Como preservar a juventude (e, principalmente, a saúde) do organismo por muito mais tempo com as dicas o médico americano Michael Roizen, uma reconhecida sumidade no assunto.
A folhinha do calendário ou a ndata de nascimento carimbada na certidão defi nitivamente não são os melhores indicadores do vigor e muito menos do envelhecimento do nosso corpo. É o que defende o professor de anestesiologia e medicina interna Michael Roizen. Por meio de uma análise estatística e científi ca do impacto dos bons e dos maus hábitos sobre a expectativa de vida, o médico americano desenvolveu o conceito de RealAge, idade verdadeira em português. De acordo com a definição de Roizen, trata-se da idade biológica do organismo, aquela que se contrapõe à cronológica. Dessa forma, dependendo da maneira como o indivíduo cuida da sua saúde, a contabilidade dos anos pode ser menor ou até maior do que a ditada pela identidade. Em outras palavras, o que vai ou deixa de ir à mesa, por exemplo, além de atos prosaicos como o uso do fio dental, podem dizer se a gente está mais velho. Ou mais moço.
Roizen, 61 anos de idade cronológica e 42,1 de idade verdadeira, se tornou um habitué da lista dos livros mais vendidos do jornal americano The New York Times com títulos como Idade Verdadeira e Dieta da Idade Verdadeira, ambos lançados no Brasil pela Campus/Elsevier. Em suas obras, o leitor é convidado a fazer um extenso teste que avalia todos mos seus hábitos. No final, com o resultado nas mãos, descobre quantos anos realmente tem. Fica sabendo também que atitudes envelhecem pra caramba. E, por outro lado, como bons hábitos por exemplo, devorar um prato de salada todo dia o ajudam a remoçar. Na entrevista a seguir o especialista revela à SAÚDE! que, com a evolução dos estudos sobre o envelhecimento, chegaremos aos 150 anos com o vigor de uma pessoa de 45. Mas, quem diria, confessa que nem sempre segue os próprios conselhos:
Não é possível interromper o processo de envelhecimento do organismo. Mas há como torná-lo mais lento?
Roizen - Sem dúvida. Existem 141 fatores controláveis e que afetam nosso ritmo de envelhecimento. Eles foram demonstrados em pelos menos quatro megaestudos com seres humanos. Hoje já sabemos que é possível até controlar nossos genes, que se encarregam de produzir proteínas ou de se vigiar mutuamente. Caminhar 30 minutos por dia, por exemplo, ativa um gene que fabrica uma proteína capaz de diminuir o crescimento de tumores de mama. Assim, a mensagem básica é que, por meio dos hábitos, dá para ligar ou desligar determinados genes. Tudo isso, claro, depende da vontade do indivíduo.
Como os hábitos saudáveis ajudam a prevenir os efeitos colaterais do envelhecimento?
Roizen - Ataque cardíaco, derrame, perda de memória, impotência sexual e até mesmo o enrugamento da pele podem ser provocados pelo envelhecimento das artérias. No entanto, várias pesquisas mostram que isso tudo pode ser prevenido ou quase revertido por meio de dieta equilibrada, atividade física, controle do estresse, da pressão arterial e do abandono de vícios como o cigarro. Existem também maneiras simples de manter nosso sistema imune jovem. Uma delas é ter um aporte adequado de vitamina D, um nutriente que mantém funcionando a toda um gene responsável por corrigir erros na duplicação do DNA, o que evita o surgimento de tumores. Já males como a artrite e o enfraquecimento ósseo podem ser retardados ou zerados com a musculação e o consumo de gorduras saudáveis, como o ômega-3, que diminuem a inflamação nas juntas.
Houve uma evolução em como a ciência entende o processo de envelhecimento do corpo humano?
Roizen - Claro. Houve um tempo em que focamos prevenir rugas ou doenças cardíacas e até modificar a função dos genes. Agora a pesquisa científica busca reduzir a debilidade do organismo como um todo para que possamos chegar aos 150 anos como vivemos hoje aos 45.
