ESTUDOS DESVENDAM RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E DOENÇAS CARDÍACAS
18/12/2008
Pessoas depressivas estão literalmente doentes do coração: elas correm um risco significantemente maior de ter doenças cardiovasculares e ninguém sabe exatamente por quê. Três novos estudos tentam explicar o fato e suas conclusões são sutilmente diferentes. O primeiro, liderado pela doutora Mary A. Whooley do Centro Médico de Cuidados aos Veteranos de São Francisco, estudou 1.017 pacientes com doenças da artéria coronária durante uma média de quatro anos.
Embora o estudo tenha encontrado uma associação entre depressão e doenças cardíacas, quando os pesquisadores levaram em conta outras condições médicas, como a severidade da doença e inatividade física, a associação desapareceu.
A conclusão a que chegaram veio por meio de uma explicação relativamente direta: a depressão leva à inatividade física, e a falta de exercício aumenta o risco de doenças cardíacas. O estudo aparece na edição de 24 de novembro do Journal of the American Medical Association. Um segundo estudo, publicado na terça-feira no Journal of the American College of Cardiology fornece uma perspectiva diferente.
Ele envolveu mais de 6,5 mil homens e mulheres saudáveis com idade média de 51 anos. Os pesquisadores testaram os sintomas de depressão dos pacientes e os acompanharam durante mais de sete anos em média.
Esse estudo também constatou que questões comportamentais, como fumo e inatividade, eram fortes fatores de risco de doenças cardíacas entre pessoas depressivas ou ansiosas, sendo responsáveis por 65% da diferença de risco. Mas eles também constataram que pessoas depressivas tinham níveis mais altos de hipertensão e de proteína C-reativa, e que esses dois fatores fisiológicos eram responsáveis por cerca de 19% do aumento de risco. Mark Hamer, pesquisador sênior da Universidade College London, foi o autor líder do estudo. Enquanto esses dois estudos sugerem que o mecanismo pelo qual a depressão exerce seu efeito se deve em grande parte ou inteiramente a comportamentos prejudiciais à saúde, um terceiro estudo, publicado na edição de dezembro do Archives of General Psychiatry, constatou que outra coisa poderia ser ainda mais importante. Esse estudo, cuja autora principal foi a doutora Brenda Penninx, professora de psiquiatria da Universidade VU de Amsterdã, acompanhou 2.088 adultos em boas condições físicas entre 70 e 79 anos. Não foi constatada diferença na atividade física entre os adultos depressivos e o restante. Mas o estudo constatou que sintomas de depressão estavam associados a um aumento do acúmulo de gordura visceral, a barriga pochete, conhecida como um fator de risco de doenças cardiovasculares. Isso sugere que existe um mecanismo biológico que associa a depressão a mudanças fisiológicas, a despeito de quanto uma pessoa se exercita. Para complicar ainda mais a questão, Penninx sugeriu que seus pacientes fisicamente saudáveis poderiam ter um tipo diferente de depressão. "Existe hoje bastante evidência de que entre os pacientes que sofreram ataque cardíaco, os sintomas físicos de depressão são mais preponderantes", disse ela, "o que sugere que a sua depressão é diferente daquela normalmente observável em amostras de pessoas saudáveis". Por enquanto, Hamer, de Londres, ofereceu o que poderia ser a última palavra sobre a relação complicada entre depressão e doenças cardíacas. "É realmente bastante difícil de entender,"
Fonte: The New York Times
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