1.19.2010

Ponto G: Realidade ou ficção?




Um grupo de pesquisadores ingleses afirmou recentemente que o ponto G não existe. Eles dizem que não há evidências biológicas, e que tudo não passa de uma invenção cultural. Pode ser. Entretanto, existem opiniões contrárias.

Há muito tempo as mulheres já perceberam que sentem dois tipos de orgasmo: no clitóris e na vagina. O clitóris, por ser localizado na parte externa do corpo, na entrada da vagina, é muito mais fácil de ser encontrado. O americano Alfred Kinsey, em sua pesquisa sobre sexualidade humana, na década de 50, verificou que ele era sensível ao toque em 98% das mulheres examinadas, mas admitiu que elas também tinham sensibilidade num certo ponto no interior da vagina.

Nessa mesma época, o ginecologista alemão Ernst Gräfenberg descreveu com clareza uma área dentro da vagina sensível ao prazer sexual. E o ponto G foi assim denominado por causa do sobrenome do seu descobridor. Trinta anos depois, em 1980, num congresso nos Estados Unidos, pesquisadores examinaram 400 mulheres que se ofereceram para o estudo. O ponto G foi encontrado em todas elas.

Outros estudiosos dizem que a maioria dos médicos ignora a existência do ponto G porque em um exame ginecológico ele é geralmente apalpado e não estimulado. Argumentam que em estado de repouso é quase imperceptível, não sendo fácil sua localização. Ao toque, o ponto G se apresenta do tamanho de um feijão, mas recebendo pressão intensa, se adequadamente estimulado, intumesce, aumenta de tamanho e pode provocar vários orgasmos consecutivos. O resultado seria um orgasmo vaginal bem diferente do orgasmo alcançado pela excitação do clitóris.

Pesquisadores americanos afirmam que o ponto G se situa por trás do osso púbico, dentro da parede anterior da vagina, mais ou menos a cinco cm da entrada do canal vaginal. O tamanho e a localização exata variam. Acrescentam ainda que para algumas mulheres é difícil que ele seja estimulado adequadamente quando deitadas de costas. Nas outras posições fica mais fácil, principalmente se a mulher ficar por cima do homem, de forma a conduzir a estimulação.

Diante de pesquisas e estudos com resultados tão diferentes, continuamos com a pergunta: o ponto G existe ou é uma invenção? O que sabemos é que o prazer feminino nunca foi bem aceito. Até meados do século 20, insistia-se que o aparelho genital da mulher servia tão somente à procriação. Mas o sexo é um aprendizado e, quanto menos preconceitos houver, mais pontos de prazer podem ser descobertos. Afinal, o corpo todo é uma grande zona erógena.
O Dia
POR REGINA NAVARRO LINS

Saiba mais sobre o Ponto G

Em 1950, Ernest Gräfenberg - um eminente ginecologista alemão, internacionalmente consagrado como pioneiro por suas pesquisas sobre o DIU –, publicou um artigo no Jornal Internacional de Sexologia, intitulado “A função da uretra no orgasmo feminino”. Neste artigo, ele afirmou que são "inumeráveis os pontos erógenos distribuídos por todo o corpo, através dos quais a satisfação sexual pode ser alcançada”. Completando a frase, ele escreveu: “são tantos os pontos que, até poderíamos dizer, não existir uma parte do corpo da mulher que não reaja sexualmente, o parceiro tem apenas que descobrir as zonas erógenas”.

Nessa mesma publicação, Gräfenberg afirma existir “uma zona erógena que pode ser encontrada na parede anterior da vagina no trajeto da uretra”. Segundo as observações daquele cientista, essa região possuiria um tecido erétil – semelhante ao corpo esponjoso do pênis, cujas dimensões aumentariam durante a excitação sexual – capaz de proporcionar um grande prazer ao ser estimulada, fazendo com que as mulheres alcançassem o orgasmo mais facilmente.


O ginecologista Ernest Gräfenberg escreveu: “Se houver oportunidade de observarmos o orgasmo de tais mulheres, poderemos constatar que elas expelem, em esguicho, um líquido claro e transparente pela uretra. Estou disposto a acreditar que essa urina, relatada durante o orgasmo feminino, não é urina, mas secreções das glândulas intra-uretrais relacionadas com a zona erógena existente ao longo da uretra, na parede anterior da vagina”.

Resumindo: com o seu relato - que vai da página 145 à 149, do exemplar nº 3, do International Journal of Sexology, de 1950 -, Gräfenberg lançou, nos meios acadêmicos, as bases de uma interminável discussão, cujos desdobramentos se estendem até os dias atuais.

A expressão “ponto G” – “G spot”, em inglês - surgiu, pela primeira vez, em 1981, num artigo do The Journal of Sex Research, como uma homenagem de seus autores - Drs. John Perry e B. Whipple – àquele ginecologista alemão. No ano seguinte, a expressão tornou-se conhecida do público leigo, com a publicação, nos Estados Unidos, do livro “O Ponto G e outras Recentes Descobertas sobre a Sexualidade Humana” – no Brasil, foi publicado pela Editora Record, podendo ainda ser encontrado nas livrarias, sob o título “O Ponto G” -, tendo como autores Alice Kahn Ladas, John Perry e B. Whipple. O livro – que foi um sucesso de vendas – deu início a um amplo, caloroso e prolongado debate, envolvendo a comunidade científica (anatomistas, fisiologistas, ginecologistas, sexólogos, embriologistas, etc.) e a população feminina.

Nos últimos cinqüenta anos, a literatura universitária acumulou mais de duzentos e cinqüenta trabalhos sobre o tema. Nesse período, foram inúmeros os congressos, simpósios e conferências que se ocuparam dessa matéria. Enquanto algumas autoridades de renome internacional relataram evidências irrefutáveis dos achados de Gräfenberg, outras - de igual projeção no mundo científico – negaram enfaticamente aquelas descobertas, comparando-as a um ET (ser extraterrestre) ou a um OVNI (objeto voador não identificado); isto é, algo cuja existência ainda precisa ser comprovada.

A conclusão a que chegamos é que tanto o “ponto G” quanto a “ejaculação feminina” são características especiais de uma minoria, não podendo - de forma alguma - serem tomadas como um padrão fisiológico a ser aplicado a todas as mulheres. Por outro lado, centralizar a sexualidade feminina em apenas um ponto é uma grande idiotice.

Cada casal tem um mapeamento e um alfabeto próprio dos pontos erógenos. A experiência sexual não é apenas física e sensorial, mas também emocional e afetiva. Com a cumplicidade que só a intimidade permite, tanto ele quanto ela devem descobrir o prazer no “ponto A”, no “ponto B”, no “ponto C”, no “ponto D”...

Por Carlos Antônio da Costa

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