3.25.2010

Automedicação responsável



Por: Mário Beja Santos
A automedicação aparece associada a sintomas e em caso algum pode decorrer de um diagnóstico médico.

O aconselhamento por profissional de saúde tem a ver com os riscos de segurança e efectividade dos medicamentos. Seja qual for o medicamento, exigindo ou não receita médica para ser dispensado, tem sempre efeitos secundários e interacções e está totalmente desaconselhada a sua banalização.

A prática da automedicação não deve de ultrapassar um escasso número de dias, está desaconselhada a grávidas, mães que amamentam, crianças e idosos vulneráveis. Entende-se que a automedicação responsável contribuirá para a consciencialização dos autocuidados em saúde, evitará consultas inúteis aos serviços de saúde sobrecarregados e pressupõe a toma de medicamentos não sujeitos a receita médica, assim classificados tendo em conta a avaliação da sua segurança.

Os medicamentos que aparecem como alvos principais da automedicação estão destinados a combater dores ligeiras e estados febris moderados, os destinados à tosse e resfriados, estados gripais, os que se aplicam a certas perturbações digestivas (prisão de ventre, diarreia, ardor no estômago...), às fadigas passageiras (vitaminas e tónicos), rinites alérgicas sazonais (diagnosticadas pelo médico), aftas, hemorróidas, queimaduras solares, verrugas, problemas cutâneos moderados, entre outros. De acordo com o despacho acima referido, a lista de situações é muitíssimo maior, abarcando os sistemas digestivo, respiratório, cutâneo, nervoso/psique, muscular/ósseo, geral, ocular, ginecológico e vascular.

As limitações da automedicação

Não há medicamentos inofensivos, tomar medicamentos envolve sempre um risco. Recorde-se que os medicamentos só devem ser tomados quando há uma real necessidade, ou seja, quando o médico os prescreve após a avaliação do estado do doente ou quando o farmacêutico os recomenda para alívio de um mal-estar ocasional.

Há públicos mais vulneráveis que outros às interacções dos medicamentos. Foi dito acima que as crianças, as grávidas, as mães que amamentam e os idosos não podem praticar automedicação.

E por razões compreensíveis: nos bebés e crianças, um erro na dosagem poderá criar lesões irreversíveis ou ser mesmo fatal; as grávidas sabem que só devem tomar medicamentos sob estrita vigilância médica pois os medicamentos podem prejudicar o normal desenvolvimento do seu bebé (a simples toma de complexos vitamínicos não se deve fazer em regime de automedicação, por exemplo uma dosagem elevada de vitamina

Valorizar o aconselhamento farmacêutico

Compete ao farmacêutico transmitir ao doente os benefícios sobre uma automedicação segura e responsável, ajudando-o a distinguir o que é uma doença sem gravidade, e como deve de ser tratada, das manifestações que requerem prontamente de uma consulta médica.

É a qualidade da informação prestada pelo farmacêutico que poderá levar o doente a cumprir disciplinadamente o tratamento que lhe é proposto. Este aconselhamento deverá processar-se, tanto quanto possível, respeitando a privacidade do doente. O espaço confidencial tem exactamente esse objectivo.

Este aconselhamento consolida a confiança que deve ter na automedicação, estreita o diálogo entre o paciente e o farmacêutico, facilitando ao profissional de saúde saber mais sobre os antecedentes e a origem do mal-estar, qual a sua duração, em que condições julga o doente que se agravou o seu problema, que medicamentos já foram eventualmente tomados e se há outros sintomas que lhe estejam associados.

Este aconselhamento e a disponibilidade do doente para prestar informações e do farmacêutico para dar o devido aconselhamento, constituem uma responsabilidade partilhada que pode assegurar ao doente o tratamento com efectividade e segurança, permitindo até completar a informação que vem no folheto que acompanha obrigatoriamente o medicamento.

Questões da escolha e segurança

Medicamentos não prescritos são todos aqueles que podem ser comprados sem receita médica e que se destinam exclusivamente a aliviar sintomas ligeiros. A dispensa com conselho é tão importante que acaba por definir a confiança que temos com o nosso farmacêutico.

É que a escolha do medicamento tem obrigatoriamente que se fundamentar:

• Nas características gerais dos sintomas (ex.: tipo de tosse; existência ou não de expectoração; características desta);

• Com a idade do doente (criança, adulto, idoso);

• Com o estado fisiológico (gravidez, amamentação...);

• Com doenças concomitantes (hipertensão, diabetes, asma,...);

• Com medicamentos prescritos para doenças continuadas...;

• Sensibilidades individuais (alergias, intolerâncias gástricas);

• Com hábitos e estilos de vida (ingestão de bebidas alcoólicas, necessidade de condução automóvel, utilização de maquinaria de precisão, etc.);

• Reacções adversas ocorridas (diarreia, dores de estômago, sonolência exagerada, prisão de ventre).

Nota: Este artigo é inteira responsabilidade do autor Mário Beja Santos.

2 comentários:

jotajotafarma disse...

dentro deste cerne da atuaçao do profissional de Farmácia podem ser encontradas diversas dicas para alavancar a recuperação da imagem de um profissional atuante, proximo do seu alvo de trabalho, o foco humanizado no paciente. Parabens!!!!

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Não existe automedicação responsável.
Muitas pessoas morrem por intoxicação de medicamentos por utilização de medicamentos por indicação de um amigo ou vizinho.
Incrivel como ainda estamos aqui discutindo está aberração da automedicação responsável.