Às vezes, o bebê chega antes do esperado – e sem planejamento algum.
O imprevisto, porém, também é gratificante
Para muitas mulheres, o maior sonho da vida é ter um filho. Algumas fazem um longo planejamento até segurar o bebê nos braços, enquanto, para outras, a cegonha aparece de repente, sem avisar.
Tudo é ainda mais surpreendente quando a gravidez acontece durante a adolescência. Mas quem disse que esta experiência precisa ser dramática?
Apesar de todas as dificuldades, é possível enfrentar a situação com muito amor e disposição. Duas mães contam como venceram os principais desafios e, ao lado de seus filhos, mantêm-se com o coração aberto e feliz.
Mudança (quase) radical
A vida da estudante paulistana Camila Ferreira dos Santos seguia tranquilamente como a de qualquer adolescente de 16 anos. Ela frequentava as aulas no 2º ano do Ensino Médio, trabalhava em um banco, namorava, ia à igreja, se reunia com a família...
Tudo começou a ficar estranho quando ela passou a sentir fraqueza e muitas cólicas. “Fui ao médico e ele pediu um exame de sangue. Quando peguei o resultado, levei um supersusto: estava grávida de 6 meses”, relembra.
A notícia foi completamente inesperada para Camila, pois a menstruação estava normal e seu peso não tinha oscilado quase nada - ela engordei apenas 6 kg durante toda a gravidez.
“Mas fiquei muito aliviada quando fiz o ultrassom e vi que o bebê estava bem. Tinha tomado antibióticos e analgésicos que gestantes não podem tomar”, comenta.
Depois da alegria em saber que estava tudo certo com ela e a criança, surgiu uma nova tensão: comunicar aos pais que eles teriam um neto.
“Eles ficaram em choque e choraram muito. Meu pai só voltou a falar com o Luiz, meu namorado, após o parto”, revela Camila.
O choque se estendeu às outras esferas sociais, como a igreja, onde enfrentou bastante preconceito por ter engravidado fora do matrimônio.
No colégio, todos estranhavam vê-la com a barrigona. Já no trabalho, tudo correu bem, porque o contrato já tinha prazo para ser rescindido: janeiro.
Entre demonstrações de apoio e caras viradas, os meses se passaram e, em março de 2015, nasceu o pequeno Danilo. Com toda sua fofura, o bebê virou o cotidiano da Camila de pernas para o ar.
“A gravidez mudou completamente a minha vida. Nunca tinha pensado em ser mãe ou cuidado de crianças antes. E o período pós-parto foi bem difícil”, reconhece.
A boa notícia é que a família deu muito suporte depois que o garotinho nasceu. A avó ajuda em todos os cuidados e o namorado também dá uma força na hora de preparar a papinha e trocar a fralda.
“Adoro quando ele dá risada e acho divertido dar banho e comida”, revela.
Após quatro meses de licença, Camila voltou às aulas. Seus planos não mudaram: ela vai prestar vestibular para Nutrição e espera conquistar vaga em uma faculdade pública ou conseguir bolsa integral numa universidade particular.
“Minhas notas estão melhores do que no ano passado, por incrível que pareça”, conta, determinada.
Além de começar a graduação em 2016, a garota espera ainda assumir um novo trabalho e morar com Luiz, com quem namora há dois anos. “Nossa casa está sendo construída aos poucos. Assim que ficar pronta, vamos nos casar”, explica.
O outro plano, claro, é viver bons momentos com o Danilo. “Acho legal ser mãe nova, porque terei muito mais tempo para cuidar e curtir com ele", avalia.
Maior dedicação ao estudo
Quem olha para a advogada Ligia Maria Salomão, hoje com 36 anos, acha difícil acreditar que ela tem um filho de 19 (mãe e filho aparecem nas fotos abaixo, em dois momentos da vida).
Mário chegou ao mundo quando Ligia tinha apenas 16 anos e, desde então, toda a sua vida se transformou.
Em agosto de 1995, após 3 anos de relacionamento, a adolescente sentiu enjoos e notou o atraso de uma semana na menstruação. Logo entendeu que estava esperando uma criança. Um teste de farmácia confirmou a suspeita.
“Quando contei ao meu namorado, ele disse que passaríamos por isso juntos e que casaríamos. Concordei, porque queria muito um lar para o meu filho, mas pedi segredo sobre a gravidez”, relata.
Filha exemplar e ótima aluna, Ligia morria de medo de desapontar os pais e passou quatro meses de angústia até conseguir abrir o jogo.
“Estava no segundo colegial e meu namorado fazia faculdade em São Paulo, a 400 Km de distância da minha cidade. Sofria sozinha”, diz
Seus pais não receberam bem a notícia e desaconselharam o casamento, mas deram todo o apoio que podiam. Na escola, a maioria ficou surpresa ao saber da novidade, mas Ligia ignorava os olhares perplexos e se dedicava ainda mais aos estudos.
Os meses se seguiram até o casamento, em fevereiro, e a chegada do bebê, em abril. Auxiliada pela mãe e a sogra para cuidar de Mario, Ligia voltou ao colégio apenas15 dias depois do parto.
Seus esforços deram resultado. “Eu me pressionava a ingressar em uma universidade pública. E passei em Direito em primeiro lugar numa faculdade estadual”, lembra-se.
Ela trabalhava fora e estudava e o filho ficava sob os cuidados da sogra e da babá. Enquanto a relação com o bebê ficava cada vez mais próxima e tranquila, a situação com o marido piorava dia a dia.
“Ele era muito possessivo e começou a descontar a raiva em mim. Pelos motivos mais fúteis, sofria com xingamentos e agressões”, recorda, com tristeza.
Foram 7 anos de violência física e psicológica até a separação. Mário ficou morando com o pai e, depois de algum tempo, Ligia se mudou para a França. Em 2005 ela se casou novamente e hoje também tem uma garotinha de 3 anos.
“Minha relação com o meu filho é muito boa. Existe uma admiração mútua e compartilhamos os mesmos valores. Ele é um menino maduro e diz que é assim em função da separação dos pais. Mas cita isso de forma positiva, como uma oportunidade de se fortalecer e se preparar para a vida”, pontua.
Atualmente, Mário está se dedicando para entrar na faculdade de Medicina e se relaciona superbem com a irmãzinha. Todos os anos, Ligia vem ao Brasil passar alguns dias com o filho.
Sobre as vantagens de ter sido mãe tão jovem, ela avalia: “Não há um choque de gerações, o que facilita a compreensão e a comunicação e propicia interesses comuns que nos aproximam”.
(Fotos: Getty Images e Arquivo pessoal
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