obsessiva compulsiva

O QUE É O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC),  é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos incontroláveis​​ indesejáveis ​​e repetitivos, assim como comportamentos ritualizados que se sente compelido a executar. Se você tem TOC, provavelmente reconhece que os seus pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos são irracionais, mas, mesmo assim, você sente-se incapaz de lhes resistir e consequentemente de se libertar deles.
Tal qual um trem que segue sempre pelos carris, no  transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)  o cérebro faz disparar uma rede neuronal muito vincada que por sua vez cria pensamentos fóbicos ou de urgência. Por exemplo, você pode verificar o fogão vinte vezes para certificar-se de que está realmente desligado, pode lavar as mãos várias vezes na ida ao banheiro, ou dar várias voltas ao quarteirão para se certificar que o barulho que ouviu durante a sua condução não tenha sido alguém que possa ter atropelado.
Exemplo do António: António é um verificador, cuja obsessão é “verificar” comportamentos que gradualmente vão ocupando cada vez mais o seu tempo. Ele passa pelo menos uma hora todas as manhãs, a fazer verificação e reverificação se as janelas estão trancadas, o alarme de segurança está definido, e a porta da frente está trancada. No trabalho, António verifica os cálculos financeiros dos seus clientes uma e outra vez, com medo de que possa ter errado ou cometido um erro matemático. Consequentemente, a sua produtividade baixou. Ultimamente, António também começou a preocupar-se com a segurança da sua esposa, chamando-a a cada três horas para ver se ela está bem. Ele tem medo que caso se esqueça de uma chamada, algo ruim possa acontecer com ela. * António é um nome fictício.

COMPREENDENDO AS OBSESSÕES E COMPULSÕES

Obsessões são involuntárias, são pensamentos aparentemente incontroláveis, imagens ou impulsos que ocorrem repetidamente na sua mente. Você não quer ter essas ideias, na verdade, você sabe que elas não fazem nenhum sentido, pelo contrário provocam-lhe incómodo e angústia. Mas você não sabe como detê-los, como eliminá-los, ou simplesmente como fazer para não os seguir. Infelizmente, esses pensamentos obsessivos são geralmente preocupantes e perturbadores. Condicionam a vida, as escolhas, os ritmos, as preferências, moldam a sua pessoa, o seu futuro, o estado de humor, as atitudes e as crenças. São como um turbilhão na sua vida. Chegando sem aviso, arrastando tudo à sua volta.
Compulsões são comportamentos ou rituais que fazem com que você se sinta impulsionado a agir de novo e de novo, de forma recorrente. Geralmente, as compulsões são executadas numa tentativa de fazer eliminar as obsessões. Por exemplo, se você está com medo de contaminação, poderá desenvolver elaborados rituais de limpeza. No entanto, nunca o alívio dura muito tempo. Na verdade, os pensamentos obsessivos costumam voltar mais fortes. E os comportamentos compulsivos muitas vezes acabam causando ansiedade, escalando esses mesmos comportamentos, enraizando num ciclo continuo de reforço do comportamentos e pensamentos não desejados.
A maioria das pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo enquadra-se numa das seguintes categorias:
  • Os higiénicos. Têm medo de contaminação. Estas pessoas geralmente têm compulsões de limpeza ou lavagem das mãos.
  • Os verificadores. Verificam repetidamente as coisas (forno desligado, porta trancada, etc). Estas pessoas associam os comportamentos ao dano ou perda.
  • Os céticos e os pecadores. Estas pessoas têm medo de que se tudo não é perfeito ou feito, algo terrível acontecerá ou que serão punidos.
  • Os contadores e consertadores, são obcecados com a ordem e simetria. Eles podem ter superstições sobre determinados números, cores ou convénios.
  • Os armazenadores. Estas pessoas têm medo de que algo ruim vai acontecer se jogarem alguma coisa fora. Compulsivamente guardam coisas que não precisam nem usam.
Só porque você tem pensamentos obsessivos ou executa alguns comportamentos compulsivos, não significa que  tenha transtorno obsessivo-compulsivo. Muitas pessoas têm obsessões ou compulsões leves, que são estranhas ou irracionais, mas ainda assim são capazes de organizar as suas vidas sem muitas rupturas ou disrupções. Mas, se esses pensamentos e comportamentos causam sofrimento tremendo, ocupam grande parte do tempo, e interferem com a sua rotina diária, trabalho, ou relacionamentos, muito provavelmente pode estar a sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo.

