2.23.2010

LIPOSSOMAS


Lipossomas, o mais comum dos vetores de transporte não-viral de genes, são pequenas vesículas esféricas formadas por bicamadas concêntricas de fosfolipídios que se organizam espontaneamente em meio aquoso. Tais partículas são consideradas uma excelente forma de sistema de liberação controlada de medicamentos ou substâncias biologicamente ativas devido a sua flexibilidade estrutural seja no tamanho, composição e fluidez da bicamada lipídica, como na sua capacidade de incorporar uma variedade de compostos tanto hidrofílicos como hidrofóbicos.

Histórico
Os lipossomas foram descobertos no início da década de 60, através de estudos da hidratação de filmes lipídicos depositados nas paredes de um frasco de vidro. Tal experimento foi realizado pelo Dr. Alec Bangham, mas quem primeiro utlizou o termo lipossoma (corpo gorduroso), para designar as estruturas vesiculares formadas por bicamadas fosfolipídicas com um compartimento aquoso em seu interior, foi Weissman em 1965.

Classificação
Os lipossomas podem ser classificados tanto com relação ao seu tamanho e número de lamelas quanto a sua interação com o meio biológico. De acordo com os diametros médios em três categorias: • Vesículas Multilamelares (MLV – Multilamelar Vesicles): formas lipossomais formadas por bicamadas fosfolipídicas concêntricas intercaladas por compartimentos aquosos, cujo diâmetro varia de 400 a 3500 nm. • Vesículas unilamelares grandes (LUV – Large Unilamelar vesicles): formas lipossomais constituídas por apenas uma bicamada fosfolipídica, mas com uma grande cavidade aquosa. Diâmetro varia de 200 a 1000 nm. • Vesículas unilamelares pequenas (SUV – Small Unilamelar Vesicles): formas lipossomais constituídas por apenas uma bicamada fosfolipídica e um pequeno compartimento aquoso. Diâmetro varia de 20 a 50 nm (Scarpa et al.,1998). De acordo com a carga, lipossomas podem ser classificados como catiônicos (carga positiva), aniônicos (carga negativa) e neutros (sem carga). Lipossomas catiônicos são os mais frequentemente utilizados na terapia gênica humana, pois o DNA possui uma carga efetiva negativa. Quando comparado a vetores virais, os lipossomas apresentam muitas vantagens como a não patogenicidade, a não indução a resposta imune e a fácil produção. No entanto, a rápida duração da expressão genética e o baixo nível de expressão transgênica são as suas principais desvantagens. De acordo com a interação com o meio biológico, os lipossomas podem ser caracterizados por possuírem interação não-específica com os fluidos biológicos (lipossomas convencionais), lipossomas estericamente estabilizados (longa-duração) e com ligantes de direcionamento incorporados à estrutura (sítio-específicos). O primeiro grupo é caracterizado por possuir um fosfolipídios estrutural adicionado de um colesterol e um lipídeo com carga. Já o segundo grupo possui, além dos constituintes presentes no primeiro, uma cobertura por um polímero hidrofílico inerte, como o polietilenoglicol (PEG), à superfície. Os ligantes de direcionamento presentes no terceiro grupo podem ser anticorpos monoclonais ou oligossacarídeos.

Aplicações
O uso de formas lipossomais, como sistemas de liberação lenta de medicamentos, é viável clinicamente por serem tipicamente feitos de moléculas lipídicas de origem natural, biodegradável e não tóxica. Os lipossomas podem proteger o fármaco de degradação enzimática, possibilitam o aumento da concentração da droga no sítio alvo, podem ser utilizados como excipientes não tóxico para a solubilização de fármacos hidrofóbicos, além de prolongar o tempo da vesícula na circulação, permitindo um possível direcionamento para sítios específicos de células ou órgãos. Alguns problemas relacionados aos lipossomas têm sido a rápida liberação no sangue, devido a adsorção de proteínas do plasma (opsoninas) com a membrana fosfolipídica, como também reconhecimento e captação dos lipossomas pelo sistema fagocítico mononuclear (SFM). A habilidade dos lipossomas para penetrar nos tecidos doentes está diretamente correlacionada com o seu tamanho. Lipossomas grandes são rapidamente removidos da circulação por macrófagos (SFM) e não se obtem significantes níveis nos outros tecidos do corpo, enquanto lipossomas pequenos (≤ 100 nm) demoram um pouco mais para serem reconhecidos e fagocitados, aumentando a probabilidade dos mesmos de penetrarem os tecidos. Alguns lipossomas que encapsulam fármacos e vacinas exibem superior propriedades farmacológicas sobre os medicamentos tradicionais. Isso pode ser evidenciado em áreas como quimioterapia do câncer, terapia antimicrobiana, vacinas, diagnóstico por imagem e tratamento de desordens oftalmicas.

