4.25.2007

RECEITA A NÃO SER SEGUIDA (Medicamento Abortivo)

RECEITA A NÃO SER SEGUIDA (Medicamento Abortivo)
Atendentes de farmácia na Taquara, Jacarepaguá, vendem remédio afirmando ser abortivo. Medicamento fornecido, na verdade, não leva ao aborto, mas pode provocar anomalias no feto. Rio - O perigo da venda ilegal de medicamentos considerados abortivos não se limita às ruas, onde o Cytotec, remédio abortivo proibido no País, pode ser comprado, como O DIA mostrou ontem. Pior: mesmo em farmácias, quem deveria alertar para os riscos acaba fornecendo supostas soluções que ameaçam mulheres que desejam interromper a gravidez. Com uma câmera escondida, equipe de O DIA flagrou um vendedor de uma farmácia em Jacarepaguá recomendando o uso de um remédio supostamente abortivo. O medicamento, segundo a bula, é contra-indicado para grávidas no primeiro trimestre de gestação. O produto não provoca aborto, mas pode causar anormalidades genitais no feto. Não foi essa, no entanto, a informação que a “cliente” recebeu. “Não é tão forte como esse outro (o Cytotec), mas é uma tentativa. Todo dia, toma um comprimido. E para resolver tem que vir a menstruação. Se não vier é porque não resolveu”, disse o vendedor B. Na véspera, outro atendente também havia vendido o remédio. B. forneceu uma caixa de medicamento — um hormônio usado no tratamento de sangramento uterino devido a desequilíbrio hormonal e para reposição hormonal — com tarja vermelha e que, portanto, só poderia ser vendido com prescrição médica. Ao ser perguntado se havia riscos, ele foi enfático. “Não”, disse. “É coisa mais leve (comparando com o Cytotec). Às vezes, em certos casos, resolve”, afirmou. O vendedor admitiu ainda que poderia obter Cytotec. Segundo B., o medicamento, que tem fabricação e venda proibidas no Brasil, seria repassado por uma clínica em Copacabana. O produto, no entanto, não estava disponível na farmácia. “Só daqui a 20 dias talvez deva chegar alguma coisa. Mas ele também não confirmou certo, não. Quanto tempo tem?”, questionou. Ao ouvir da “cliente” que ela procurava o abortivo para uma amiga com quase três meses de gravidez, B. ofereceu o outro remédio e sugeriu ainda que ela procurasse um médico em Madureira para “solucionar o problema de vez”. “É de confiança. Resolve na hora. Liga para cá às 18h que meu irmão tem o endereço. Antigamente, ficava aqui o cartão. Não sei onde ele colocou”, afirmou. Alternativas arriscadas como essa deixam traumas. Há 12 anos, Cláudia, 27, fez um aborto: “Engravidei no início da minha vida sexual. Minha mãe me levou num homem que acho que era médico. Ele atendia na Rocinha, num lugar que oficialmente era consultório dentário. Não gosto de lembrar. Acho que ninguém deve passar por isso”. No Brasil, o aborto é permitido apenas quando a gestação é resultado de estupro ou causa risco de vida. Em casos de anencefalia, (feto sem cérebro), depende de autorização judicial. MAIOR DRAMA ENVOLVE ADOLESCENTES - Um quarto das adolescentes que tiveram filhos em hospitais públicos e privados do Rio, em 2001, tinha tentado abortar a criança, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Durante o levantamento, foram entrevistadas 10 mil mulheres com idade entre 12 e 50 anos, nas primeiras 48 horas após o parto. A pesquisa mostrou ainda que, entre as mulheres que tiveram seus filhos nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) ou conveniados, 7% das entrevistadas admitiram ter tentado abortar a criança que havia nascido. Já entre as mães que tiveram seus bebês na rede privada, o índice verificado caiu para 1%. “Os números são muito altos e é preciso ressaltar que eles se referem a tentativas frustradas de aborto. Ou seja, o número de quem faz aborto é maior do que 7% entre as atendidas na rede pública e maior do que 1% na rede privada”, diz a médica e