Hoje há mais de 20 mil remédios disponíveis no mercado. É uma das 6 principais causas de morte nos EUA.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, a agência de saúde pública das Nações Unidas), quase metade dos medicamentos consumidos no mundo está sendo utilizada de maneira irracional. Essa é a conclusão a que chegaram os especialistas da entidade após coleta e análise de dados sobre a utilização e a disponibilidade dos remédios globalmente.
Os exemplos de utilização inadequada são vários: “supertratamento” de doenças simples, mau uso dos antibióticos, automedicação, tratamentos incompletos ou tratamento incorreto de doenças sérias. Importante lembrar que esses fatos ocorrem em todos os países e não só nos menos desenvolvidos.
Atualmente existem mais de 20 mil medicamentos diferentes disponíveis e com apenas 316 a humanidade poderia tratar as doenças mais importantes, entre as quais as enfermidades crônicas.
Os dados são impressionantes:
Em torno de 50% dos antibióticos utilizados no mundo são subutilizados ou utilizados sem indicação.
Nos Estados Unidos os efeitos adversos decorrentes do uso inadequado de medicamentos é uma das seis causas mais importantes de morte.
A utilização errada dos antibióticos está levando à criação de bactérias resistentes e já tornou, por exemplo, o protozoário causador da malária resistente a cloroquina (medicamento padrão de tratamento) em 80 países. A penicilina não é mais capaz de curar a gonorréia em 98% dos casos.
Nos dias de hoje a discussão sobre o surgimento de formas resistentes do vírus influenza A (H1N1) aponta para o uso irracional do antiviral como a causa dos primeiros casos de resistência já identificados.
A tuberculose é outra doença que, depois de ressurgir há pouco mais de 2 décadas com a epidemia de HIV/Aids, vem mostrando formas resistentes que desafiam a medicina, frutos da utilização incompleta do tratamento.
O tema por si só é importante, porém quando lembramos que estão em jogo o sofrimento de pessoas e o uso de recursos financeiros escassos para a saúde, o uso irracional de remédios torna-se problema de saúde pública e deveria ser amplamente discutido pela sociedade.
Médicos alertam para uso indevido de medicamentos controlados
Remédios como a ritalina são utilizados para 'turbinar' o cérebro.
Comportamento pode causar efeitos colaterais graves, diz psiquiatra.
Médicos alertam para o aumento no número de pessoas que fazem uso de medicamento restritos de maneira indevida para "turbinar" o funcionamento do cérebro.
O estudante Rafael Marshall tem fama de "desligado". Por isso, mesmo sem um diagnóstico de déficit de atenção, experimentou o medicamento ritalina.
"Como teste, eu usei um pouco antes de jogar bola e vi que, porque é um esporte de concentração, de percepção, ajuda", diz.
O laboratório Novartis, que produz a ritalina, repudia o uso indevido do remédio e recomenda que ele só deve ser tomado de acordo com as indicações da bula e com prescrição médica.
A Ritalina é feita a base de metilfenidato, uma substância estimulante prescrita para pessoas com distúrbio de atenção. O medicamento ajuda a aumentar os níveis de concentração. A quantidade de pessoas sem problemas neurológicos ou psiquiátricos que procuram a droga para "turbinar" o cérebro é impressionante, segundo especialistas.
"Elas querem ser melhores ainda no ponto de vista competitivo, junto dos seus objetivos de concurso, de trabalho em que estão envolvidas",
Efeitos colaterais
Segundo os médicos, não há comprovação científica de que a ritalina realmente traga benefícios para quem não tem déficit de atenção. Eles alertam que usar esse remédio, que é controlado, para uma doença que não existe pode provocar até alucinações.
"São medicações fortes, elas podem, sim, ter efeitos colaterais graves. Então isso tem de ser pensado, não é à toa que ela é tarja preta. Isso tem um fundamento. Porque é uma medicação forte, ela tem de ser usada sob indicação", diz o psiquiatra Rafael Boechat.
"Eu queria estudar um volume maior de matéria e conseguir assimilar todo o conteúdo, realmente aprender", diz um homem que usou o remédio em duas ocasiões na preparação para concursos públicos. Ele sentiu fortes efeitos colaterais, não conseguia dormir e tinha variações bruscas de humor.
Ainda hoje ele depende de remédios para dormir e diz que está arrependido de ter tomado a ritalina sem indicação médica.
Globo.com - G1
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