabelos quando brancos recuperam sua cor natural.
Uma substância chamada “saw palmetto” extraída de uma planta natural da Flórida a Serenoa Repens, tem uma ação antiandrogênica muito parecida com a finasteride, porém além de inibir a 5 alfa redutase também inibe da dehidrotestosterona, e é comercializada com o nome de PERMIXON, para hiperplasia benigna da próstata, e tem sido preconizada para o tratamento da AA.
Inúmeros produtos à base de nutrientes tem sido testados. Entre eles posso mencionar a biotina, Vitamina C, inositol, PABA, L-cisteína. Uma associação de aminoácidos, vitaminas e cálcio, o PIL-FOOD, é dentro deste grupo de substâncias a mais popular, porém parece ter pouca ação sobre a calvície.
Medicações que agem sobre a circulação sanguínea também tem seu lugar no arsenal terapêutico da calvície, uma vez que por muito tempo acreditou-se que a vascularização do couro cabeludo era importante para manutenção dos cabelos. Entre elas cito: ECRINAL, FOLICURE, FONTENE, KEVIS, NUTRIOL, VIVAGEN E VIPROSTOL.
Uma droga angiogênica(OMEXIN), que aumentaria a oxigenação folicular, também deve ser citada pela sua ação sobre a calvície.
Uma medicação desenvolvida na Finlândia, que tem merecido atenção pelo seu efeito de estabilizar a queda de cabelos e promover uma boa recuperação de cabelos na AA e isenta de efeitos colaterais, é associação de um extrato de cartilagem de peixes com sílica(VIVISCAL).
O extrato de cartilagem é obtido de cartilagem de peixes cartilagenosos marinhos como Raia e Lamna Cornubica e é rico em aminoácidos nobres. A sílica é obtidida de uma planta conhecida popularmente como shavegrass(horsetail), e em botânica como Equisetum arvense , considerada um reservatório natural de sílica e usada tradicionalmente nos EEUU e Europa como “fortificante” para os cabelos e unhas.
CONCLUSÃO
Ainda não existe uma medicação ideal para o tratamento da calvície. Dentro da literatura existem inúmeras drogas sendo comercializadas e outras sendo testadas. Muitas delas com grandes esperanças e outras sem menor expressão.
Com certeza várias delas serão descartadas pelo próprio tempo. Muitas que suportarem a pressão da evolução natural da AA, abrirão novas portas para o esclarecimento da etiopatogenia da doença, logo com maior possibilidade de descoberta da cura.
Acredito que a calvície é desencadeada pelos hormônios masculinos, porém sua evolução depende de vários outros fatores, principalmente o emocional. Nunca devemos esquecer que em qualquer tratamento proposto para a AA, o controle com placebo também apresenta melhora expressiva. Uma medicação única no tratamento da calvície talvez seja inviável. As associações de medicações que interfiram em vários setores provavelmente seja o caminho natural para o controle da AA.
Dicas sobre Cabelo
O pêlo é formado em uma estrutura chamada de folículo piloso. É como um tubo perpendicular à pele, dentro do qual o cabelo é fabricado. No fundo deste tubo está um grupo de células, chamado de raiz, onde o cabelo é constantemente formado e empurrado para cima. A haste do pêlo é formada por 3 partes, como se fosse um lápis. A parte mais interna é a medula, que corresponderia ao grafite do lápis. Depois vem a córtex, que corresponde a 95% do cabelo, seria a madeira do lápis e finalmente a cutícula do pêlo que seria o verniz que envolve o pêlo. Todas as três camadas é formada pela raiz.
A haste é praticamente formada pela córtex e é muito frágil e quebradiça. Quem dá consistência ao pêlo é a cutícula, que é uma membrana com aproximadamente 5 a 7 células de espessura. Uma cutícula íntegra gera um cabelo brilhante e lustroso. A perda da cutícula deixa o cabelo muito quebradiço e seco.
Anexo ao folículo piloso, que é o tubo que contém o cabelo, existe uma glândula sebácea, que produz uma substância oleosa, que ao desembocar no folículo piloso serve para lubrificar e dar defesas ao cabelo.