O senhor segue os conselhos que dá nos seus livros?
Roizen - Sou um médico, então algumas vezes não consigo dormir o suficiente. Também comando uma divisão com 740 pessoas. Assim, às vezes acabo me estressando além da conta. E, confesso, nem sempre como direito. Mas, se seguirem o que proponho, os homens podem ficar até 27 anos mais jovens e as mulheres até 29 quando chegarem aos 75.
CORAÇÃO BLINDADO
No seu último livro lançado no Brasil, Você: Manual do Proprietário (Editora Campus/Elsevier), Michael Roizen recomenda a prática de atividades físicas como a caminhada e o ciclismo para blindar o peito. "Andar meia hora cinco vezes por semana estimula o surgimento de vasos entre as artérias coronárias", concorda o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, de São Paulo. "Dessa forma, na eventualidade de uma obstrução, esses novos canais suprem as áreas em sofrimento com sangue." De acordo com os cálculos de Roizen, incluir esse hábito no dia-adia faz um homem rejuvenescer cerca de oito anos e uma mulher, 9,1.
TEM QUE TER FIBRA
Essa substância encontrada em frutas, verduras e grãos integrais não pode faltar no prato de quem quer se ver livre de encrencas como diverticulite, hemorróidas e até câncer. "As fibras diminuem o contato de compostos carcinogênicos com o intestino grosso", conta o gastrenterologista Thomas Szegö, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Além disso, deixam o estômago cheio, promovendo uma sensação de saciedade e diminuindo as chances de você comer demais. O consumo diário de 25 gramas de fibras (1 xícara de mingau de aveia fornece cerca de 4 gramas, para ter idéia) pode deixá-lo até três anos mais moço.
Parede interna do estômago
FAÇA SEXO
Além da higiene adequada e de medidas preventivas, como o uso de preservativos, uma receita para manter a saúde dos órgãos sexuais é fazer sexo. "Quanto mais atividade sexual, maiores as possibilidades de melhorar o estado desses órgãos, sem falar na disposição para as relações", diz Celso Marzano, diretor do Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática. Ter 116 relações sexuais por ano pode ter um efeito rejuvenescedor de 1,6 ano. Isto é, se o sexo for bom, contam-se oito anos a menos.
PELO BEM DOS PULMÕES
A pneumologista Iara Fiks, do Hospital São Luiz, em São Paulo, é categórica: "Não fumar é a coisa mais importante para prevenir problemas nesse órgão". O tabaco tem culpa no cartório em grande parte dos males que aparecem na maturidade. Um deles é o enfisema, quando os alvéolos, cavidades onde ocorrem as trocas gasosas entre o sangue e o ar inspirado, ficam que nem balão inflado. A opinião de Roizen não difere muito da de sua colega brasileira. De acordo com ele, basta inalar a fumaça do cigarro para você envelhecer oito anos. A boa notícia é que, em apenas dois meses sem o fumo, o ex-tabagista já se torna um ano mais jovem. E, depois de cinco anos de apagado o vício, ele consegue reaver de sete a oito anos consumidos pelos maços.
DR. ROIZEN CONTRA A BARRIGA DE CHOPE
Ele voltou à lista de best-sellers do New York Times com o livro You on a Diet, algo como Você de Dieta, em português, que deve ser lançado agora em março aqui no Brasil pela Campus/Elsevier. Em co-autoria com o também médico Mehmet C. Oz, Roizen propõe um plano de dieta e atividade física para diminuir a circunferência da cintura, considerada hoje um dos principais fatores de risco de mortalidade relacionados ao excesso de peso. Tudo em meio a explicações sobre a biologia da gordura e a influência de hormônios e emoções no acúmulo de quilos.
