6.20.2008

Rosa sem espinhos




Rosa sem espinhos surpreende produtores no CE

O surgimento espontâneo de uma nova variedade de rosa chama a atenção de produtores em São Benedito, na Serra da Ibiapaba, divisa do Piauí com o Ceará. Foi lá que, entre as rosas de uma variedade bastante comum (a "Carolla", vermelha e muito espinhenta), nasceu uma outra roseira, praticamente sem espinhos. A surpresa se transformou em experimento, a muda cresceu e originou novos exemplares.
Ao contrário de sua matriz, a nova roseira tem hastes compridas, retas e praticamente nenhum espinho. "É um alívio para quem trabalha na colheita" brinca Rogério Silva, supervisor da estufa onde ficam as mudas. A nova flor foi batizada de "Iracema", em homenagem à virgem dos lábios de mel. A índia do romance de José de Alencar teria vivido na região na época da colonização portuguesa e, assim como a rosa, tinha o corpo liso e era dotada de uma beleza invejável.

A empresa em que "Iracema" surgiu, a Cearosa, tem 7 hectares de estufas, de onde saem 20 mil botões por dia. Ali, até hoje, eram cultivadas 16 variedades de rosas, a maioria desenvolvida por pesquisadores geneticistas na Europa. "É uma pesquisa muito cara e que leva muito tempo para dar resultados. Não existe nada igual aqui na América do Sul" explica o engenheiro agrônomo boliviano, Julio Cantillo, consultor das empresas plantadoras de rosa do Estado.

Segundo o agrônomo, não é comum que essas mutações aconteçam. De acordo com ele, o surgimento desta nova variedade aconteceu provavelmente porque as roseiras, características de climas bem frios, como os do Sul, estão sendo submetidas ao clima diferente da Serra da Ibiapaba, ainda que este seja mais ameno que o de Fortaleza, por exemplo. Na serra, os termômetros variam entre 15°C e 25°C.

Cantillo diz que a "Iracema" foi sem dúvida uma conquista louvável para o País. "Hoje somos obrigados a pagar royalties para os criadores das variedades que temos no mercado. Mas como a Iracema é uma coisa nossa, não há esse custo" explica.

Graças à novidade trazida pela natureza em janeiro último, a empresa pretende dobrar a área de cultivo e passar dos 7 hectares para pelo menos 20. Apesar de ter um vermelho intenso, assim como sua matriz, a "Carolla", a "Iracema" ainda precisa ser testada na produção em larga escala. Pequenos pedidos já foram enviados para 14 Estados do Brasil e também para Europa. "Nós vamos continuar investindo nos experimentos com ela, até chegar no manejo ideal. Ela tem muito potencial" conclui Cantillo.

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