Desde sua derrota em 2002, a
direita brasileira se colocou como objetivo fundamental desalojar o PT
do governo, para reinstalar o modelo neoliberal. Este foi adotado como
seu programa desde Collor e FHC.
A primeira
vitoria do Lula representou a perda do controle do governo pela direita e
a instalação de um programa que rompia, em pontos essenciais, com o
neoliberalismo. Rompia ao erigir as politicas sociais como seu eixo
fundamental, no lugar do ajuste fiscal. Ao priorizar os projetos de
integração regional ao invés dos Tratados de Livre Comercio com os EUA. E
ao recuperar o papel ativo do Estado, no lugar da centralidade do
mercado.
Nas campanhas eleitorais de 2006, 2010 e
2014, com as candidaturas de Alckmin, Serra, Aécio e Marina, a direita
voltou a propor o modelo neoliberal, ponto comum das forcas que compõem o
campo da direita no Brasil. E foi derrotada.
Sempre que se contrapuseram o modelo
colocado em pratica pela direita nos anos 1990 e pelos governos do PT,
nas campanhas eleitorais, a maioria dos brasileiros preferiu esta
alternativa, a do desenvolvimento econômico com distribuição de renda.
Frente à possibilidade de seguir perdendo eleições, a direita buscou o
atalho do golpe, para retomar seu modelo, fracasso nos anos 1990 e, por
isso, derrotado sempre posteriormente em disputas democráticas.
O objetivo fundamental do golpe é o de
retomar esse modelo, como se vê pelas medidas fundamentais tomadas pelo
governo golpista. Com a derrota dos seus candidatos em 2014, Aecio e
Marina, tentaram a recontagem dos votos, ou acusações de corrupção
contra a Dilma. Tentaram invalidar as eleições, para finalmente apelarem
para o golpe via impeachment. Para esta via tinham que contar com a
traição do Michel Temer, que embarcou, de forma aventureira, nessa via,
por lhe possibilitar chegar à presidência e, a partir dali, tratar de se
safar das acusações de corrupção.
A gangue que o Temer reuniu tem em comum
essa acusações e a disposição de apoiar o retorno do modelo neoliberal.
O eixo central do governo é a equipe e econômica, coordenada pelo
Henrique Meirelles, ponte de apoio do grandes empresariado,
especialmente dos bancos, que ocupa os cargos econômicos fundamentais. A
Fiesp nem sequer indicou o ministro de indústria e comercio,
confirmando que se trata de um governo para aplicar, de forma dura, o
ajuste fiscal, que favorece o capital financeiro e inviabiliza qualquer
retomada do crescimento econômico.
A Lava Jato contribuiu decisivamente
para criar o clima de desestabilização dos governos do PT. Sua atuação
absolutamente unilateral e partidária visa sempre o PT e o governo,
sendo parte integrante do golpe. Busca ainda inviabilizar a candidatura
do Lula, pela possibilidade de uma vitoria eleitora deste representar a
retomada do modelo aplicado com grande sucesso desde 2003.
Temer e/ou os tucanos ou outra qualquer
via serve a esse fim: reinstalar o modelo neoliberal, com o desmonte do
Estado, o corte radical dos recursos para as políticas sociais, com o
ataque frontal aos direitos dos trabalhadores, com o fim da política
externa soberana. Tudo se subordina a esse objetivos.
A Lava Jato ataca a quadros
politicamente mortos da direita, como o Eduardo Cunha e o Sergio Cabral,
poupando os que ainda servem ao objetivo central de restauração
neoliberal. Podem cair ainda políticos como o Renan Calheiros ou outros,
conforme sua utilidade ao projeto neoliberal do golpe. Mas a
reinstalação do neoliberalismo é o objetivo central do golpe. Não nos
enganemos. EMIR SADER // http://www.brasil247.com/
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