1.30.2014

Células-tronco têm efeito positivo no tratamento de distrofia muscular

Brasil tem avançado cada vez mais em pesquisas com células-tronco. Pesquisadores testaram célula-tronco do tecido adiposo de camundongos.

Veruska Donato São Paulo
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) testaram células-tronco encontradas no tecido adiposo de camundongos com distrofia muscular, que provoca a paralisação progressiva dos músculos até a morte. Eles descobriram que elas aumentaram a expectativa de vida dos animais.
O administrador Sérgio Santos Soares tinha 25 anos quando descobriu que tinha esclerose múltipla, uma doença crônica que atinge o sistema nervoso central. Ele ficou sem poder andar e precisou de ajuda até para comer. “Para eu partir uma pizza, uma carne, nossa, eu ficava nervoso, escorregava do meu prato. Não tinha força para pegar os talheres”, conta.
No ano passado, aos 37 anos, Sérgio passou pelo transplante de células-tronco. Ele foi um dos primeiros no Brasil. Depois disso, a doença nunca mais se manifestou e hoje ele se locomove com a ajuda de um andador. “Foi uma maravilha pra mim. Foi uma nova vida que Deus me deu através dos médicos aqui na Terra”, comemora.
O Brasil tem avançado cada vez mais nos estudos das células-tronco para o tratamento de doenças. Foi do laboratório do Centro de Pesquisas do Genoma Humano do Instituto de Biociências da USP que saiu a mais recente descoberta na área no Brasil.
Os pesquisadores descobriram que células-tronco adiposas, quando transplantadas em camundongos com distrofia muscular grave, aumentavam o tempo de vida desses animais em 30%, em média.
Eles testaram as células-tronco retiradas de vários tecidos na região abdominal de mulheres que passaram por cirurgias. “Nós abordamos pacientes que estavam fazendo cirurgias ginecológicas e conseguimos obter materiais do mesmo paciente, de quatro tecidos diferentes. Nós tiramos da gordura, do músculo, da trompa e de endométrio”, relata Marcos Valadares, pesquisador da USP.
Somente as células de gordura implantadas nos camundongos surtiram efeito e os animais viveram 30% a mais do tempo médio esperado pelos pesquisadores. “Isso é um resultado muito importante, porque se a gente conseguir transferir para o paciente, a gente tiver o mesmo resultado, isso significa 20 anos a mais na vida da pessoa. Uma pessoa de 60 anos vai poder viver 20 anos a mais”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Pesquisa.
Segundo os pesquisadores, em dez anos esse tratamento poderá estar disponível para humanos.

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