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11.13.2008
CÂNCER DE PRÓSTATA
Câncer de Próstata
O câncer da próstata é uma doença maligna; a próstata é uma pequena glândula masculina que se localiza abaixo da bexiga e acima do reto (porção final do intestino, que se abre no ânus). A função da próstata, basicamente, é a de produzir um líquido seminal que ajudar a carregar o esperma durante a ejaculação. Nos Estados Unidos da América, estima-se que aproximadamente 234.000 casos sejam diagnosticados a cada ano, sendo que cerca de 27.000 homens morrem a cada ano devido a essa doença.
Embora muitos homens sejam diagnosticados com câncer de próstata, a maioria deles não morrem por essa doença. Enquanto o risco de diagnóstico desse câncer, durante a vida, seja de 17%, apenas 3% dos pacientes morrem devido ao câncer. Além disso, já foi demonstrado que até 30% dos homens que morrem após os 50 anos apresentam câncer de próstata que não foi diagnosticado em vida. Isso sugere que o câncer de próstata pode crescer tão lentamente que muitos homens morrem por outras causas, antes de desenvolverem sintomas relacionados ao câncer de próstata.
No Brasil, as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que serão diagnosticados aproximadamente 49.530 casos de câncer de próstata, em 2008. Isso corresponde a uma razão de 52 casos para cada 100.000 mulheres. O câncer de próstata é o mais diagnosticado em todas as regiões do país, quando se exclui os casos de câncer de pele não-melanoma. O câncer de próstata é considerado um câncer da terceira idade, já que três quartos dos casos do mundo ocorrem nos homens com mais de 65 anos.
Fatores de Risco
- Idade: todos os homens apresentam risco de desenvolvimento de câncer de próstata, porém o risco aumenta significativamente com o avançar da idade. Esse câncer raramente é diagnosticado em indivíduos com menos de 50 anos.
- Ascendência Negra: os homens negros desenvolvem câncer de próstata com maior freqüência que os homens brancos. Além disso, o risco de morte por esse câncer também é maior entre homens negros.
- História Familiar: os homens que possuem um parente de primeiro grau (pai ou irmão) que teve câncer de próstata apresentam maior risco de desenvolver a doença.
- Dieta: dieta rica em gordura animal pode aumentar o risco de câncer de próstata.
Rastreamento
O rastreamento do câncer de próstata envolve basicamente dois tipos de exames: (1) toque retal; e (2) dosagem do PSA (antígeno prostático específico).
1. Toque Retal
No toque retal, o médico introduz o dedo indicador no canal do reto do paciente, e procura identificar qualquer alteração como nódulos ou irregularidades na superfície da próstata. A próstata encontra-se encostada na parede do reto, por isso pode ser sentida através do toque retal. Esse exame consegue detectar alguns casos de câncer que não são demonstrados pela dosagem do PSA, no entanto não é possível atingir todas as regiões da próstata durante o exame. Devemos lembrar que em alguns casos os tumores são tão pequenos que não podem ser sentidos pelo toque retal.
2. PSA
O PSA é uma proteína produzida pela próstata, sendo que o exame de sangue é capaz de detectar a quantidade de PSA que a próstata está produzindo. Embora muitos homens com câncer de próstata apresentem níveis aumentados de PSA (acima de 4,0ng/mL), nem sempre níveis aumentados significam câncer. Uma doença benigna denominada Hiperplasia Prostática Benigna também pode estar associada a aumento do PSA; outras causas seriam infecção ou traumatismo da próstata. A prática de atividade sexual pode elevar o PSA, de forma que o exame deve ser realizado pelo menos 48 horas após o sexo.
De maneira geral, quanto maior o valor do PSA, maior a chance de o paciente apresentar câncer de próstata; no entanto, alguns pacientes com esse câncer não apresentarão PSA aumentado. Assim, o exame isoladamente não é 100% seguro.
Se o toque retal ou o PSA forem positivos, não se deve ficar alarmado, já que existem causas benignas de alterações. Porém, esses resultados não podem ser ignorados. Nessa situação, recomenda-se a realização de outros exames para se confirmar a presença ou não da doença.