“UMA CUTÍCULA ÍNTEGRA E UMA SECREÇÃO SEBÁCEA NORMAL QUE MANTÉM O CABELO COM BOA APARÊNCIA, SAUDÁVEL E COM BRILHO. QUALQUER FATOR QUE ALTERE A CUTÍCULA OU A SECREÇÃO SEBÁCEA, ALTERARÁ A QUALIDADE DOS CABELOS”.
Um cabelo cresce em média 0,33 milímetros por dia. Isso significa que um fio de cabelo cresce em média 1 centímetro por mês, ou 12 cm por ano. Uma pessoa com cabelo com cerca de 60 cm, significa que o cabelo está crescendo há 5 anos.
Um fio de cabelo não cresce constantemente. Uma raiz produz cabelo durante 2 a 6 anos em média. Isso é determinado geneticamente. Após este tempo a raiz pára de produzir o pêlo, o pêlo entra numa fase de repouso que dura de 4 a 6 meses, período em que o pêlo não cresce. Após este tempo a raiz começa a produzir um novo pêlo que empurrará o velho para fora.
Em média uma pessoa substitui de 50 a 100 fios por dia, sem haver prejuízo na qualidade e quantidade total de cabelos.
Um cabelo longo, com aproximadamente 60 cm, significa que este cabelo está crescendo há 5 anos, ou seja cerca de 1800 dias. Se a pessoa lava os cabelos a cada 2 dias, estes cabelos foram lavados cerca de 900 vezes. Se ela escova ou penteia em média 15 vezes por dia, no final deste tempo terá manipulado os cabelos quase que 30.000 vezes. Isso pode causar um dano muito grande à cutícula.
Logo o cabelo fica áspero, perde o brilho, fica quebradiço e as pontas ficam lesadas, com pontas bifurcadas. Os cabelos ficando ásperos, ao penteá-los cria-se uma eletrostática o que torna os cabelos difíceis de pentear.
Quando a pessoa frequenta muito piscinas, o Sol, o mar, saunas, etc, é claro que esta situação tende a piorar muito.
No verão a pessoa lava muito mais, frequenta muito mais piscinas, mares, etc, por isso perde muito mais intensamente a lubrificação natural e a cutícula.
O Sol, ou melhor os raios ultravioleta, agridem a melanina, destruindo-a, por isso os cabelos quanto tomam muito Sol tende a ficar cada vez mais claros, pois perdem melanina, independente da cor. O uso de fotoprotetores capilares é aconselhado para evitar este clareamento.
Normalmente manipulações cosméticas como tingir, fazer permanente, alisar, etc, podem deixar os cabelos mais frágeis. Tingir é colocar um pigmento dentro da córtex. Descolorir é destruir a melanina. Alisar ou fazer permanente é mudar a estrutura da córtex. Note que todos estes procedimentos envolve a córtex, e para atingir a córtex é necessário atravessar a cutícula, daí a probabilidade de estrago à cutícula com danos em potencial aos cabelos.
História da Tricologia
O cabelo é muito importante socialmente ao ser humano. A partir de hoje darei vária dicas sobre tricologia, ou seja, estudo sobre cabelos. Entenderemos porque os cabelos caem, quais as principais doenças, como diagnosticar etc., porém primeiramente vou contar um pouco a história da tricologia:
HISTÓRICO:
Desde o início da humanidade o Homem tem se preocupado com seus cabelos. Além da proteção do crânio contra traumatismos e radiações solares, os cabelos desempenham um importante adorno sexual, por isso a veneração aos cabelos invadiu os impérios, a religião, a mitologia, a cultura, classes sociais e a ciência, logo sua perda afeta diretamente o âmago das pessoas. Em todas as culturas, em todos os tempos, os cabelos são adorados.
O Homem além de não gostar de ver sua própria imagem sem cabelos, também não consegue criar um deus sem cabelos. Avaliando todas as religiões e mitologias percebe-se que não existe um deus sem cabelos. Buda, cinco séculos antes de Cristo, ainda jovem, em um passeio encontrou um ancião, um enfermo e um cadáver, que lhe fizeram ver as misérias da humanidade. Contra a vontade do pai, abandonou o palácio, a luxúria, os prazeres, vestiu-se de andrajos e retirou-se para Urulviva. Sua expressão máxima como renúncia aos bens materiais foi cortar os seus cabelos.
