12.13.2009

Levando a enxaqueca a sério

Diagnóstico incorreto, uso inadequado de medicamentos e a baixa adesão dos pacientes atrapalham tratamento
Confira material sobre o assunto, enviado pela assessoria do neurologista Abouch Krymchantowski, um dos principais especialistas em dor de cabeça do país.

Tratamento inadequado da enxaqueca pode agravar intensidade das dores
Doença crônica que atinge mais de 15% da população mundial, a enxaqueca provoca intensas crises de dores de cabeça capazes de incapacitar por horas e até dias quem sofre do problema. Mas, apesar de os malefícios causados se prolongarem intermitentemente durante anos, a enxaqueca ainda não é encarada com a seriedade necessária e nem tratada corretamente: diagnóstico errado, uso inadequado de medicamentos e baixa adesão dos pacientes são algumas das barreiras que impedem o sucesso do tratamento e podem agravar ainda mais as dores.

Para o neurologista Abouch Krymchantowski, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia e Fellow da Sociedade Americana de Dor de Cabeça, um dos principais obstáculos para o tratamento é o diagnóstico equivocado da doença, que costuma ser confundida como sintoma de outros distúrbios, como sinusite e estresse. "Existe no Brasil uma cultura de se pedir exames em excesso, que não identificam o problema, como tomografias e eletroencefalogramas, quando a enxaqueca poderia ser facilmente detectada a partir de um exame clínico e da análise do histórico do paciente, que poucos médicos fazem", explica o especialista, que é editor-associado da revista Headache, principal publicação científica internacional sobre dor de cabeça.
O diagnóstico errado acaba por levar a um tratamento também incorreto, agravado pelo fato de que a enxaqueca ainda é largamente vista como uma dor passível de cura por medicamentos, em vez de uma doença crônica que demanda prevenção das crises e dos mecanismos cerebrais da dor ao longo de anos. "Na maioria das vezes, são prescritos analgésicos para serem tomados até que a dor passe, o que não só é ineficiente como, se feito em excesso ou com regularidade, pode fazer com que a dor se torne diária", diz o Dr. Abouch, chamando atenção para o fato de que, de acordo com estudos patrocinados pela Organização Mundial de Saúde, mais de 50% dos portadores de enxaqueca precisam de tratamento preventivo, mas menos de 8% efetivamente o recebem.
O especialista afirma, ainda, que essa negligência em relação à gravidade da enxaqueca geralmente se estende também aos pacientes, uma vez que muitos deles não dão a devida importância à dimensão da doença e acabam por abandonar os tratamentos preventivos. "Como geralmente recebe poucas informações sobre a importância da medicação preventiva, grande parte dos pacientes para de ingerir os remédios quando sente alguma melhora", salienta o especialista. A solução para evitar os erros no tratamento da enxaqueca é relativamente simples, e passa pela melhora do nível de informação, tanto de médicos quanto de pacientes:
- É preciso que os médicos sejam mais bem preparados para tratar a enxaqueca, de modo que ela passe a ser efetivamente compreendida como uma doença crônica, química e genética, capaz de existir sem nem mesmo causar dor de cabeça. Assim, os pacientes serão melhor informados sobre a gravidade de seu problema, perseverando com o tratamento e evitando erros como a ingestão excessiva de remédios para a dor - finaliza o neurologista Abouc

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