2.19.2019

STF nega recurso e Bolsonaro terá de pagar R$ 10 mil a Maria do Rosário

Bolsonaro foi condenado por danos morais

STF nega recurso e Bolsonaro terá de pagar R$ 10 mil a Maria do Rosário

Oministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF),
 decidiu negar um recurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e manteve
 a condenação por danos morais imposta pela Justiça para que o 
ex-parlamentar pague uma multa de R$ 10 mil por ofensas disparadas 
contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).O episódio foi usado
 contra Bolsonaro na última campanha presidencial. Em 2014, Bolsonaro 
disse que não estupraria Maria do Rosário pois ela não mereceria, 
"porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero,
 jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar,
 porque não merece".
Ao negar o recurso da defesa de Bolsonaro, Marco Aurélio também 
manteve a determinação para que o presidente publique uma retratação
 em jornal de grande circulação, em sua página oficial no Facebook 
e em sua página no YouTube.
Na decisão, Marco Aurélio afirma que a imunidade prevista na 
Constituição - segundo a qual o presidente da República não pode 
ser responsabilizado por atos estranhos ao mandato - não se encaixa 
nas situações de esfera civil, como uma reparação por danos morais.
Tramitação
Em setembro de 2015, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos
 Territórios (TJ-DFT) condenou o então deputado federal a pagar R$ 10 mil
 à deputada por danos morais, mais veiculação de retratação pública 
em jornal de grande circulação e em canais oficiais de Bolsonaro no 
Facebook e no YouTube.
O caso chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que em agosto
 de 2017 decidiu manter a condenação imposta pelo TJ-DFT.
Procurada pela reportagem, a Presidência da República não havia se 
manifestado até a publicação desta matéria.
'Dignidade restaurada'
Em nota, a advogada Camila Gomes do escritório Cezar Britto & Advogados
 Associados, que representa Maria do Rosário na ação, disse que a 
decisão "restaura a dignidade" da deputada.
"Essa decisão restaura a dignidade para a deputada Maria do Rosário,

 assegurando que ela tem o direito de exercer o seu mandato 
legitimamente conquistado pelo voto popular sem sofrer discriminação,
 sem ataques a sua honra, sem ameaças a sua integridade física. 
Depois de anos de leniência por parte do poder Judiciário em 
relação à violência contra as mulheres (que resultou numa condenação
 internacional no caso Maria da Penha), vem do poder Judiciário 
uma mensagem clara de que a violência contra as mulheres, seja ela
 verbal ou física, não será tolerada. Esperamos que essa decisão 
repercuta para todas as esferas do sistema de justiça e que se constitua
 numa proteção efetiva às mulheres no Brasil".
"Por fim, a decisão evidencia que a imunidade parlamentar é uma 
prerrogativa que deve ser usada em favor da democracia e não para
 violar direitos", completa a advogada

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