SINAIS E SINTOMAS DO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

A maioria das pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo têm obsessões e compulsões, mas algumas pessoas experimentam apenas um ou o outro. Os sintomas do TOC podem aumentar e diminuir ao longo do tempo. Muitas vezes, os sintomas pioram em momentos de stress.
Alguns pensamentos obsessivos no TOC incluem:
  • Medo de ser contaminado por germes ou sujeira ou outros contaminantes
  • Medo de causar dano a si mesmo ou a outros
  • Pensamentos intrusivos e/ou imagens de sexo explícito ou violento
  • Foco excessivo sobre as ideias religiosas ou morais
  • Medo de perder ou não ter as coisas que você pode precisar
  • Ordem e simetria: a ideia de que tudo deve estar alinhado “de determinada forma”
  • Superstições, excessiva atenção para algo considerado com de sorte ou de azar
Alguns comportamentos compulsivos no TOC incluem:
  • Excesso de controlo das coisas, como fechaduras, eletrodomésticos e interruptores.
  • Repetidamente fazer verificações a entes queridos para se certificar de que eles estão seguros.
  • Contagem, batidas, repetição de certas palavras, ou fazer outras coisas sem sentido para reduzir a ansiedade.
  • Passar muito tempo na lavagem ou limpeza.
  • Encomendas excessivas,  arranjar as coisas, arrumar as coisas excessivamente.
  • Orar excessivamente ou a prática de rituais religiosos provocado pelo medo.
  • Acumulação de “lixo”, tais como jornais velhos, revistas e embalagens vazias de comida, ou outras coisas que você não vê utilidade.

TERAPIA PARA O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Há muitos tratamentos eficazes para o transtorno obsessivo-compulsivo, que vão desde a terapia à auto-ajuda e medicação. No entanto, o tratamento para o TOC suportado pela maioria das pesquisas e atestando a sua eficácia é a terapia cognitivo-comportamental e mais recentemente a terapia cognitivo-comportamental com base na aceitação. A terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo envolve duas componentes:

EXPOSIÇÃO E PREVENÇÃO DA RESPOSTA

Esta técnica envolve exposição repetida à fonte da sua obsessão. O objetivo é abster-se de executar o comportamento compulsivo que você normalmente faz para reduzir a sua ansiedade. Por exemplo, se você lava consecutivamente as mãos, uma forma de exposição pode ser tocar na maçaneta da porta num banheiro público e depois não lavar as mãos.  À medida que a ansiedade diminuir, a vontade de lavar as mãos irá gradualmente começar a ir embora por conta própria. Desta forma, você aprende que não precisa do ritual para se livrar de sua ansiedade. começará a perceber que tem algum controle sobre os seus pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Estudos mostram que a exposição e prevenção de resposta pode realmente “treinar” o cérebro, de forma permanente para a redução da ocorrência de sintomas de transtorno obsessivo-compulsivo. Este tipo de técnica devidamente aplicada e monotorizada pode mesmo extinguir comportamentos compulsivos de forma permanente.