Referências
Jacome-Junior, A.T. [[[Desenvolvimento de formas lipossomais contendo levana.]]] Tese de mestrado. Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2006. 67f.

Lasic, D. D. [Novel application of liposomes]. Trends in Biotechnology, 16, 307-321, 1998.

Medina, O.P.; Zhu, Y.; Kairemo, K. [Target liposomal drug delivery in cancer]. Current Pharmaceutical Design, v. 10, n. 24, p. 2981-2989, 2004.

Ramesh, R.; Saeki, T.; Templeton, N.S.; Ji, L.; Stephens, L.C.; Ito, I.; Wilson, D.R.; Wu, Z.; Branch, C.D.; Minna, J.D.; Roth, J.A. [Successful treatment of primary and disseminated human lung cancers by systemic delivery of tumor suppressor genes using an improved liposome vector]. Mol Ther, 3:1–14, 2001.

SANTOS, C.N. e CASTANHO, M.A.R.B. [Lipossomas: A bala acertou?] Química Nova, v. 25, 6B, p. 1181-1185, 2002.

Torchilin VP. (2006)Adv Drug Deliv Rev. 58(14):1532-55, 2006.

FONTE: "http://pt.wikipedia.org/wiki/Lipossoma"


LIPOSSOMAS
Lipossomas são vesículas microscópicas compostas
de uma ou mais bicamadas lipídicas concêntricas, separadas
por um meio aquoso.

Eles podem encapsular substâncias
hidrofílicas e/ou lipofílicas, sendo que as primeiras ficam no
compartimento aquoso e as lipofílicas inseridas ou
adsorvidas na membrana. Por serem biodegradáveis,
biocompatíveis e não imunogênicos são altamente versáteis
para pesquisa, terapêutica e aplicações analíticas (Edwards,
Baeumner, 2006; New, 1990; Puisieux et al., 1995).

Estas vesículas são constituídas basicamente por
fosfolipídeos (podendo ser de natureza sintética ou natural),
esteróis e um antioxidante (Vemuri, Rhodes, 1995).

Os lipídeos mais utilizados nas formulações de lipossomas são
os que apresentam uma forma cilíndrica como as
fosfatidilcolinas, fosfatidilserina, fosfatidilglicerol e
esfingomielina, que tendem a formar uma bicamada estável
em solução aquosa.

As fosfatidilcolinas são as mais
empregadas em estudos de formulação de lipossomas, pois
apresentam grande estabilidade frente a variações de pH ou
da concentração de sal no meio.

Os fosfolipídeos são caracterizados por uma temperatura
de transição de fase (Tc), na qual a membrana passa de
uma fase gel, onde a cadeia hidrocarbonada do lipídeo está
em estado ordenado, para uma fase de cristal-líquido, onde
as moléculas ficam com movimentos mais livres e os radicais
hidrofílicos agrupados tornam-se completamente hidratados.
O comprimento e a saturação da cadeia lipídica influenciam
o valor da Tc.

Portanto, diferentes membranas compostas
por lipídeos distintos podem exibir diferentes níveis de fluidez
na mesma temperatura (Frézard, 2005; Lasic, 1998). A
permeabilidade dos lipossomas é relativamente baixa quando
a temperatura é menor que a Tc dos lipossomas, sendo a
mesma medida pelo fluxo ou pela taxa em que o soluto sai do
compartimento aquoso, através da bicamada. Esta propriedade
vai depender, no entanto, da natureza do soluto e da
fluidez da membrana (Frézard, 1999).
Os lipossomas podem conter uma única bicamada
lipídica ou bicamadas múltiplas

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