Estudo mostra que medicamento experimental reduziu a morte cardiovascular e ataques cardíacos
Em pacientes com síndrome coronariana aguda
Resultados de eficácia foram obtidos sem aumento de sangramentos maiores. Durante o Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, a AstraZeneca anunciou os resultados do estudo de fase III de comparação direta PLATO (A Study of Platelet Inhibition and Patient Outcomes).
Os dados, que também foram publicados no New England Journal of Medicine (NEJM), demonstram que o ticagrelor (BRILINTA®) foi mais eficaz na avaliação primária, ou seja, redução de eventos cardiovasculares (morte cardiovascular, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral) em relação ao clopidogrel (9,8% vs. 11,7% aos 12 meses), sem um aumento de sangramento maior (11,6% vs. 11,2%).
Este parâmetro de eficácia foi sustentado por uma redução estatisticamente significante tanto da morte cardiovascular (4,0% vs. 5,1%) quanto dos ataques cardíacos (infarto do miocárdio, 5,8% vs. 6,9%) sem diferença no AVC (1,5% vs. 1,3%). O ticagrelor é o primeiro antiplaquetário experimental de uso oral a demonstrar redução da morte cardiovascular em relação a clopidogrel em pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA).
No caso de pacientes incluídos no estudo PLATO a redução do risco de eventos cardiovasculares com o ticagrelor ocorreu mais precocemente, sendo que este benefício aumentou ao longo do tempo em comparação com o clopidogrel. O ticagrelor demonstrou um efeito positivo consistente em diversos parâmetros secundários de eficácia. Entre os pacientes que receberam um stent durante o estudo, por exemplo, foi obtida uma redução de 33% no risco de um determinado tipo de trombose de stent com o uso do ticagrelor.
"O objetivo das novas terapias com antiplaquetários é o de melhorar a eficácia para os pacientes sem aumentar os riscos associados ao tratamento, tal como o sangramento. O ticagrelor alcançou uma redução significativa da mortalidade cardiovascular em pacientes com síndrome coronariana aguda em relação ao clopidogrel e, o que é mais importante, sem um aumento de sangramento maior", comentou o professor Lars Wallentin, co-presidente do Comitê Executivo PLATO, do Uppsala Clinic Research Center.
O vice-presidente Executivo de Desenvolvimento da AstraZeneca, Anders Ekblom afirmou, "O estudo PLATO foi desenhado para refletir como os pacientes com síndrome coronariana aguda estão sendo atualmente tratados na prática clínica, incluindo pacientes que foram submetidos a procedimentos invasivos, bem como aqueles que foram tratados apenas com medicamentos. Os dados do estudo PLATO sugerem que o ticagrelor pode ser uma nova e valiosa opção para uma ampla gama de pacientes com síndrome coronariana aguda. Esperamos apresentar o pedido de registro do ticagrelor junto às autoridades regulatórias durante o quarto trimestre deste ano".
O estudo PLATO confirmou o perfil de segurança clínica de estudos anteriores com o ticagrelor, os quais mostraram não haver diferença em sangramentos maiores comparado com o clopidogrel. Quando no estudo PLATO os episódios de sangramento menor foram acrescentados aos resultados de sangramento maior, o ticagrelor mostrou um aumento em relação a clopidogrel (16,1% vs. 14,6%). Houve também um aumento em sangramentos não relacionados com os procedimentos com o ticagrelor. Dentro dos subgrupos de pacientes separados por sexo, peso, história de acidente vascular cerebral/ataque isquêmico transitório, o ticagrelor não mostrou um aumento na incidência de sangramentos maiores em relação a clopidogrel.
Consistentes com os dados obtidos em estudos de fase II, as pausas ventriculares (redução do ritmo cardíaco) ocorreram mais frequentemente com o ticagrelor, porém sem sintomas associados ou conseqüências clínicas para o paciente. A dispnéia foi registrada com maior frequência por pacientes tratados com o ticagrelor (13,8% vs. 7,8%) não tendo, no entanto, representado um agravamento ou indicação de nova falha cardíaca ou doença pulmonar. Apenas um em cada 100 pacientes tratados com o ticagrelor interrompeu o tratamento em estudo devido à dispnéia.
No estudo PLATO foram analisados 66 subgrupos (33 de eficácia e 33 de segurança). Trinta dos 33 subgrupos de eficácia analisados eram compatíveis com os resultados das análises de eficácia da população em geral, mostrando um benefício a favor do ticagrelor sobre o clopidogrel.
Dos 33 subgrupos de segurança analisados, 32 eram compatíveis com a análise de segurança da população em geral, não havendo nenhuma diferença estatisticamente significante entre o ticagrelor e o clopidogrel. O subgrupo restante (pacientes com um Índice de Massa Corporal > 30kg/m2) apresentaram sangramento maior com mais frequência com o ticagrelor do que com o clopidogrel.
Considerando o grande número de testes realizados, essas diferenças podem ter sido devidas ao acaso. As diferenças observadas nos resultados obtidos com pacientes norte-americanos em relação a outros indivíduos incluídos no estudo levantam questionamentos se as diferenças geográficas entre as populações de pacientes ou as diferenças de padrões de prática clínica influenciam os efeitos dos tratamentos randomizados, embora nenhuma explicação aparente tenha sido encontrada até o momento.
"Como cardiologistas, estamos constantemente procurando opções rigorosamente estudadas para oferecer aos nossos pacientes que enfrentam um risco aumentado de incorrer em complicações sérias e potencialmente fatais", afirmou o Dr. Robert UM. Harrington, co-Presidente do Comitê Executivo PLATO, do Instituto de Pesquisa Clínica Duke. "Estima-se que um entre três pacientes com síndrome coronariana aguda irá morrer, sofrerá um ataque cardíaco recorrente, ou será novamente internado dentro de seis meses de seu primeiro evento cardiovascular. Assim, prevenir a recorrência é essencial no tratamento dos pacientes com SCA."
Os resultados do estudo PLATO reforçam a intenção da AstraZeneca de submeter o o produto à apreciação das agências regulatórias durante o quarto trimestre deste ano.
O estudo PLATO foi um estudo internacional, comparativo direto dos desfechos cardiovasculares envolvendo 18.624 pacientes, inclusive brasileiros, tratados com o ticagrelor mais aspirina em relação ao comparador ativo, clopidogrel mais aspirina. O estudo foi desenhado para determinar se ticagrelor poderia alcançar significância clínica em parâmetros de eficácia e segurança em pacientes com síndrome coronariana aguda, acima e além daqueles obtidos pelo clopidogrel, uma terapia irreversível com medicamentos da classe das tienopiridinas. Considerando a magnitude do banco de dados do estudo PLATO, continuaremos a analisar e a publicar resultados adicionais referentes a essa iniciativa.
O desenho do estudo PLATO foi publicado na edição de Abril de 2009 do American Heart Journal.
Sobre BRILINTA™
Ticagrelor (BRILINTA®) é um medicamento experimental antiplaquetário de uso oral indicado nas síndormes coronarianas agudas. O ticagrelor é o primeiro antagonista reversível do receptor de difosfato adenosina (ADP) e inibe seletivamente o P2Y12, um receptor-chave alvo para ADP. O bloqueio do receptor ADP inibe a ação das plaquetas no sangue, reduzindo a recorrência de eventos trombóticos. O ticagrelor é o primeiro de uma nova classe química, os CPTPs (ciclopentil-triazolopirimidinas) e é quimicamente diferente das tienopiridinas, tais como clopidogrel e prasugrel.
Fonte: Saúde & Lazer
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