TERAPIA COGNITIVA

A componente de terapia cognitiva para transtorno obsessivo-compulsivo incide sobre os pensamentos catastróficos e exagerados e igualmente sobre o senso de responsabilidade exagerada que você sente. Uma grande parte da terapia cognitiva para o TOC ensina-lhe  formas saudáveis, adequadas e  eficazes de responder a pensamentos obsessivos, sem recorrer a um comportamento compulsivo.
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QUATRO PASSOS PARA CONQUISTAR PENSAMENTOS OBSESSIVOS E COMPORTAMENTOS COMPULSIVOS

Renomear: Reconhecer que os pensamentos obsessivos intrusivos e instáveis são o resultado do TOC e não devido a uma característica da sua personalidade.
Reatribuir: Perceba que a intensidade e a intromissão do pensamento ou desejo causada pelo TOC, é provavelmente relacionada com uma aprendizagem comportamental  desadequada.
Refocar: Contorne os pensamentos do TOC, concentrando sua atenção  noutra coisa, pelo menos por alguns minutos. Fazer outro comportamento.
Reavaliar: O problema do TOC não é uma característica sua, é um problema que pode ter resolução se conseguir reverter os seus pensamentos.

OUTROS TRATAMENTOS PARA O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Além da terapia cognitivo-comportamental (a que eu recomendo e pratico), as seguintes abordagens também são usados ​​para o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo:
Medicação: Os antidepressivos são usados ​​às vezes em conjunto com a terapia psicológica para o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo. No entanto, o uso isolado da medicação raramente é eficaz no alívio dos sintomas do TOC.
Terapia Familiar: Na grande maioria da vezes o TOC causa muitos problemas na vida familiar e ajustamento social. A terapia familiar é frequentemente recomendada. A terapia familiar promove a compreensão da condição e pode ajudar a reduzir os conflitos familiares. Pode também  motivar os membros da família e ensiná-los a ajudar o seu familiar.
Terapia de Grupo: A terapia do grupo é um outro tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo bastante útil. Através da interação com colegas que sofrem de TOC, a terapia de grupo oferece apoio e encorajamento e diminui a sensação de isolamento.

AUTO-TREINO PARA O TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Se você tem transtorno obsessivo-compulsivo, pode ajudar-se de muitas maneiras. Educar-se sobre o transtorno é um primeiro passo vital. Também é importante praticar as técnicas cognitivo-comportamentais que pode aprender se fizer terapia, ou por você mesmo.
Como superar pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos:
Educar-se. Saiba tudo o que puder sobre o TOC. Leia livros sobre o transtorno e converse com o seu terapeuta e médico. Quanto mais você souber, melhor você será capaz de gerir os seus sintomas. Você pode encontrar muitos livros sobre TOC em livrarias locais ou online. Tente perceber igualmente os mecanismos da ansiedade e aprenda a aliviar a ansiedade.
Pratique as habilidades que você aprendeu na terapia. Usando as habilidades que você aprendeu na terapia, trabalhe ativamente para eliminar as suas obsessões e comportamentos compulsivos. Este é um desafio que exige compromisso e prática diária.
Procure o apoio  da família e amigos. Obsessões e compulsões podem consumir a sua vida até o ponto de optar pelo isolamento social. Por sua vez, o isolamento social pode agravar o seu TOC. É importante ter uma rede de familiares e amigos que possa recorrer para ajuda e apoio. Envolvendo outros no seu tratamento pode ajudar a proteger-se contra retrocessos e mantê-lo motivado.
Junte-se a um grupo de apoio para TOC. Você não está sozinho na sua luta para superar o TOC, participando num grupo de apoio é uma mais valia para a resolução do seu problema.  Num grupo de apoio, você pode compartilhar a sua experiência e aprender com aqueles que estão passando pela mesma coisa que você.
Pratique técnicas de relaxamento. Yoga, meditação, respiração profunda, e outras técnicas de alívio de stress pode ajudar a reduzir os sintomas da ansiedade provocada pela TOC. A Meditação (mindfulness) pode ser particularmente útil para portadores de TOC. 
Para aprofundar este assunto, pondere ler o artigo: 10 técnicas poderosas de relaxamento