Pode ser coincidência, porém, os grandes líderes mundiais como presidentes, quando escolhidos pelo povo, na esmagadora maioria nunca são calvos. Levantamento de 522 políticos de alto escalão, governadores e senadores, nos Estados Unidos, mostrou uma mínima percentagem de calvos. É provável que os eleitores não votem em pessoas calvas. Realmente é difícil ver um presidente de um pais calvo.
Inúmeras lendas, contos mitológicos e fábulas envolvem em suas estórias fantásticas a presença marcante dos cabelos. Assim ocorreu com Sansão personagem bíblica, um dos juízes de Israel, em sua luta contra os filisteus, narrada no Livro dos Juízes. Sansão revelou à Dalila que sua força residia em seus longos cabelos. Numa noite, enquanto ele dormia, ela os cortou, e Sansão perdeu sua força, ficando a mercê dos filisteus. Outra estória curiosa é de Rapunzel, personagem criada pelos irmãos Grimm, que ao ser presa em uma torre, jogava suas longas tranças para que sua guardiã subisse até ela. Outra estória que envolve os cabelos é a de Berenice rainha do Egito. Seu marido Ptolomeu Evergete estava em em uma missão militar na Síria. Berenice ansiosa pela volta de Ptolomeu prometeu a Vênus(Afrodite) os seus longos e belos cabelos. Ptolomeu ao voltar ficou irado com o gesto de sua esposa, principalmente quando soube que seu cabelo havia desaparecido do templo de Vênus. Porém só se acalmou quando o matemático e astrônomo Cônon de Samos lhe informou que os deuses haviam transformado a cabeleira de sua amada em estrelas. E lá no céu boreal, junto à Ursa Maior, encontramos a constelação “Coma Berenices” – Cabeleira de Berenice. Esta constelação foi cantada por Calímaco num poema.
Através dos tempos os cabelos fascinam toda humanidade e inúmeras fórmulas, poções mágicas, medicamentos exóticos e milagrosos, foram criados para a sua manutenção, embelezamento e o tratamento de sua perda.
Papiros egípcios com mais de 4000 anos, tais como Ebers e de Hearst, já citavam anatomia do couro cabeludo e fórmulas para a alopecia, como por exemplo mistura em partes iguais de gordura de leão, hipopótamo, crocodilo, ganso e cobra. Cleópatra já receitava para seu amado Júlio César, que era calvo, rato doméstico (nunca selvagem), dente de cavalo, gordura de urso e medula de veado. O egípcio Hakiem-El-Demagh, considerado o primeiro especialista em doenças do couro cabeludo, idealizou várias fórmulas para calvície. O próprio Hipócrates receitava massagens com láudano com óleo de rosas, de linho, ou de olivas verdes e, até urtiga com excremento de pombos para crescer cabelos.
Por toda a idade média vários medicamentos foram sugeridos para a calvície, inclusive urina de cachorro, poções dos mais variados animais, e infusões de inúmeros vegetais, e até rituais de exorcismo. Porém, uma fórmula que se tornou muito famosa, foi idealizada por volta do ano de 1.600 dC, era feita de várias plantas medicinais, vinho, semente de rabanete, bago de uva, óleo de linhaça, trigo, etc. Esta fórmula foi adotada na época pelo exército alemão, porém adicionaram saliva de cavalo como complemento. Enfim, em todos os tempos sempre houve preocupação com o tratamento dos cabelos, obviamente as portas foram abertas para a exploração comercial e não deixaram de existir os aproveitadores, charlatões, curiosos e inúmeras outras modalidades de promessas de cura para doenças capilares.
Dr Jose Marcos Pereira
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Um comentário:
Olá Antonio Celso. Você conhece alguma relação de drogas e alopécia androgenética? Principalmente substância da cannabis e do lsd? Piora a queda? Gratidão e parabéns pelo artigo, foi muito esclarecedor e me contemplou em muitos aspectos.De muito bom senso.
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