Proteína humana associada ao HIV pode ser novo alvo no combate à Aids
WASHINGTON - Um grupo de cientistas descobriu uma nova forma de atacar o vírus HIV que pode contornar problemas com a resistência a medicamentos. Em estudo publicado na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences", eles afirmam que bloquearam a infecção do HIV em laboratório ao tornarem inativa uma célula-chave do sistema imunológico humano. Segundo os cientistas, a desativação da proteína chamada ITK das células T diminui a capacidade do vírus da Aids de se instalar nessas células e se multiplicar. A proteína também poderá ser usada como alvo para combater outras doenças como a asma que também afetam o sistema imunológico.
Os medicamentos contra a doença são, em geral, voltados para atacar as proteínas do próprio vírus. O HIV, entretanto, apresenta alto índice de mutação e pode se tornar resistente às drogas. Um medicamento baseado na nova descoberta poderia evitar o problema, já que age sobre a célula humana. Segundo o pesquisador Andrew Henderson, da Universidade de Boston, o novo medicamento poderia ser usado como complemento às drogas já existentes.
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Um dos verdadeiros problemas que temos atualmente ao tratar o HIV é que a maioria dos medicamentos com os quais contamos se dirige a alguma parte do vírus
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- Um dos verdadeiros problemas que temos atualmente ao tratar o HIV é que a maioria dos medicamentos com os quais contamos se dirige a alguma parte do vírus. E no HIV, o vírus muda rapidamente seu material genético, seu genoma - disse Pamela Schwartzberg, do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, integrante da pesquisa.
A proteína ITK indica às células T que elas devem ser ativadas contra os organismos invasores que provocam doenças, como os vírus. O vírus HIV ataca, entre outras, as células T, assumindo suas funções para se multiplicar.
Bloqueio da proteína ITK não prejudicou outras funções da célula
No laboratório, os cientistas usaram um inibidor químico e uma espécie de inibidor genético para tornar a proteína ITK inativa nas células T. Em seguida, elas foram expostas ao HIV. Os cientistas estudaram sua reação em vários níveis da infecção do vírus e em seu ciclo de replicação.
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Não bloqueamos completamente, mas realmente prejudicamos a infecção gravemente
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- Não bloqueamos completamente, mas realmente prejudicamos (a infecção) gravemente - disse Pamela Schwartzberg.
A desativação da proteína ITK reduziu a capacidade do vírus de entrar nas células T e transcrever seu material genético em novas partículas virais. Além disso, tornar a ITK inativa não interferiu significativamente na sobrevivência das células T. Em outras doenças, estas proteínas também são responsáveis por ativar reações importantes, como na asma.
- A ITK é um grande alvo a se examinar - disse Pamela Schwartzberg, acrescentando que os cientistas estão preocupados em não bloquear proteínas envolvidas na replicação do HIV que podem matar ou alterar outras funções regulares das células T. - Nós esperamos que outros estendam nossas descobertas e que os inibidores da ITK sejam usados como terapias contra o HIV.
Fonte: Globo on line
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