AJUDAR UM FAMILIAR OU AMIGO QUE SOFRE DE (TOC)

Se o seu amigo ou membro da família tem TOC,  a sua primeira linha de apoio será educar-se acerca do transtorno. Saiba tudo o que puder sobre o problema e assegure-se que o seu ente querido também tem acesso à informação. Compartilhe o que você aprendeu com o seu amigo ou membro da família e transmita-lhes a mensagem que  há ajuda disponível e eficaz. Basta saber que a condição em que a pessoa se encontra é tratável para fazer alavancar a motivação, e isso pode ser o suficiente para a decisão de procura de ajuda profissional.

COMO RELACIONAR-SE COM UM FAMILIAR OU AMIGO COM (TOC)

Veja os comportamentos obsessivo-compulsivos do seu familiar ou amigo como sintomas, e não falhas de caráter ou características da sua personalidade. Lembre-se que o seu familiar ou amigo é uma pessoa com uma condição que lhe causa problemas no dia a dia, mas que é saudável e capaz de muitas outras coisas. Foque-se na pessoa como um todo e não apenas no seu problema.
Não permita que o TOC condicione toda a vida familiar. Tanto quanto possível, mantenha os seus níveis de stress baixos e leve a vida familiar de forma normal.
Não participe nos rituais do seu familiar ou amigo. Se no passado tem ajudado e promovido esses rituais, deixe de o fazer, pode levar tempo e requerer prática para mudar esse padrão. Para ajudar as pessoas com TOC e contribuir para a superação do problema, família e amigos devem resistir à execução de comportamentos de ritual. Apoiar os rituais, incluindo rituais de tranquilidade ou rituais de redução da ansiedade, impedem a resolução do problema.
Comunique-se positivamente, de forma direta e clara. Foque-se naquilo que você quer que aconteça, em vez de criticar o seu familiar ou amigo pelos comportamentos passados​​. Evite críticas pessoais. Assumir que a pessoa com TOC tem legitimidade para comportar-se de determinada forma,  pode ajudar a que se sinta aceite enquanto está fazendo alterações difícil no sentido de melhorar.
Misture o apoio com o humor. O apoio nem sempre tem que ser sério. As pessoas com TOC sabem como os seus medos são absurdos e incómodos. Alguma dose de bom humor, permite que possam olhar para os seus sintomas percebendo o lado engraçado. Membros da família dizem que o humor muitas vezes pode ajudar o seu parente a tornar-se mais separado dos seus sintomas.
Dica: A forma como você reage aos sintomas do seu familiar ou amigo com TOC tem um grande impacto na sua recuperação. Os comentários negativos ou críticas podem fazer piorar o TOC , enquanto um ambiente calmo e de suporte podem ajudar a melhorar o resultado do tratamento. Não há nenhum beneficio em xingar alguém com TOC ou dizer à pessoa para ela parar de executar rituais. Isso é impossível de poder ser cumprido, e a pressão para parar só fará os comportamentos piorarem. A melhor maneira de ajudar um ente querido a lidar com TOC é ser tão gentil e paciente quanto possível. Louvar qualquer tentativa bem sucedida para resistir aos pensamentos e comportamentos obsessivos, focalizando a atenção sobre os elementos positivos na vida da pessoa.

COMO PENSAM AS PESSOAS COM TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO?

