8.26.2015

Trabalho em Equipe no Programa Saúde da Família



Segundo Motta (2001). O trabalho em equipe é uma forma eficiente de estruturação, organização e de aproveitamento das habilidades humanas. Possibilita uma visão mais global e coletiva do trabalho, reforça o compartilhamento de tarefas e a necessidade de cooperação para alcançar objetivos comuns.
. De acordo com o Ministério da Saúde. O Programa Saúde da Família é entendido como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. As unidades são compostas por uma equipe mínima (um médico, um enfermeiro, três auxiliares de enfermagem e cinco agentes comunitários de saúde).
O trabalho em equipe é considerado essencial para o funcionamento adequado do processo de trabalho no PSF.  Segundo Brasil, (1997; 2001) O trabalho em equipe é destacado no conjunto das características do PSF, como um dos pressupostos mais importantes para a reorganização do processo de trabalho e enquanto possibilidade de uma abordagem mais integral e resolutiva
No PSF os membros da equipe articulam suas práticas e saberes no enfrentamento de cada situação identificada para propor soluções conjuntamente e intervir de maneira adequada já que todos conhecem a problemática. Para Ribeiro, Pires e Blank (2004) trabalhar em equipe de maneira integrada no PSF significa estabelecer conexões entre os distintos processos de trabalho, fundamentando-se em um certo conhecimento sobre o trabalho do outro e na valorização das contribuições de cada profissional para a produção de cuidados.
As equipes do PSF atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.

Todos os membros da equipe são responsáveis mutuamente pelo desenvolvimento dela. Cada membro da equipe é vital para alcançar o desempenho desejado, uma vez que se acredite no propósito da equipe. É sempre a equipe que vence ou perde e não uma pessoa individualmente. (Katzenbach 1999)

De acordo com Peduzzi (1998), Na área da saúde, são identificadas, comumente, duas modalidades de trabalho em equipe: a que se caracteriza como agrupamento, em que ocorre a justaposição de ações e o agrupamento entre agentes; e a equipe integração, na qual ocorre a articulação das ações e interação dos agentes, na busca da construção de um projeto assistencial comum.
Segundo Pedrosa e Teles (2001), o trabalho em equipe permite a continuidade do acompanhamento e maior envolvimento com os familiares por meio da abordagem de toda a equipe. Assim, é importante que seus membros tenham boa interação. O agente comunitário de saúde é fundamental na comunicação entre a equipe e a família, pois trabalha diretamente com a população acompanhando-a e criando subsídios para obtenção de informações que serão transmitidos à equipe.
Para Pedrosa e Teles (2001) o bom relacionamento entre os membros da equipe facilita o contato das famílias e o desenvolvimento de ações preventivas como imunização, pré-natal e organização da demanda por meio do agendamento prévio. A comunidade valoriza a integração e a ratifica participando na assistência.
O trabalho em equipe no PSF merece atenção e destaque, tendo em vista a importância que possuem para a realização do trabalho coletivo e para a qualidade da assistência prestada aos usuários.
Na proposta do Programa Saúde da Família, o trabalho em equipe constitui uma pratica em que a comunicação entre os profissionais deve fazer parte do exercício cotidiano do trabalho, no qual os agentes operam a articulação das intervenções técnicas por meio de linguagem.

O estabelecimento de uma relação dialógica no interior das unidades de saúde pode contribuir para a superação de relações hierarquizadas em que os profissionais raramente conhecem as potencialidades dos outros, reproduzindo, dessa forma, a divisão social do trabalho e estabelecendo relações de mando e autoridade. (Mishima, et al, 2000)

