3Ddoose garante inovação e
praticidade com a impressão 3D de medicamentos na dose certa
Laís Fonseca, da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde
(VPPIS / Presidência), quem fez a apresentação do grupo no encerramento
do Programa Inova Fiocruz / Foto: Viviane Oliveira
Inovação e empreendedorismo para
a saúde da população brasileira. Esse foi o foco principal do Programa Inova
Labs Fiocruz, o qual um grupo de profissionais do Instituto de Tecnologia em
Fármacos (Farmanguinhos / Fiocruz) participou e foi selecionado entre as três
melhores ideias do programa. O 3Ddoose é uma iniciativa para desenvolver
medicamentos através de uma impressora 3D, para uso pediátrico, chegando na
dose correta para cada tipo de paciente. Formado por Laís Fonseca, da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde
(VPPIS / Presidência), e pelos profissionais de Farmanguinhos,
Alessandra Viçosa, do Laboratório de Farmacotécnica Experimental, da
vice-diretoria de Educação, Pesquisa e Inovação (LabFE / VDEPI),
Lucyenne Barbosa, da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico (CDT), e
Rafael Seiceira, do Laboratório de Estudos no Estado Sólido (LEES /
CDT), o grupo participou do programa que ofereceu suporte na construção
de estratégias adequadas para a inserção de uma nova solução no
mercado, seja um produto, serviço ou sistema, e para o desenvolvimento
de habilidades empreendedoras da equipe.
Painel sobre o empreendedorismo e a inovação na Fiocruz tiveram
representantes da presidência da Fiocruz, do Departamento de Ciência e
Tecnologia, do Ministério da Saúde, e da Associação Brasileira de
Saúde Coletiva. / Foto: Viviane Oliveira
A diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit / SCTIE /
MS), Camile Sachetti, também esteve no evento e participou do painel
sobre o ecossistema do empreendedorismo e inovação na saúde pública,
junto ao Marco Krieger, Rodrigo Correa e ao vice-presidente da Abrasco,
Reinaldo Guimarães. Foram selecionadas 40 startups para entrevista e apenas20,
escolhidas para iniciar a capacitação, que aconteceu ao longo de
setembro e outubro. Outras seleções foram ocorrendo e a 3Ddoose
permaneceu entre as oito melhores, sendo selecionada para apresentação
oral no Demoday que ocorreu no dia 12 de novembro, e encerrou a primeira
rodada do programa, na Tenda da Ciência Virginia Schall. Neste
importante evento uma banca multidisciplinar avaliou os 8 projetos
apresentados e os três primeiros lugares foram premiados de forma
simbólica, a 3Ddoose tirou o terceiro lugar demonstrando assim a
relevância do projeto. Alguns membros da presidência da Fiocruz fizeram a abertura do
encontro, como o vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas,
Rodrigo Correa, vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento
Institucional, Mario Moreira, e o vice-presidente de Produção e Inovação
em Saúde, Marco Krieger.
“A inovação é a grande
mola da sociedade e estamos conseguindo adaptar esse programa a uma
instituição como a Fiocruz, que gera conhecimento, é fábrica e se
relaciona com o SUS. Essa é uma inovação que fica para a história. Temos
que pensar em ser a geração do conhecimento, mas também a das novas
ideias e produtos. Estamos com uma releitura estratégica e muito
importante, em cima do acompanhamento das patentes. Cuidar e pensar em
acelerar as patentes e os produtos”, frisou Marco Krieger.
Uma banca avaliadora, formada por profissionais da Fiocruz, inclusive
a Vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação de Farmanguinhos, Dra.
Núbia Boechat, pontuou as equipes, de acordo com cinco critérios de
avaliação: problema relevante, diferencial competitivo, lógica do modelo
de negócios, próximos passos e se existe multidisciplinariedade técnica
e de negócios para verificar se a equipe irá realmente produzir. Além
disso, profissionais do ministério da saúde e de outros órgãos também
participaram da banca, assim como o público presente que pode avaliar
através de um site on-line, com notas de um a cinco para cada equipe que
se apresentou. Com contagem de pontos acirrada, a OncoID foi a vencedora, que é uma startup que presta serviço de
diagnóstico para o câncer de próstata, formada por pesquisadores do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC). O segundo lugar ficou com a OmniLAMP, que cria soluções rápidas para a detecção de
dengue, zika e Chikungunya e é constituída por profissionais do Instituto René
Rachou (IRR/Fiocruz Minas) e do Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz
Pernambuco). Empatados em terceiro lugar, ficaram a PreSAgE, de Bio-Manguinhos que identifica com precisão
diagnósticos de tumores e doenças, e a 3Ddoose.
