No Dia Mundial da Tuberculose, médicos pedem mais pesquisas
Forma super-resistente da doença avança nos países em desenvolvimento.
Combinação com o HIV torna infecção ainda mais perigosa.
Ela já foi o grande terror dos séculos XIX e XX e chegou a ser chamada de “peste branca”. Hoje, com o avanço no diagnóstico, no tratamento e na prevenção, a tuberculose não parece assustar tanto. É exatamente aí, dizem os médicos, que mora o perigo. Neste 24 de março, Dia Mundial da Tuberculose, especialistas alertam para o avanço dos casos super-resistentes da doença e para uma combinação fatal cada vez mais comum: a da tuberculose com o HIV.
Em razão do Dia Mundial, a Sociedade para Doenças Infecciosas da América e a Associação de Medicina do HIV, dos Estados Unidos, pediram urgência na adoção de novas medidas de combate à tuberculose em todo o mundo. Eles alertam que o risco de descuidar da pesquisa e do tratamento da doença são altíssimos.
“O exame padrão para o diagnóstico da tuberculose tem mais de cem anos e falha em detectar adequadamente a doença em crianças e em pessoas com o HIV. A classe de remédios mais nova que temos tem mais de 40 anos e faz funciona muito mal contra a tuberculose resistente aos medicamentos. A vacina atual tem mais de 85 anos e não é altamente eficiente”, afirmou a porta-voz das duas entidades, a médica Carol Duker Hamilton.
Em todo o mundo, 9 milhões de casos de tuberculose são diagnosticados ao ano – com 2 milhões de mortes. A doença é extremamente contagiosa, contaminando adultos e crianças perfeitamente saudáveis pelo ar.
Em países em desenvolvimento, a tuberculose é a principal causa de morte de pacientes com HIV. Isso porque as duas doenças se alimentam uma da outra. O HIV torna a pessoa mais vulnerável à infecções e a infecção por tuberculose acelera a progressão do vírus na Aids. Os médicos temem que os avanços que foram feitos no controle do HIV sejam jogados fora pela falta de controle de um inimigo bem mais antigo, a tuberculose.
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, o bacilo de Koch. Os sintomas incluem tosse persistente, falta de ar, perda de peso e dor no peito. Se não for tratada pode se espalhar para os nódulos linfáticos, a espinha e os ossos, levando à morte.
Casos de tosse que não passa por mais de três semanas precisam ser encaminhados ao médico. Se a tuberculose for detectada é importante seguir todas as recomendações e tomar a medicação até o final, mesmo que os sintomas já tenham melhorado, para evitar o fortalecimento da bactéria.
Segundo as autoridades sanitárias, os atuais índices são os maiores já registrados.
No mundo, 5% dos novos casos da doença que surgem ao ano são resistentes.
Um relatório da Organização Mundial de Saúde alerta para avanço de formas da tuberculose, resistentes aos tratamentos. O documento traz dados sobre os níveis de resistência do bacilo em 81 países. Segundo as autoridades sanitárias mundiais, os atuais índices são os maiores já registrados.
Além do avanço das bactérias multi-resistentes, foi documentada em pelo menos 45 países a presença de uma nova forma, praticamente intratável do microrganismo, chamada de tuberculose extremamente resistente.
As bactérias causadoras da tuberculose se tornam resistentes, na maioria das vezes, por causa de tratamentos interrompidos antes do final. Esses tratamentos acabam por selecionar as bactérias resistentes que se espalham no meio ambiente.
Através da análise de mais de 90 mil casos de resistência aos antibióticos em todo o mundo, a OMS foi capaz de desenhar o mapa da multi-resistência. Os dados apontam para um percentual de 5% de novos casos resistentes a cada ano, no mundo.
A região da África Subssaariana, que têm os maiores índices de infestação pelo HIV no globo, também esteja sofrendo com as novas formas da tuberculose. O mais grave é que esses países não são capazes de prover condições de diagnóstico e tratamentos adequados.
A estimativa é de que se o combate a essa forma de tuberculose não for intensivo e rápido a a humanidade poderá perder essa batalha.
A tuberculose é uma doença que acompanha o homem há milênios e existem registros da existência de métodos diagnósticos na Grécia Antiga.
A bactéria responsável foi descoberta no final do século 19 e recebeu o nome de Micobacterium tuberculosis. Seu descobridor foi o bacteriologista Robert Koch, daí tambem ser chamado de bacilo de Koch.
A possibilidade de tratamento efetivo da doença somente surgiu na década de 1940. Daí para frente o combate foi se tornando mais efetivo e com sucesso, nos países desenvolvidos.
Nos países subdesenvolvidos a doença se manteve endêmica em níveis variados, sempre associada a baixos niveis de saúde pública e atenção à saúde.
Com a epidemia de Aids/HIV nos anos 1980, a tuberculose ressurge com força nos países desenvolvidos. A associação das duas doenças é muito comum é especialmente grave para esses pacientes.
O relatório da OMS deve servir de alerta para que os governos de todo o mundo se esforçem para controlar a tuberculose e apóiem as iniciativas multinacionais nessa direção.
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