De acordo com Schraiber et, al (1999); O trabalho em equipe integrado exige conhecimento e valorização do trabalho do outro, construindo consensos quanto aos objetivos a serem alcançados e a maneira mais adequada de atingi-los.
Segundo Almeida (2001). Se não houver interação entre os profissionais das equipes de saúde da família, corre-se o risco de repetir a prática fragmentada, desumana e centrada no enfoque biológico individual com diferente valoração social dos diversos trabalhos.
Em uma investigação realizada por Schimith (2002) junto a uma equipe saúde da família, os resultados evidenciaram que a uma divisão de tarefas entre os componentes dessa equipe, as quais são realizadas de forma desarticulada, demonstrando que a organização do trabalho está estruturada de maneira parcelar.
São numerosos os fatores que prejudicam o trabalho em equipe e comprometem a qualidade do trabalho. Segundo Pedrosa e Teles (2001), Estudos recentes sobre o trabalho em equipe no PSF revelaram: ausência de responsabilidade coletiva do trabalho e baixo grau de interação entre as categorias profissionais.
Promover o diálogo entre as pessoas para melhorar a convivência, elevar a motivação da equipe e delinear com todos os membros ações a serem implantadas e objetivos a serem cumpridos são medidas que promovem a integração da equipe e qualidade da assistência. (Souza e Carvalho, 2003)

De acordo com Hardingham, (2000). Os requisitos básicos no trabalho em equipe compreendem a existência de objetivos definidos, o reconhecimento do desempenho individual e da equipe, a avaliação constante do trabalho, o fornecimento dos recursos necessários para atingir metas e o apoio aos líderes de equipe.
É fato que toda equipe necessita de um líder que seja capaz de orientar, mostrar caminhos e gerar grandes resultados. De acordo Scherer e Campos (1997) A existência de um líder na equipe é destacada como uma condição importante para a coesão do grupo. Já Oliveira (2000) argumenta que a permanência prolongada de uma pessoa no poder pode contribuir para suscitar comportamentos e atitudes passivas dos demais membros da equipe, seja em relação aos processos decisórios ou à execução das ações.
Piancastelli, et al, (2000), Afirma que a dificuldade do trabalho em equipe está relacionada com as diferentes concepções sobre o conceito de equipe. Segundo Franco e Merhy (1998), Para que o trabalho em equipe seja viabilizado, há necessidade de uma relação interativa entre os trabalhadores, mediada pela troca de conhecimentos e articulação de um “campo de produção do cuidado” comum a todos.
Apesar de reconhecer a importância do trabalho em equipe, Campos (1997) defende que deve haver uma definição clara e precisa das responsabilidades particulares de cada membro diante de casos específicos. Dessa forma cada profissional ficara responsável por determinado caso, respondendo por este, além de realizar os encaminhamentos pertinentes, solicitando apoio aos demais quando necessário.
Fortuna et al. (2005) ressalta que o trabalho em equipe constitui-se no fazer de todo dia, e precisa estar sempre analisando as atividades desenvolvidas pela equipe, trabalhando sempre em união e com cumplicidade onde todos possam compartilhar de idéias e que estas possam ajudar nas ações ofertadas para a população de forma satisfatória e eficaz que supra as necessidades de todos os envolvidos. Referêcias: 
1. ALMEIDA, M. C. P.; MISHIMA, S. M. O desafio do trabalho em equipe na atenção à saúde da família: construindo novas “autonomias” no trabalho. Interface- Comunicação, Saúde, Educação. Botucatu. V.5, n.9 p. 150-153, ago. 2001.
2. ARAÚJO M. B. S., ROCHA P. M.. Trabalho em Equipe: um desafio para a consolidação da Estratégia de saúde da família. Ciência e saúde coletiva mar/abr, vol.12 n.002. 2007.
3. OLIVEIRA E. M.; SPIRI W. C.; Programa Saúde da Família: a experiência de equipe multiprofissional Rev. Saúde Pública 2006; 40(4):727-33.
4. PEDUZZI M. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre trabalho e interação. Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas; 1998. 234 f.
5. RIBEIRO, E. M.; PIRES, D.; BLANK, V. L. G. A teorização sobre processo de trabalho em saúde como instrumental para analise do trabalho no Programa Saúde da Família. Cadernos de Saúde Publica, Rio de Janeiro, v.20, n.2, p. 438-446, mar./abr. 2004.
6. KATZENBACH, Jon R. A disciplina das equipes. São Paulo: HSM, 1999.
7. SILVA I.Z.Q ;. BOMFIM A. L. O trabalho em equipe no PSF: investigando a articulação técnica e a interação entre os profissionais. Interface-Comunicação, Saúde, Educação vol.9 n°.16 Set./Fev. 2005

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