FREIO NO DIABETE
À direita, um dos lobos
da glândula tireóide com inchaço"O funcionamento das glândulas é um reflexo do nosso estilo de vida", acredita o endocrinologista Daniel Lerario, também do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Estresse em demasia pode desencadear inflamações na tireóide, por exemplo. E quem come errado, abusando do açúcar e afi ns, acaba por engordar. Daí, esse peso extra faz com que o pâncreas eleve a produção de insulina, o hormônio que bota a glicose para dentro das células. No fi nal das contas, essa história pode terminar em diabete tipo 2. Eliminar os quilos a mais ajuda a evitar tamanho problema. Além disso, segundo Roizen, ao dar cabo de apenas 10% do peso extra acumulado a partir dos 18 anos, o indivíduo remoça cinco.
OSSOS FORTES
Ninguém discute que a atividade física na dose certa é uma medida profilática contra uma série de males. O levantamento de pesos, por exemplo, afasta o fantasma da osteoporose, quando os ossos ficam esburacados feito chocolate aerado e se quebram à toa. "Esse tipo de exercício provoca a transmissão de um estímulo elétrico que favorece a formação de massa óssea", explica o reumatologista Sebastião Radominski, da Universidade Federal do Paraná. Três sessões de 30 minutos cada por semana diminuem sua idade em dois anos, segundo Roizen.
MENTE AFIADA
À esquerda, um cérebro acometido pelo mal de Alzheimer. Ele parece encolhido perto da massa cinzenta normal (à direita) devido à degeneração e morte de suas célulasPonha seu cérebro para malhar. Mantê-lo ativo, tanto do ponto de vista emocional quanto mental, é um excelente remédio para evitar que a expressão "deu branco" se torne uma constante. A leitura, de acordo com o neurologista Iván Izquierdo, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, é a melhor atividade para driblar o esquecimento. "Isso porque ela põe em prática todos os tipos de memória: verbal, visual e auditiva." Quem procura estimular o funcionamento de seus neurônios, seja pela leitura de um romance, seja pelo aprendizado de uma nova língua, subtrai 1,3 ano.
PELE VIÇOSA
Sol, meu bem, meu mal. Por um lado, expor-se aos seus raios entre 10h e 16h sem um filtro ou protetor é um péssimo negócio. "A luz solar estimula a ação de uma enzima conhecida como colagenose", revela a dermatologista Adriana Awada, de São Paulo. Ela destrói as fibras de colágeno, as responsáveis por dar sustentação à pele. Daí, com o tempo, surgem as rugas e a flacidez. Sem falar, é claro, no risco de câncer de pele. Por outro lado, 15 minutos diários de sol auxiliam na síntese de vitamina D, substância que ajuda na fixação do cálcio no osso. A recomendação de Michael Roizen é se precaver contra o excesso e tomar a quantidade ideal de sol. A combinação desses dois fatores diminui a idade em 1,7 ano.
Qual é a sua idade biológica?
Faça o teste e descubra.
Parede interna do estômagoÀ direita, um dos lobos
da glândula tireóide com inchaçoÀ esquerda, um cérebro acometido pelo mal de Alzheimer. Ele parece encolhido perto da massa cinzenta normal (à direita) devido à degeneração e morte de suas células A folhinha do calendário ou a ndata de nascimento carimbada na certidão defi nitivamente não são os melhores indicadores do vigor e muito menos do envelhecimento do nosso corpo. É o que defende o professor de anestesiologia e medicina interna Michael Roizen. Por meio de uma análise estatística e científi ca do impacto dos bons e dos maus hábitos sobre a expectativa de vida, o médico americano desenvolveu o conceito de RealAge, idade verdadeira em português. De acordo com a definição de Roizen, trata-se da idade biológica do organismo, aquela que se contrapõe à cronológica. Dessa forma, dependendo da maneira como o indivíduo cuida da sua saúde, a contabilidade dos anos pode ser menor ou até maior do que a ditada pela identidade. Em outras palavras, o que vai ou deixa de ir à mesa, por exemplo, além de atos prosaicos como o uso do fio dental, podem dizer se a gente está mais velho. Ou mais moço.
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