3.23.2008

Dicas e Prenvenção sobre doenças cardiovasculares - Infarto do miocárdio

Infarto do miocárdio
Dr. Antonio Raimundo de Almeida

J. S. de 46 anos, comerciante, sem problemas de diabetes, colesterol e hipertensão, apresentou um quadro de desconforto no peito, náuseas e não chegou vivo ao hospital. Diagnóstico de infarto fulminante. Como isso pode acontecer?
As doenças do coração apresentam a principal causa de morte nos Estados Unidos. No Brasil, apesar da subnotificação, o Datasus registra que as doenças cardio- vasculares são responsáveis por 32% das mortes. Esse artigo, destinado ao leitor de A TARDE, tem como objetivo chamar a atenção do problema, falar sobre os sinais e sintomas, fatores de risco e, sobretudo, como prevenir essa doença devastadora.
O infarto do miocárdio (IAM) faz parte de um grupo de patologias conhecidas como doenças isquemicas do coração que engloba angina do peito, infarto do miocárdio e a morte súbita. O termo síndrome coronariana aguda é também utilizado para os quadros de dor toráxica relacionadas à angina e ao infarto.
Apesar dos fatores de risco estarem bem estabelecidos, como tabagismo, hipertensão, diabetes, alteração nas gorduras (colesterol, triglicerides), o paciente em questão teve doença coronariana sem os clássicos fatores de risco. Cerca de 40% dos indivíduos com doenças coronarianas não se encaixam nesse perfil clássico, e sofrem de infarto ou têm morte súbita, sem que tenham feito uma avaliação médica correta. É preciso saber mais sobre a doença para se adotar estratégias de prevenção.

É uma lesão do músculo cardíaco provocada por obstrução da artéria que nutre o coração ou um dos seus ramos – a artéria coronária. O entupimento da artéria resulta em isquemia e o tecido deixa de receber sangue, oxigênio e nutrientes. A duração e a extensão da oclusão determinam o tipo de manifestação da doença: angina estável, angina instável, infarto e morte súbita. Pode ocorrer morte do tecido (necrose músculo cardíaco) se a área for muito grande na dependência do tamanho da artéria pode haver infarto, morte súbita ou falência do coração de modo crônico e inexorável, ficando o paciente com insuficiência cardíaca que limita sua qualidade de vida e tem um prognóstico ruim a médio prazo. A angina do peito é uma dor que resulta geralmente da obstrução intermitente do fluxo sangüíneo. Como a doença é um processo dinâmico e contínuo, a placa de ateroma (gordura) se rompe, ativando a coagulação do sangue no local e formando o trombo que pode obstruir totalmente as artérias coronárias (infarto) ou de modo intermitente (angina instável). De angina instável para o infarto o tempo pode ser curto .

Pode haver infarto sem placa de gordura?

Sim. Às vezes uma determinada artéria se contrai temporariamente estreitando e o fluxo de sangue fica diminuído ou interrompido. O efeito é o mesmo da placa, porém as razões desse fenômeno não são compreendidas em muitas situações. Pessoas que usam cocaína podem ter espasmo na coronária e infarto fulminante.

Como diferenciar o infarto da angina e outras dores no peito?

Muitos problemas de saúde podem causar dor no peito, como, por exemplo, indigestão, ansiedade, inflamação no pericárdio, dor muscular, entre outras situações. A orientação médica é fundamental.

•Dor em aperto com ou sem fator desencadeante e pode ocorrer repouso;
•Não melhora com repouso e nem com medicações para angina;
•Pode ser acompanhada de náuseas ou vômitos, apreensão, palidez, sudorese, intensa falta de ar, desmaio.
•Irradiação para o braço esquerdo (85%) ou braço direito (15%), pescoço, ombro ou mandíbula.

•Dor em aperto, no tórax ou na região do estômago, geralmente após esforço físico ou um fator desencadeante.
•Melhora com repouso, dura cerca de 10 minutos;
•Melhora com medicações para angina (vasodilatadores).


Atenção: em qualquer das situações procure orientação. O atraso pode ser prejudicial ou fatal. Em muitos casos, quando ocorre um ataque cardíaco, o coração sofre de um processo de alteração do ritmo. E um tratamento imediato com a desfibrilação (choque) pode salvar o paciente da morte. Por essa razão, cada vez mas em locais de grande concentração de pessoas como fábricas, aeroportos e universidades, recomenda-se atendimento pré-hospitalar e pessoal treinado para operar esses aparelhos – os defibriladores. O tempo para salvar uma vida nesses casos é de poucos minutos. No movimentado aeroporto de Chicago o treinamento de pessoal e a popularização dos desfibriladores tem salvo centenas de vidas nos últimos anos.

Prevenção de doenças cardiovasculares


Hipertensão, diabetes, tabagismo, história familiar de doença coronariana, sexo masculino, as mulheres que após a menopausa se igualam aos homens, idade (a partir de 60 anos), colesterol alto, aumento de triglicerios, obesidade, estresse, vida sedentária. Se você está nesse grupo faça uma avaliação com o seu médico. No nosso entender, deve-se dar muita atenção ao estresse, pois este é capaz de modificar outros fatores de risco ou despertar quem estava inativo. Existem trabalhos que demonstram o papel do estresse na expressão de determinados genes relacionados com alterações de gorduras e diabetes que estavam dormentes, e que aparecem na vigência do estresse.
As estatísticas americanas indicam que anualmente 900.000 têm infarto; e 250.000 homens destas 125.000 morreram sem receber atendimento médico. É, portanto, de fundamental importância buscar o atendimento médico (pré- hospitalar ou hospitalar) o mais rápido possível. Os tratamentos que desobstruem as artérias, seja com medicamentos ou com desobstrução mecânica, são mais eficientes se realizados nas primeiras seis horas do início dos sintomas.

Exames preventivos tanto clínico cardiológico quanto os de sangue. Alimentação balanceada, pobre em gordura animal, rica em fibras, peixes e verduras. Controle rigoroso da pressão arterial e, se diabético, do açúcar;
Exercício físico regular após orientação médica, controle do peso e modificação do estilo de vida (combate ao estresse). Tratamento do aumento do colesterol e triglicerides quando indicado pelo seu médico;
Viva em paz, procure não se irritar, controle a hipertensão, não fume, visite regularmente seu médico, exercite-se, não abuse de álcool, e aproveite os benefícios de uma vida saudável. Vale a pena viver!

Fonte: Emergências médicas

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