pesquisadora Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Para ela, a diferença entre os índices nas redes pública e privada se deve não ao menor número de abortos, mas ao insucesso. Ela acredita que, na rede privada, quem não quis ter o filho tentou o aborto e conseguiu porque pôde pagar por melhores condições. “Já aquelas que freqüentam o SUS têm menos recursos e, apesar de tentar abortar, nem sempre conseguem. Para quem tem condição de pagar, o aborto é proibido, mas as casas de aborto existem. Já aquelas de classe social mais baixa, ficam à mercê de compra de Cytotec no mercado negro, usam objetos para provocar o aborto ou se arriscam em aborteiras. Quando a mulher é pobre, a situação é mais dramática, e a sociedade brasileira tem que olhar para isso”, diz Maria. Foi o que ocorreu com Ana (nome fictício), 29 anos. “Fui numa ‘curiosa’ (aborteira) e paguei dois salários mínimos. Ela nem usou anestesia. Várias pessoas que conheço também abortaram com ela. Tive hemorragia a noite toda”, lembra Ana, com lágrimas nos olhos. A pesquisadora defende educação sexual para as adolescentes e o direito de a mulher optar pelo aborto. “O aborto é o último recurso, mas quando a mulher precisar, acho que deve caber a ela decidir. E que esse direito, de fazer aborto com segurança, seja para todas as classes sociais”. - Pâmela Oliveira - Fonte: O DIA 16/04 - Atendentes de farmácia na Taquara, Jacarepaguá, vendem remédio afirmando ser abortivo. Medicamento fornecido, na verdade, não leva ao aborto, mas pode provocar anomalias no feto. Rio - O perigo da venda ilegal de medicamentos considerados abortivos não se limita às ruas, onde o Cytotec, remédio abortivo proibido no País, pode ser comprado, como O DIA mostrou ontem. Pior: mesmo em farmácias, quem deveria alertar para os riscos acaba fornecendo supostas soluções que ameaçam mulheres que desejam interromper a gravidez. Com uma câmera escondida, equipe de O DIA flagrou um vendedor de uma farmácia em Jacarepaguá recomendando o uso de um remédio supostamente abortivo. O medicamento, segundo a bula, é contra-indicado para grávidas no primeiro trimestre de gestação. O produto não provoca aborto, mas pode causar anormalidades genitais no feto. Não foi essa, no entanto, a informação que a “cliente” recebeu. “Não é tão forte como esse outro (o Cytotec), mas é uma tentativa. Todo dia, toma um comprimido. E para resolver tem que vir a menstruação. Se não vier é porque não resolveu”, disse o vendedor B. Na véspera, outro atendente também havia vendido o remédio. B. forneceu uma caixa de medicamento — um hormônio usado no tratamento de sangramento uterino devido a desequilíbrio hormonal e para reposição hormonal — com tarja vermelha e que, portanto, só poderia ser vendido com prescrição médica. Ao ser perguntado se havia riscos, ele foi enfático. “Não”, disse. “É coisa mais leve (comparando com o Cytotec). Às vezes, em certos casos, resolve”, afirmou. O vendedor admitiu ainda que poderia obter Cytotec. Segundo B., o medicamento, que tem fabricação e venda proibidas no Brasil, seria repassado por uma clínica em Copacabana. O produto, no entanto, não estava disponível na farmácia. “Só daqui a 20 dias talvez deva chegar alguma coisa. Mas ele também não confirmou certo, não. Quanto tempo tem?”, questionou. Ao ouvir da “cliente” que ela procurava o abortivo para uma amiga com quase três meses de gravidez, B. ofereceu o outro remédio e sugeriu ainda que ela procurasse um médico em Madureira para “solucionar o problema de vez”. “É de confiança. Resolve na hora. Liga para cá às 18h que meu irmão tem o endereço. Antigamente, ficava aqui o cartão. Não sei onde ele colocou”, afirmou. Alternativas arriscadas como essa deixam traumas. Há 12 anos, Cláudia, 27, fez um aborto: “Engravidei no início da minha vida sexual. Minha mãe me levou num homem que acho que era médico. Ele