1.27.2014

Açúcar “vicia”?

  • Dra. Ana Escobar
    Depois do almoço ou do jantar dá muita vontade de comer um doce de sobremesa, não é mesmo? Outros momentos também convidam a um “docinho”: o café da manhã, o lanche da tarde ou o do meio da noite, quando dá a irresistível vontade de “assaltar” a geladeira. Até aí, nada de errado. Tudo normal.
    Porém, muitas pessoas tem absoluta necessidade de comer algo que contenha açúcar. Não se sentem bem, nem física, nem emocionalmente, a ponto de que a falta do açúcar acaba interferindo no humor e nas atividades normais do dia a dia. Por isso cabe a pergunta: será que o açúcar “vicia”?
    Vamos entender: açúcar é um carboidrato. Importante saber que há vários tipos de carboidratos contidos em diferentes alimentos. O mais conhecido de todos nós é a sacarose, derivada da cana que, refinada, se transforma no açúcar branquinho, que utilizamos comumente no dia a dia. Outros exemplos: a batata contém o amido; o leite, a lactose e as frutas, a frutose. Esses carboidratos são “quebrados” por enzimas específicas, que os transformam em moléculas menores, que são absorvidas. A glicose é a unidade comum de todos os carboidratos. Todos viram glicose, nossa fonte energética.
    Portanto, quando ingerimos um doce, por exemplo, o açúcar transforma-se em glicose que entra no sangue. Glicemia é o nome que damos ao açúcar que circula livre no sangue. Só que esta glicose precisa entrar na célula para garantir sua energia. Sem entrar dentro da célula, isso não é possível. Exatamente como um carro no posto de gasolina ao lado da bomba. Há que se abrir a “portinha” e colocar a gasolina dentro do tanque. No organismo, o pâncreas é que produz um hormônio responsável por colocar a glicose dentro da célula: a insulina. Como se a insulina tivesse a “chave” que abre a célula para a glicose. Tudo funciona assim: comemos o doce, a sacarose transforma-se em glicose, que entra no sangue aumentando a glicemia. Quando o organismo percebe que a glicemia aumentou, libera insulina que coloca a glicose dentro das células. Pronto! Estamos de “tanque cheio” e com energia para gastar. Por isso é que diabéticos não podem comer doce. Não produzem insulina na concentração adequada.
    Quanto maior a quantidade de açúcar ingerida, maior a quantidade de insulina produzida. E é exatamente aí que está o problema. Se ingerirmos cotidianamente grandes quantidades de açúcar, nosso pâncreas se acostuma a produzir também grandes quantidades de insulina. Nessa situação, se um dia pararmos bruscamente de ingerir açúcar, ainda assim ocorrerá liberação de insulina. Resultado: o sangue fica com muita insulina e pouca glicose. Isso se chama “hipoglicemia”. E os sintomas podem aparecer em maior ou menor intensidade: suor frio, tonturas, vertigens, taquicardia e até desmaios. Para nos defender, o cérebro então ordena comer açúcar. Aí é que dá aquela fome específica de doce, que é difícil de resistir. E, assim, o ciclo se inicia: quanto mais açúcar comemos, mais vontade de comer açúcar temos.
    Além disso, quando ingerimos açúcar produzimos substâncias químicas naturais que dão a sensação de prazer e bem estar. Por isso, também sentimos “necessidade” de comer mais açúcar.
    Então, como fazer para romper esse ciclo?
    Como já entendemos, suspender bruscamente o consumo de açúcar não é a solução. A grande “dica” é diminuir progressivamente a quantidade de açúcar ingerida por dia. Por exemplo, diminua 1/3 da quantidade de doces ou guloseimas que você normalmente come a cada 5 dias. Resultado: em mais ou menos 15 dias aquela “vontade“ irresistível de comer um docinho deve ter diminuído significativamente. A partir daí é só se controlar!
    Seja doce para você mesmo e evite comer açúcar em excesso!

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