25 de fevereiro de 2009 -
A farmacêutica indiana Torrent, conhecida pela fabricação de medicamentos similares, vai adentrar ao mercado mundial de produtos de referência com o lançamento, em maio, do Branta.
O medicamento une duas substâncias em uma única cápsula e, depois da realização dos testes clínicos no Brasil, chega ao mercado para facilitar o controle de duas doenças crônicas, a . "Tomando um único remédio, as chances de o paciente aderir ao tratamento e continuar são muito maiores", explica o presidente da Torrent no Brasil, Orlando Famá Júnior.
O medicamento de referência é definido como produto inovador enquanto que os similares contém os mesmos princípios ativos do de referência.
Os estudos levaram dois anos para serem concluídos e consumiram cerca de US$ 5 milhões. O lançamento do novo remédio é mais um passo da Torrent no sentido de ampliar sua presença no Brasil. A empresa - que está presente em mais de 50 países e fatura US$ 500 milhões - desembarcou há sete anos no País e em apenas quatro anos conseguiu subir 36 posições no ranking, passando dos 71º lugar para 31º em vendas nacional por valores. O bom resultado elevou a filial brasileira ao posto de segundo maior mercado da companhia no mundo, atrás apenas da Índia.
No último ano, a subsidiária local cresceu 27% em relação a 2007, com um faturamento de US$ 82 milhões no período. Esse percentual superou em 10% as previsões da empresa e ficou 7 pontos porcentuais acima do mercado farmacêutico no ano. E a julgar pelo resultado do primeiro bimestre, os prognósticos para o ano de 2009 são muito promissores. Nos primeiros dois meses do ano, a receita da empresa cresceu 44% em relação a igual período de 2008.
Para Famá, o bom desempenho, em plena crise, deve-se a dois fatores: preços acessíveis (até 50% abaixo dos produtos referência) e medicamentos de qualidade. Ele nega, porém, que os similares, que em alguns casos são mais baratos que os genéricos, estejam sendo beneficiados ou que não passem pelos testes de biosimilaridade e bioequivalência como os genéricos. "Similares são testados sim como qualquer outro medicamento. Além disso, a Anvisa também vistoria nossas duas fábricas na Índia", acrescenta.
A Torrent alega que nestes anos todos não enfrentou nenhum preconceito por ser um laboratório asiático. "Não tivemos resistência nem de médicos nem de pacientes", afirma o executivo. Dessa forma, a empresa já detém cerca de 0,72% de participação no pulverizado mercado farmacêutico de prescrição médica - que movimenta US$ 10,5 bilhões por ano - e espera chegar a 1% em menos de cinco anos.
Para isso, a Torrent conta com o bom desempenho de dois produtos recém lançados, o Slenfig, indicado para o tratamento da obesidade, um mercado em expansão, e o Menelat, medicamento que se propôs a ser um dos mais baratos para o tratamento da depressão. O bom desempenho de algumas regionais também colaborou para o resultado, como a Centro-Oeste, que registrou o maior crescimento em 2008 e representa hoje 18,3% do faturamento total da empresa.
Para 2009, a companhia estima um crescimento, se não nos níveis do ano anterior, pelo menos na faixa de 10%. Isso apesar do impacto que a virada do dólar provocou nos custos da empresa. "Não ficamos livres de impactos negativos, decorrentes da alteração do câmbio", afirma o executivo. Isso já representou elevação de custos da empresa, que trabalha com produtos importados da Índia, até a embalagem, o que não pode ser repassado para os preços, que são controlados.
Para Famá, em sete anos de Brasil, o ciclo de crescimento natural da empresa está encerrado. E para manter os negócios em alta, a empresa vem investindo fortemente, em marketing e capacitação da força de vendas. Em 2008, o investimento nessas áreas foi da ordem de R$ 20 milhões , recursos que devem ser mantidos neste ano. (Anna Lúcia França - Gazeta Mercantil)
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