atendia na Rocinha, num lugar que oficialmente era consultório dentário. Não gosto de lembrar. Acho que ninguém deve passar por isso”. No Brasil, o aborto é permitido apenas quando a gestação é resultado de estupro ou causa risco de vida. Em casos de anencefalia, (feto sem cérebro), depende de autorização judicial. MAIOR DRAMA ENVOLVE ADOLESCENTES - Um quarto das adolescentes que tiveram filhos em hospitais públicos e privados do Rio, em 2001, tinha tentado abortar a criança, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Durante o levantamento, foram entrevistadas 10 mil mulheres com idade entre 12 e 50 anos, nas primeiras 48 horas após o parto. A pesquisa mostrou ainda que, entre as mulheres que tiveram seus filhos nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) ou conveniados, 7% das entrevistadas admitiram ter tentado abortar a criança que havia nascido. Já entre as mães que tiveram seus bebês na rede privada, o índice verificado caiu para 1%. “Os números são muito altos e é preciso ressaltar que eles se referem a tentativas frustradas de aborto. Ou seja, o número de quem faz aborto é maior do que 7% entre as atendidas na rede pública e maior do que 1% na rede privada”, diz a médica e pesquisadora Maria do Carmo Leal, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Para ela, a diferença entre os índices nas redes pública e privada se deve não ao menor número de abortos, mas ao insucesso. Ela acredita que, na rede privada, quem não quis ter o filho tentou o aborto e conseguiu porque pôde pagar por melhores condições. “Já aquelas que freqüentam o SUS têm menos recursos e, apesar de tentar abortar, nem sempre conseguem. Para quem tem condição de pagar, o aborto é proibido, mas as casas de aborto existem. Já aquelas de classe social mais baixa, ficam à mercê de compra de Cytotec no mercado negro, usam objetos para provocar o aborto ou se arriscam em aborteiras. Quando a mulher é pobre, a situação é mais dramática, e a sociedade brasileira tem que olhar para isso”, diz Maria. Foi o que ocorreu com Ana (nome fictício), 29 anos. “Fui numa ‘curiosa’ (aborteira) e paguei dois salários mínimos. Ela nem usou anestesia. Várias pessoas que conheço também abortaram com ela. Tive hemorragia a noite toda”, lembra Ana, com lágrimas nos olhos. A pesquisadora defende educação sexual para as adolescentes e o direito de a mulher optar pelo aborto. “O aborto é o último recurso, mas quando a mulher precisar, acho que deve caber a ela decidir. E que esse direito, de fazer aborto com segurança, seja para todas as classes sociais”. - Pâmela Oliveira - Fonte: O DIA

4 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Infelizmente o nosso pais está cheio de pessoas inescrupulosas que comercializam com doenças e com o sofrimento de pessoas.
E o que é pior nesta história é que não há por por parte das autoridades sanitárias nenhum tipo de coibição a está prática, pois eles agem livremente mandando emails pela internet, como se tivessem fazendo um bem à sociedade.
É simplesmente lamentável este tipo de situação.

Anônimo disse...

Tenho 3 filhos( parto cesárea ) e tenho 37 anos, meu marido não quer fazer a vasectomia , tomo pílulas contraceptivas desde os meus 18 anos, dou pausa por orientação médica, meu marido não gosta de usar preservativo, ou seja, eu tenho que me policiar cada vez que dou a pausa nas pílulas( para não entrar em colapso pois são pílulas)este mês é para eu menstruar até o dia 12 no máximo, vocês acham que eu já não estou preocupada? não quero engravidar, meu direito de escolha tem que prevalecer!

Mariana disse...

O que você esta recebendo em seu útero não é um aglomerado de células ,uma coisa, ou ainda um pedaço de menstruação ... mas um corpo com uma Alma, um ser que tem consciência, uma pessoa que vai sofrer no aborto tanto quanto você mesma sofreria.