Na grande maioria das vezes a ansiedade é o resultado do medo de alguns pensamentos e sensações corporais. A pessoa com TOC tem medo dos seus pensamentos e das suas ações. Ou seja, tem medo que alguns dos seus pensamentos negativos possam vir a realizar-se.  Vamos dizer que quem sofre de TOC tem pensamentos recorrentes:
Por exemplo:“Talvez eu tenha câncer”. Mas você não tem. Você foi ao médico, ele disse-lhe que você está bem, no entanto vai para casa e começa a pensar de novo, “Talvez ele esteja errado. Talvez eu tenha câncer”. Então você pensa: “O fato de eu estar pensando que posso ter cancêr deve significar que há algo de errado e eu tenho de me preocupar. Preciso saber com toda certeza que não tenho mesmo. Eu preciso fazer alguma coisa.” Então você começa uma infindavel procura de verificação do seu medo.
As pessoas com Transtorno Obsessivo Compulsivo têm pensamentos intrusivos (ou imagens) que os incomodam. Estes podem ser pensamentos sobre cometer erros, prejudicar alguém, medo de contaminação ou doença, a preocupação religiosa, os temores de impulsos ou desejos, ou apenas sobre qualquer coisa que você pode considerar perigoso, nojento ou sujo.
Exemplos de obsessões são: “Eu cometi um erro no trabalho e vai cair tudo em cima de mim”, “Eu toquei na cadeira e ela pode estar contaminada”, “Eu tinha uma fantasia violenta e agora vou perder o controle”, “Eu deixei o gás ligado (as portas destravadas, o gato na máquina de lavar) “ou” eu fiz algo de ruim e Deus vai punir-me por isso “. Depois de ter o pensamento intrusivo, você começa a procurar mais exemplos destes pensamentos. “Oh Deus, eu tive este pensamento de novo.”
Agora você passou a estar hiper vigilante sobre si mesmo, totalmente auto-consciente, temendo cada possível pensamento negativo ou intrusão e que isso reflete uma mente perturbada. A ideia que suporta o seu disparo de auto-foco e depreciativo acerca de si mesmo, é que você só deve ter certos pensamentos, e se tiver outros que supostamente não sejam moralmente aceites, isso é catastrófico, ruim ou perigoso.
Então o que é que você faz quando tem esses pensamentos e comportamentos não desejados ou intrusivos? Você grita consigo mesmo, STOP? Você tenta obter garantias de alguém: “Isto parece cancêr para você?” Talvez você reze para ter paz, ou você beba álcool para aliviar, ou você coma em excesso. Ou talvez você comece a pensar demasiado, a pensar mais e mais, “Porque estou tendo estes pensamentos malditos? Será que estou ficando louco?”
A saber: Certamente não estará ficando louco. No entanto, na tentativa de procura de respostas para enquadrar o seu problema, e por distorção de raciocínio, começa a concluir resultados que fogem à realidade. E estas conclusões “irracionais” fazem aumentar ainda mais o seu problema.
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ENTENDA OS PROCEDIMENTOS  DO TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

