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1.28.2009
AMAZÔNIA TEM MAIS DE 10 MIL PLANTAS COM POTENCIAL MEDICINAL
25/01/2009
Do total, 300 foram catalogadas pelo instituto de pesquisas da região.
Açaí, araçá, araticum, babaçu, bacaba, bacuri, biribá, breu branco, buriti, buritirana, cacau, camu-camu, canarana, castanha-do-Brasil, cupuaçu, graviola, jambo, jenipapo, mamorana, mangaba, murici, pequi, pitanga, pupunha, sapota, taperebá, umbu, unha de gato, uxi e zingiber. Essas são algumas das mais de dez mil plantas da Amazônia - região de notória biodiversidade - que possuem princípios ativos que podem ser utilizados na área medicinal, de cosméticos e no controle de pragas.
Dessas, 300 já foram catalogadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (In pa/MCT). Esses dados também constam do Plano de Amazônia Sustentável (PAS), lançado pelo governo no ano passado, que faz uma análise detalhada do potencial desses produtos e tem, entre seus objetivos, segundo o ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Rober to Mangabeira Unger, "a construção de alternativas de produção economicamente viáveis e ambientalmente seguras para as populações de pequenos produtores".
Traduzindo: exploração sustentável de uma região que abriga outras 300 espécies de frutas comestíveis e uma rica fauna silvestre. Ao todo, a Amazônia possui cerca de 30 mil espécies de plantas superiores. Para o pesquisador Juan Revilla Cordenas, que trabalha no Inpa, em Manaus, tamanha riqueza precisa ser explorada de forma racional e profissional.
- A diversidade da Amazônia é conhecida. O que precisamos é transformar esse conhecimento em uma produção rentável, sem que isso signifique devastação ou prejuízo para as populações locais - diz ele, que é autor do livro "Plantas da Amazônia - Oportunidades Econômicas e Sustentáveis". Produção pode gerar empregos e renda Para o pesquisador, essa flora - principalmente as plantas de uso medicinal - pode ser tornar uma excelente atividade econômica para a população da floresta, gerando empregos e renda, desde que sua exploração seja feita de forma correta. - O país tem todas as condições para transformar as plantas com atividade terapêutica em produtos farmacêuticos rentáveis de forma eficaz - assegura. - Temos a matéria-prima e as comunidades estão mais conscientes desse potencial. O problema é que tudo isto está só no papel. Precisamos passar para a prática, para a produção. Falta um pouco mais de confiança dos empresários para investir nesta área e esta confiança só pode ser dada pelo governo.
O pesquisador do Inpa lembra que o Conselho Nacional de Saúde aprovou, em 2005, um decreto que propõe o uso de plantas medicinais no Sistema Único de Saúde (SUS), com "segurança, eficácia e qualidade", segundo o documento. - Mas daí em diante não aconteceu quase nada. Esse uso das plantas medicinais no SUS ficou no papel, não aconteceu muita coisa. Temos a lei, mas não estamos fazendo nada. Falta um diagnóstico, saber quem faz que tipo de pesquisa, quem está estudando o quê, para termos um panorama geral. É como se tivéssemos um grande armazém, cujos produtos estão estocados, esperando para vermos qual a sua utilidade. Pau-rosa, um exemplo de sustentabilidade Ele cita o caso do pau-rosa, espécie ameaçada de extinção, cujo óleo pode ser usado como perfume.
- O óleo do pau-rosa é um perfume completo. Digo isso porque para se fazer um perfume é necessário obter um coquetel de substâncias. O pau-rosa tem tudo isso. E também pode ser usado como um fixador. O interessante é que estamos estudando as folhas da árvore para extrair o óleo. Antes, usávamos as raízes e o tronco. Com as folhas, evitamos a derrubada e a renovação é maior. É um exemplo de exploração sustentável. Cordenas ressalta, porém, que esse trabalho - aliar sustentabilidade com os direitos dos povos da floresta - inevitavelmente vai esbarrar nos interesses da indústria. Um tema delicado, reconhece ele. - A indústria tem interesse na descoberta dos princípios ativos dessas plantas, através dos quais o seu valor pode ser reproduzido em laboratório. A partir daí a planta não é mais necessária - explica .
- Quando a empresa está fora do Brasil, isso pode ser um problema. Mas a indústria brasileira pode fazer esse trabalho, de forma completa, desde que coloquemos nossos conhecimentos científicos a seu favor. O governo deve ser intermediário desse processo.
Fonte: O Globo - Portal Médico
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