11.14.2012

Nova quimioterapia age sobre apenas um órgão do corpo humano

Estilo de tratamento reduz os efeitos colaterais através da limitação da exposição dos tecidos às drogas e permite a aplicação de maiores doses de medicamentos




Quimioterapia, atualmente, é realizada através da injeção de substâncias químicas que afetam o funcionamento celular
Foto: Mônica Imbuzeiro/04-07-2002


Quimioterapia, atualmente, é realizada através da injeção de substâncias químicas que afetam o funcionamento celular Mônica Imbuzeiro/04-07-2002
RIO - Médicos do Hospital Geral de Southampton, da Inglaterra, realizaram uma operação de quimioterapia em apenas um órgão do corpo humano. Dois pacientes de câncer de fígado tiveram somente a parte do corpo afetada em contato com as drogas. O maior benefício do novo tipo de tratamento é a possibilidade de redução dos efeitos colaterais através da limitação da exposição dos tecidos ao processo.
O tratamento durou 60 minutos em cada um. O fígado foi separado através de dois balões inflados inseridos dentro de vasos sanguíneos do órgão para desviar o fornecimento de sangue. Em seguida ao tratamento, chamado perfusão hepática percutânea (PHP), o sangue foi drenado do paciente e processado através de uma máquina de filtragem para reduzir a toxicidade antes de retornar ao corpo humano através da veia jugular.
A quimioterapia em apenas um órgão também possibilidade o uso de doses mais altas sem que o paciente sofra as consequências. O processo geralmente mata rapidamente as células tumorais, mas também outras partes saudáveis do organismo. As consequências costumam ser fatiga, enjoo, perda de cabelo e danos à fertilidade.
O novo estilo de tratamento também é testado, atualmente, nos Estados Unidos e na Europa. No caso dos pacientes do Reino Unido, as operações foram realizadas há três meses e ambos apresentam melhoras, com tumores menores.
— Retirar um órgão do corpo humano por 60 minutos, banhá-lo em uma alta dose de drogas, filtrar o sangue até que esteja completamente pronto e devolvê-lo ao corpo humano é algo realmente inovador — comemora Brian Steadman, consultor do serviço de radiologia intervencionista do hospital. — Antes, a perspectiva para pacientes com câncer de fígado era limitada devido aos danos indesejados que o medicamento poderia causar no resto do organismo.
Segundo Stedman, o tratamento ainda pode se desenvolver para ser usado em outros tipos de câncer, como de cólon, de mama e melanoma. Basicamente, qualquer órgão que possa ser separado do fornecimento de sangue, como rins, pâncreas e pulmões, pode passar por este tipo de processo.
— Há 20 anos, a ideia de injetar uma droga que pode envenenar todo um corpo em apenas uma pequena área dele pareceria loucura — diz.

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