Partindo do principio que o TOC, está relacionado com alguns mecanismos de defesa que você foi implementando no seu dia a dia em forma de pensamentos (preocupações) e consequentes comportamentos indesejados (incómodos e disfuncionais) como forma de diminuição da ansiedade, ou seja você aprendeu de forma incómoda e prejudicial a aliviar a ansiedade.  Nesse sentido desenvolveu um conjunto de raciocínios e comportamentos prejudiciais ao bom  desenvolvimento do seu dia a dia e consequentemente mantêm e aumentam o TOC:
Gatilhos: Estes são os eventos ou estímulos que condicionam os seus pensamentos. Terei tocado em alguma coisa (de contaminação), ao sair de casa (algo ficou aberto, o gás estará ligado), dirigir à noite (terei passado por cima de alguma coisa), pensar em sexo (Deus vai punir-me, vou perder o controle).
Pensamentos estranhos ou imagens: Você tem alguns pensamentos ou sensações que você não gosta. “Porque estou tendo estes pensamentos indesejáveis, bizarros, doentes, repugnantes, ?”
Avaliação negativa de pensamentos: Você acha que há algo errado com o seu pensamento, como se você só devesse ter pensamentos puros  e sentimentos bons. Você pensa demasiado naquilo que “deveria” pensa sobre a maneira como deve pensar e sentir. Você acha que ao ter um determinado pensamento incómodo, tem a responsabilidade certificar-se que não ocorre, obter o controle ou livrar-se dele. Ter o pensamento é equivalente a tê-lo executado. Você desenvolveu uma crença moralista e probabilística.  Por uma lado, tornou-se no polícia e no juiz dos seus pensamento depreciativos. E por outro, acredita que quanto mais vezes pensar no assunto, maior será a probabilidade de passar do pensamento à ação.
Auto-monitorização: Você é como um falcão procurando os pensamentos negativos.Simplesmente, porque você tem que pensar sobre o que você está procurando (“Eu estou procurando esse pensamento repugnante e perigoso”), você esforça-se para encontrá-lo. É como se de manhã ao dirigir-se ao seu espelho do banheiro dissesse: “Eu estou olhando para um espelho. OH MEU DEUS! Lá estou eu!”
Exigência da certeza: Você acredita com toda a certeza que vai perder o controle, ou que as coisas estão contaminados. Nada menos que a perfeita certeza será suficiente.
Fusão do Pensamento com a ação: Você julga que ter um pensamento negativo é igual a cometer uma ação. “Se eu acho que vou ficar violento, eu vou”. Ou, um pensamento é a mesma coisa que a realidade. “Se eu acho que tenho câncer, então eu vou  morrer”. Pensamentos, ações e realidade são um só. Tudo na sua mente se funde.
Pensamento de supressão: A sua primeira linha de “defesa” é tentar evitar ter esses pensamentos. Você diz a si mesmo: “Não penses nisso”. Isso funciona, por três minutos. Mas o seu fracasso permanente em suprimir esses pensamentos leva-o a acreditar que não consegue deixar de pensar aquilo que teme. Imediatamente reforça a sua incapacidade para livra-se desses pensamentos.
Eu perdi o controle”: Você agora acha que ter controle na sua vida é igual a conseguir eliminar os pensamentos indesejados. Ao pensar desta forma, e ao sentir-se  fora de controle, irá  desesperadamente, cada vez mais tentar controlar os seus pensamentos. É como chapinhar na água e afogar-se.
Compulsões: Você realiza alguns rituais de neutralização. Talvez lave as mãos excessivamente, reze, repete “Não”, tenho de caminhar de uma certa maneira, tenho de lavar as mãos de um certa forma, organizar as coisas, voltar e verificar, verificar novamente. Você encontra-se freneticamente fazendo essas coisas até que você tenha uma sensação de completude.
Sensação de completude: Você diz: “eu posso parar agora, porque eu sinto que já fiz o suficiente Esta sensopercepção de conclusão torna-se agora o seu novo livro de regras para os rituais.” Eu preciso fazê-las até que sinta que fiz o suficiente .” Você tornou-se viciado nos seus rituais.
Evitar os gatilhos. Você conclui:  “Eu não teria qualquer um desses pensamentos se eu simplesmente evitasse os gatilhos. Então começa a evitar tocar coisas, evitar banheiros públicos, evitar apertar as mãos, evitar os filmes religiosos, evitar as pessoas que o fazem ter sentimentos que considera maus e repugnantes. Evitar, prevenir e evitar. Você está fugindo do mundo. E quanto mais evita, mas circunscrita fica a sua vida. O seu problema vai crescendo à medida que evita.
Provavelmente você identificou-se com a grande maioria dos pensamentos descritos. Esta é a forma como você pensa.Tudo em nome de ser responsável, consciente, tudo no sentido de evitar perder o controle, enlouquecer ou tornar-se irresponsável. Tudo porque você precisa estar no controle. E esse controle que tanto pretende atingir não funciona. Pelo contrário, torna a sua vida num inferno.
Nota: Fique atento, em breve irei postar alguns artigos complementares que focarão algumas técnicas e práticas que pode implementar para conseguir superar o transtorno obsessivo-compulsivo.
Abraço