9.23.2008

SOROPOSITIVOS (HIV) AINDA TEMEM O ESTIGMA DA DOENÇA E OS EFEITOS COLATERAIS DO TRATAMENTO

SOROPOSITIVOS (HIV) AINDA TEMEM O ESTIGMA DA DOENÇA E OS EFEITOS COLATERAIS DO TRATAMENTO
Resultados de uma pesquisa mundial realizada com cerca de 3 mil pessoas soropositivas em 18 países (inclusive o Brasil) mostram que o maior medo dos pacientes é com o preconceito e exclusão social, particularmente no que se refere à divulgação de seu status de HIV positivos. Efeitos colaterais permanecem como grande barreira ao tratamento. Cerca de 34% dos entrevistados haviam largado a terapia por temer os efeitos colaterais e 26% nem chegaram a iniciar o tratamento pelo mesmo motivo.

A pesquisa, chamada ATLIS (AIDS Treatment for Life International Surveou Pesquisa sobre Tratamento para a AIDS em Âmbito Internacional),foi conduzido pela IAPAC (International Association of Physicians in AIDS Care -Associação Internacional de Médicos no Atendimento à AIDS). Foram entrevistados adultos HIV positivos de cinco regiões: América do Norte, América Latina, Europa, Ásia e África. “O que este estudo mostra é que algumas pessoas estão rejeitando tratamentos que salvam vidas, pois temem os efeitos colaterais”, afirmou José M. Zuniga, Ph.D., Presidente/CEO da IAPAC. Ainda de acordo com o médico, outros pacientes já submetidos a tratamento se resignaram desnecessariamente a viver com os efeitos colaterais e pouca tolerabilidade em uma época em que estão disponíveis opções menos tóxicas de tratamento. “Os pacientes agora podem e devem esperar mais da terapia anti-HIV”, defendeu.

Embora os resultados do estudo mostrem que as pessoas que vivem com HIV e AIDS acreditam que a potência e eficácia geral das terapias anti-retrovirais comprovadamente ajudam os pacientes a viver mais, sua preocupação se concentra em uma série de efeitos colaterais de curto e longo prazo. Mais da metade de todos os entrevistados se preocupavam por seus medicamentos poderem causar um ou mais dos seguintes efeitos: mudanças no formato da face ou corpo (58%), problemas gastrintestinais (54%), fadiga ou anemia (54%) e doenças hepáticas (54%).

Em relação ao estigma, mais da metade dos entrevistados (54%) estão “muito” ou “um tanto” preocupados com o fato de outras pessoas conhecerem seu status de HIV positivos, com 83% alegando que isto se deve predominantemente à preocupação com a discriminação social. Estas pessoas também estão preocupadas com o afastamento de membros da família e amigos (41%), o impacto sobre sua capacidade de estabelecer futuros relacionamentos (37%), o risco de perder o emprego (36%) e o impacto sobre sua reputação (36%).

A pesquisa também revelou que quase metade dos pacientes pesquisados (48%) tem relacionamento heterossexual, reforçando que o HIV está atingindo populações mais amplas. Um terço do total dos entrevistados alegou ter relacionamento monogâmico. Os entrevistados africanos tenderam mais a ter relacionamento monogâmico. Por outro lado, os entrevistados da América do Norte (25%) e Europa (21%) tenderam a ter relações sexuais com parceiros casuais. Os entrevistados da América Latina tenderam a não revelar suas atuais práticas sexuais.

O estudo ATLIS, conduzido pela IAPAC, trabalhou com a Ipsos Insight Health, uma agência independente de pesquisa de mercado, e contou com verba educacional outorgada pela norte-americana Merck & Co., que opera no Brasil como Merck Sharp & Dohme. A pesquisa foi realizada de março a maio de 2008 por meio de uma combinação de métodos de recrutamento pela internet, telefone e entrevistas pessoais. Num total foram entrevistados 2.968 adultos HIV positivos, sendo 2.049 do sexo masculino e 919 do sexo feminino.

Com base nos resultados da pesquisa, a IAPAC emite chamada urgente para aumentar conhecimento sobre HIV em nível global. A finalidade é promover educação e discussão para garantir que os pacientes sejam mais bem informados sobre seus tratamentos e possam ajudar na tomada de decisões sobre a terapia; promover diálogo sobre a qualidade de vida, no que se referem à potência, efeitos colaterais, tolerabilidade e adesão aos medicamentos. Outra prioridade é promover programas de prevenção à Aids que sejam culturalmente sensíveis.

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