O estresse é um termo que se origina do latim stringere e significa apertar, cerrar e comprimir. Foi definido por Seyle nos anos 50 como a resposta fisiológica, psicológica e comportamental do indivíduo que procura adaptar-se às pressões internas e externas da vida. Segundo esse autor, apenas a morte nos separa do estresse, portanto, o estresse é inerente à vida e acompanha todas as situações que coloca nosso organismo em estado de alerta, seja boa ou ruim, porque o estresse nem sempre é algo negativo ou prejudicial.
Em geral, nos referimos ao estresse de forma negativa o que nos predispõe à idéia de combate e de fuga. Porém, freqüentemente, estamos diante de fontes estressoras que podem ser úteis ao nosso crescimento. Situações novas ou desconhecidas, mudanças de toda ordem, promoção profissional, a apresentação de um novo projeto na empresa e até mesmo o “friozinho na barriga” que sentimos quando vamos encontrar alguém por quem nos apaixonamos. Se evitarmos todas as fontes de estresse e todas as situações desafiadoras, também corremos o risco de permanecer na zona de conforto e passar a vida com um currículo existencial em branco estagnando a nossa evolução.
As causas do estresse podem ser de ordem externa, ou seja, situações que ocorrem independentemente de nossa vontade. Também podem ser de ordem interna – são aquelas que a própria pessoa cria em função de sua personalidade e do modo de interpretar e reagir às situações. Isso quer dizer que a forma como pensamos influi nas nossas emoções, às vezes, não é o acontecimento em si que nos deixa nervosos ou aborrecidos, mas a forma como o interpretamos. Quanto mais flexíveis e versáteis formos, mais aumentaremos a nossa capacidade de orquestrar harmoniosamente a vida e maior a probabilidade de analisarmos os vários ângulos de uma questão, aumentando a tolerância ao estresse.
Situações que envolvem algum tipo de pressão são, inerentemente, estressoras. Mas, tudo depende da forma como o colaborador reagirá diante da competitividade. Se ele perceber o desafio como suportável e uma oportunidade de expansão, poderá lidar de forma útil e adaptada. Se a pressão for grande e as exigências forem percebidas como maiores do que o limite suportável para ele, certamente a situação será ameaçadora e tenderá a gerar grande desgaste orgânico que poderá levá-lo ao adoecimento.
Muitos são os fatores apontados como estressores: clima organizacional, estilo de liderança, estrutura organizacional e nível de participação dos colaboradores na tomada de decisões. A capacidade de suportar e superar situações difíceis não depende somente da pessoa, mas do equilíbrio entre ela e o seu contexto. Nesse sentido, é importante pensar no papel que a estrutura organizacional exerce e como injetar resiliência nela.
As principais idéias relacionadas à saúde mental e à ausência de estresse envolvem estabilidade, segurança e conforto. Mas, há quem confunda tédio com paz e confusão com evolução. Muitas vezes, a pessoa encontra prazer e busca a excelência no que faz e não se intimida diante de situações complexas, desafiadoras ou críticas. Guardadas as devidas proporções de responsabilidade, isso não é privilégio deste ou daquele cargo. As pessoas que apresentam um alto grau de habilidade para resolver problemas de forma criativa parecem ser capazes de lidar com o desafio e agüentar ou recuperar a coerência pessoal em situações estressantes. Essas pessoas tendem: a pensar e a agir com independência; têm forte, embora flexível sentido de auto-estima; são receptivas a novas idéias e revelam amplo campo de interesses e tolerância a incertezas. Aquelas que não se deixam abater diante dos obstáculos, que usam a adversidade a seu favor, que são bem-humoradas e não se fixam no problema, mas na solução têm maiores chances de lidar de forma produtiva com as situações estressoras.
É muito importante realizar intervenções em nível individual - por exemplo, conhecer e desenvolver estratégias de enfrentamento - combinadas com intervenções organizacionais, já que a capacidade de suportar e superar situações difíceis e estressantes não depende somente da reação individual, mas do equilíbrio entre a instância individual e coletiva. Nesse sentido, é importante pensar no papel da estrutura organizacional e em como injetar “saúde e resiliência” nas organizações, levando-se em conta os estressores situacionais presentes no ambiente de trabalho como: condições de segurança, comunicação clara e eficaz entre liderança e liderados, relação interpessoal, treinamento e desenvolvimento de pessoal, nível de participação nas decisões e de autonomia.
Um dos principais fatores apontados pelos estudiosos refere-se à tendência de focar o trabalho somente na intervenção individual por ser uma implementação mais viável e menos intrusiva na rotina da organização. Sem dúvida, esse enfoque traz benefícios para a saúde do trabalhador, mas esse é um dos lados da questão. Com a adoção de um enfoque unilateral e fragmentado corre-se o risco de não considerar o contexto e, portanto, tentar adaptar o trabalhador a muitas características organizacionais que possam ser nocivas à sua saúde do colaborador.
Na verdade, os dados mostram que se gasta muito mais quando não se investe em programas preventivos. Segundo dados do Ministério da Saúde, as empresas brasileiras gastam bilhões de reais com despesas decorrentes de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho e ao estresse. Tais custos evidenciam a necessidade de programas de prevenção abrangentes a uma multiplicidade de fatores causais e relevantes relacionados ao estresse e às doenças ocupacionais.
O elemento volitivo associado à tomada de consciência e ao comprometimento do trabalhador são elementos fundamentais para o sucesso de programas de saúde e para promover mudanças positivas objetivando vida saudável e produtiva.
Por Denise Bragotto
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