Célula-tronco gera tecido que bate como um coração
Técnica recuperou danos cardíacos em camundongos no laboratório.
Tecido cardíaco 'faz tudo' gera todos os tipos de células do coração.
Uma boa notícia para quem aguarda a revolução das células-tronco na medicina: cientistas canadenses conseguiram criar uma espécie de “célula cardíaca faz tudo” a partir de células-tronco embrionárias. A nova estrutura é capaz de se transformar em qualquer uma das células que compõem um coração funcional e até bate como um.
A experiência até agora só foi feita em camundongos e é muito cedo para afirmar se a técnica será capaz de tratar seres humanos. Mas um passo importante foi dado: a célula obtida em laboratório conseguiu recuperar danos no coração das cobaias.
As células-tronco embrionárias guardam promessas por teoricamente serem capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo humano. Obter um coração, no entanto, era algo considerado difícil, porque ele é feito de três tecidos diferentes: músculos que bombeiam o sangue, que formam os vasos e células que cobrem os vasos coronarianos.
Para conseguir o feito foi alterada a “receita” usada para fazer um dos tecidos, acrescentando algumas proteínas. A pequena mudança acabou gerando os três tipos. As células batem como pequenos corações nas placas de Petri.
O próximo passo da pesquisa será tentar fazer a mesma coisa com as chamadas células “induzidas” -– células da pele que são reprogramadas para se comportarem como células-tronco embrionárias.
Tumores possuem células que garantem seu ressurgimento e invasão de outros tecidos.
Atacá-las com precisão seria maneira de eliminar a doença em definitivo.
A chave para evitar que o câncer volte a atacar pessoas aparentemente curadas e se espalhe por todo o organismo pode estar num tipo assustador e ainda pouco conhecido de células-tronco, afirmam cientistas. Essas entidades, que aparentemente funcionam de forma muito semelhante às células-tronco "normais" que montam ou reparam órgãos, seriam responsáveis pela sobrevivência dos tumores diante de tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia.
Trata-se de um novo conceito, que está sendo abordado cada vez mais em publicações científicas no mundo todo, e o grande interesse por trás disso é encontrar novos alvos para medicamentos contra o câncer.
As primeiras pistas de que existiam células-tronco cancerígenas vieram do estudo de doenças como a leucemia, que é uma espécie de câncer do sangue -- nessa doença, surge uma enorme quantidade de células sangüíneas aberrantes. Mais tarde, porém, começaram a aparecer indícios parecidos em tumores sólidos, como os de mama. O consenso que está emergindo é que quase todo tumor abriga análogos dessas células, em proporções -- subpopulações celulares -- muito pequenas.
Por que elas são chamadas de células-tronco? Para começar, a analogia é funcional. As células-tronco são caracterizadas por duas capacidades principais: conseguem renovar a si mesmas, produzindo novas células-tronco; e também podem dar origem a outros tipos de célula ou tecido, através da chamada diferenciação, ou especialização celular. Ambas as características estão presentes nas células-tronco tumorais.
Semelhanças entre os genes ativos no DNA das células-tronco tumorais e no DNA das células-tronco hematopoiéticas as que dão origem aos vários tipos de células do sangue.
Aparentemente, a diferença é que as células-tronco tumorais são um exemplo descontrolado das mesmas propriedades das células-tronco de tecidos normais, que "sabem quando parar", multiplicando-se e diferenciando-se apenas na medida demandada pelo organismo saudável.
Quanto a origem dessas células-tronco malignas, ainda não se sabe. Pode ser que, no começo, elas sejam apenas células do tecido que desenvolveu o câncer as quais, por algum motivo, sofreram uma "desdiferenciação" -- ou seja, voltaram ao estado menos especializado que é típico das células-tronco. Por outro lado, também poderiam ser células-tronco o tempo todo -- até sofrerem mutações que lhes dariam propriedades cancerosas.
As células-tronco cancerígenas representam talvez o principal desafio às tentativas de curar a doença, porque é muito difícil extirpá-las. "A recidiva [o retorno do tumor após sua retirada inicial] é freqüente porque seria preciso matar todas as células-tronco tumorais. Mas basta que uma centena delas sobreviva para gerar um novo tumor. Se tratamentos como cirurgia, radioterapia e quimioterapia eliminarem todas as células cancerosas normais, mas deixarem para trás as células-tronco, o problema pode recomeçar.
"E as células-tronco cancerígenas têm características que as ajudam a resistir ao tratamento. Elas possuem mais canais de íons, estruturas que lhes permitem bombear para fora da célula os medicamentos. E conseguem reparar seu DNA com mais facilidade. Já que a radioterapia mata as células do tumor causando danos ao seu DNA, isso dá mais uma vantagem às células-tronco", elas parecem ter facilidade para circular de um tecido para o outro, causando a chamada metástase, o espalhamento do câncer para regiões do corpo diferentes do local onde ele se originou.
O que os cientistas estão fazendo nesse momento é estudar em detalhes os traços definidores desse tipo de célula-tronco. "É difícil, porque elas são pouco numerosas e complicadas de obter". Por enquanto, não há testes em humanos de drogas visando especificamente as células-tronco tumorais, mas achar uma maneira de destruí-las pode significar maiores chances de cura do câncer, com riscos muito mais baixos de recidiva ou metástase.
Fonte:Globo.com
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