3Ddoose com profissionais do Núcleo de Inovação Tecnológica de
Farmanguinhos e com a Vice-diretora de Educação, Pesquisa e Inovação,
Núbia Boechat, que foram grandes incentivadores e prestigiaram o
evento. / Foto: Viviane Oliveira
A iniciativa conquistou o terceiro lugar e ao término do evento,
participou da feira com as principais iniciativas do programa / Foto:
Viviane Oliveira
Trajetória da 3Ddoose – Sempre em busca do
ineditismo e de novas ferramentas para a pesquisa e o desenvolvimento de
medicamentos, a equipe acompanhou o mercado e as publicações e
verificou a impressão 3D como uma ideia inovadora importante. Inclusive
na área de medicamentos é o primeiro projeto dentro da Fiocruz e também
contemplado no edital Ideias Inovadoras do programa Inova Fiocruz. Estudos comprovam que a impressão 3D em comprimidos facilita a
deglutição dos medicamentos, pois possibilita que as doses sejam
dispostas em camadas porosas e facilmente dissolvidas, quando em
contato, por exemplo, com a saliva. Além disso, a técnica permite que
altas quantidades do princípio ativo sejam veiculadas, beneficiando
maiores doses, associação de diferentes fármacos, reduzindo a quantidade
de comprimidos por dia, permite também a melhora do sabor do
medicamento garantido a aceitação pelas crianças, aumentando a chance de
eficácia terapêutica.
“A impressão 3D é uma forma muito
interessante para produzir um medicamento para a criança. Hoje muitos
tratamentos são adaptados da forma adulta, havendo a necessidade de
corte de comprimidos, misturas em alimentos da preferência da criança, o
que dificulta a terapêutica.”, explicou Alessandra.
O grupo do Laboratório de Farmacotécnica Experimental levou a
impressora 3D e explicações para os visitantes da Semana Nacional de
Ciência e Tecnologia, que aconteceu no mês de outubro, na Fiocruz. /
Foto: Viviane Oliveira A Fiocruz já adquiriu impressoras 3D, sendo uma delas protótipo e que
só aceita trabalhar com material de plástico, como a de Farmanguinhos,
até uma mais complexa, que foi para Minas Gerais, onde um grupo do
Instituto René Rachou que também compõe a plataforma de impressão 3D
para diversos outros tipos de impressões. Parcerias internacionais já
estão sendo iniciadas em Londres com a Universitity College London e com
a empresa FabRx, que atua no ramo de medicamentos em impressora 3D, e
na França, com a plataforma Gala®.
“Hoje não dá para ficar só na
pesquisa básica e sim, focar em algo mais aplicado, para gerar produto.
E, para conseguirmos isso, temos que entrar no meio empresarial. E o
Inova Labs traz esse lado de empreendedorismo. Como uma spin-off,
uma empresa dentro de um grupo já existente, poderemos atuar como
prestadores de serviço, para indústrias farmacêuticas. A pesquisa tem
que mudar e nós temos que trazer a tecnologia 3D enquanto está
fresquinha fora do país. Vamos nos modernizar e participar desse
trabalho em rede”, ressaltou, Alessandra.
Na área da saúde, a impressora 3D possui diversas
utilidades importantes, como próteses de baixo custo, reparação de crânio,
transplante de órgãos, enxertos de pele, reprodução de cartilagem e ossos,
substituição de tecidos cardíacos, vasos sanguíneos e outros tecidos. Em 2015,
o órgão regulador dos Estados Unidos, Food and Drug
Administration (FDA), aprovou o primeiro medicamento no mundo, que foi
impresso em 3D, que é o Spritam
(levetiracetam), para o tratamento de epilepsia em crianças. “O nosso objetivo é, até 2021, fazer o
primeiro protótipo. Temos que nos preocupar com uma área adequada para
trabalhar com os produtos e adquirir um equipamento melhor, habilitado para
imprimir medicamentos”, concluiu Alessandra.
3Ddoose e PreSAgE conquistaram o terceiro lugar e receberam a
homenagem das mãos do vice-presidente Marco Krieger / Foto: Viviane
Oliveira
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