Diagnóstico
Na confirmação do diagnóstico de câncer de próstata, dois exames são fundamentais, sendo realizados ao mesmo tempo.
1. Ultra-som Transretal
O US transretal pode ser feito no consultório, sem necessidade de sedação ou anestesia. Nesse exame, a sonda é introduzida pelo ânus e utiliza ondas de som dirigidas em direção à próstata. O computador converte os sinais detectados em imagens da próstata. Aproximadamente 80% dos cânceres apresentam achados anormais ao US, podendo-se identificar nódulos e irregularidades. Durante o exame, é realizada coleta de material para biopsia, com auxilio de uma agulha que é introduzida no interior da próstata, em regiões suspeitas. Várias amostras devem ser obtidas.
2. Biopsia Prostática
A biopsia da próstata é recomendada quando o exame de toque retal está alterado (próstata aumentada ou com irregularidades) ou se o PSA está acima de 4,0ng/mL. No entanto, dependendo da velocidade de aumento do PSA, em um ano, a biopsia pode ser indicada mesmo se o PSA estiver abaixo desse valor. A coleta das amostras é realizada durante o US transretal, e dura cerca de 15 minutos.
Essas amostras são examinadas no microscópio por um médico patologista, que vai definir se existe ou não câncer. Além disso, ele classifica o câncer dando uma nota composta por dois números, mostrando se o câncer é mais ou menos agressivo (quanto maior a soma dos dois números, mais agressivo é o câncer).
Após a coleta da biopsia, o paciente pode sentir um desconforto no reto ou região do períneo, podendo eliminar sangue ou sêmen na urina.
Tratamento
O tratamento do câncer de próstata é determinado de acordo com o acometimento pela doença. Quando o câncer é inicial e acomete apenas a próstata, sem disseminação para outros órgãos, o tratamento se baseia na cirurgia ou radioterapia. A cirurgia envolve a retirada de toda a próstata e estruturas próximas, com o objetivo de eliminar todo o tumor existente. A radioterapia é um tipo de tratamento oncológico no qual se aplicam feixes de raio X na região da próstata; esses raios X levam a alterações moleculares específicas na região do tumor e levam à morte das células tumorais. Essas duas opções de tratamento apresentam resultados semelhantes, e serão escolhidas de acordo com diversos fatores relacionados ao paciente e à doença.
No caso da doença avançada, ou seja, quando o tumor saiu da próstata e acomete outros órgãos, como os ossos, o tratamento visa o controle da doença e dos sintomas. Nesses casos, o paciente pode apresentar dor intensa, devido às metástases ósseas ou outros sintomas relacionados aos órgãos acometidos. O tratamento se baseia na redução dos níveis de testosterona. Esse hormônio masculino, produzido principalmente nos testículos, atua estimulando as células tumorais a crescerem e multiplicarem, fazendo com que o câncer aumente. O tratamento de redução dos níveis de testosterona pode ser feito de duas maneiras: (1) cirurgia, com a realização de orquiectomia; ou (2) hormonioterapia. A cirurgia consiste na raspagem do testículo, deixando-se apenas a porção mais externa, ou cápsula; com isso, retira-se o principal responsável pela síntese de testosterona. A hormonioterapia é realizada com medicamentos, injetáveis no músculo e comprimidos, que bloqueiam a produção da testosterona. As duas opções são equivalentes, podendo ser escolhidas conforme a preferência e comodidade para o paciente. Os efeitos colaterais associados a esse tratamento são decorrentes da redução da testosterona: redução do interesse pelo sexo, impotência, ondas de calor (como na menopausa) e aumento temporário do volume da mama. No entanto, devemos ressaltar que todos esses efeitos colaterais podem ser adequadamente tratados.
Quando o tumor é avançado e não responde ao tratamento com redução dos níveis de testosterona, está indicada a realização de quimioterapia. Assim, esse tipo de tratamento representa o último caso, no câncer de próstata.
Referências Bibliográficas
Klein EA. Patient information: Prostate cancer diagnosis and staging. In: UptoDate Software v. 16.1, 2008.
Klein EA. Patient information: Early prostate cancer treatment. In: UptoDate Software v. 16.1, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância de Câncer.
Estimativas 2008: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2007.
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