Quem são os coxas com quem Chico bateu boca e por que ele os incomoda.
Postado em 22 dez 2015
Chico Buarque ama o Rio de
Janeiro, entre outros motivos, porque pode circular ali à vontade.
Faz caminhadas e corridas com regularidade, sem que ninguém o incomode, a
não ser um ou outro fã para uma selfie.
Ou fazia.
Chico vai ter de rever seus conceitos com
relação a seus exercícios em sua cidade. Não são mais os paparazzi
flagrando seus jantares com a namorada a uma distância regulamentar.
Agora são fascistinhas em bando que acham normal tolher o direito de ir e vir.
Uma “playboyzada” — na definição de
Emicida — achou natural abordar de maneira agressiva um sujeito que vê
pela TV por causa de suas posições políticas. Dois dos palhaços foram
identificados: Túlio Dek, um rapper que ninguém ouviu falar a não ser
por seu namoro fugaz com a prima Cleo Pires, filha da atriz Glória
Pires, registrado por revistas de fofoca; e o filho de Álvaro Garnero,
Alvarinho.
Nenhum deles faz, como diria minha tia
calabresa, porra nenhuma. Também não são obrigados, claro. Estavam, ao
que parece, saindo do restaurante Sushi Leblon. O filho de Garnero
causou controvérsia, recentemente, com um vídeo em que aparecia,
alcoolizado, acariciando Ronaldo Fenômeno, que o chamava de namorado.
O pai saiu em sua “defesa” quando o rapaz
foi “xingado” de gay. Álvaro, auto intitulado “empresário”, apresentava
um programa de turismo jabazeiro na Rede TV, viajando e se hospedando
de graça. Nunca deu Ibope, mas a intenção não era essa, e sim viajar
na picaretagem. Filiou-se ao PRB. Pega uma praia com o amigo Aécio
quando a agenda permite.
Mário Garnero, pai de Álvaro, portanto avô de Alvarinho,
esteve no centro do “escândalo Brasilinvest”, banco de investimentos que
fechou em 1985 porque mais da metade de seus empréstimos fora contraída
por empresas “fantasmas”.
Garnero foi indiciado pela Polícia Federal por
estelionato, formação de quadrilha e operações fraudulentas no mercado
financeiro. Em 1997, teve a prisão preventiva pedida pela Procuradoria
Geral da República.
Esses moleques inúteis e mal nascidos
perderam a modéstia, a educação e a civilidade. Fundiram-se com a
coxinhada revoltada on line que acabou com redes sociais, devastando as
regras mais básicas, e agora atropelam a Constituição.
Até prova em contrário, qualquer um tem o
direito de acreditar no que quiser — no PT, na mula sem cabeça ou em
bula de remédio. Não para eles. Se pudesse, esse pessoal construiria
muros separando gente de “bem” e o resto. Tudo isso, obviamente,
enquanto grita contra a ditadura bolivariana e manda os outros irem para
Cuba.
Ao Globo, Túlio Dek se disse “um grande
fã”, mas não entende como o ídolo “continua defendendo o PT”. Chico, um
homem bem sucedido, branco, rico como ele, deveria ser como ele.
O Rio de Janeiro que Chico ama talvez não
exista mais. Acabou o sossego. Desta vez, o encontro com a milícia do
ódio terminou relativamente bem. Da próxima, quem sabe o que pode
acontecer?
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Para os que xingaram Chico Buarque. Antes de vocês nascerem Chico Buarque já lutava para vocês terem liberdade de expressão, liberdade que agora estão destruindo com o ódio, o mesmo ódio que o Chico venceu e vai vencer de novo. Apesar de vocês.
O mal-entendido. Por Bernardo Mello Franco. Xingar e agredir quem pensa diferente é um comportamento autoritário, próximo do fascismo. Confundir isso com democracia não passa de um lamentável mal-entendido, para usar as palavras do historiador." No jornal Folha de São Paulo.
O mal-entendido
Bernardo Mello Franco
O artista foi hostilizado por um grupo de jovens ao sair de um restaurante em que jantava com amigos. Alguém filmou a abordagem com o celular e jogou o vídeo na internet.
"Você é um merda", diz um dos homens, encorajado por alguns chopes a mais. "Quem apoia o PT o que é?", ele pergunta. "É um petista", responde o artista, sem elevar a voz. "É um merda", rebate o agressor.
Em outra passagem, um rapaz grita: "O PT é bandido!". "Eu acho que o PSDB que é bandido. E agora?", devolve Chico. Em vez de argumentar, o provocador sai pela tangente. "Não tô defendendo partido, mas o PT é bandido. Odeio política", desconversa, como todo coxinha costuma fazer..
Apesar das ofensas, o filho de Sérgio Buarque se mantém cordial. Sorri, aperta mãos, pergunta os nomes dos jovens. Um deles é rapper e ex-namorado de uma atriz global. Outro é filho do playboy Alvaro Garnero.(O filho de Garnero causou controvérsia, recentemente, com um vídeo em que aparecia, alcoolizado, acariciando Ronaldo Fenômeno, que o chamava de namorado)
No fim da discussão, o líder do grupo faz a última tentativa. "Para quem mora em Paris, é fácil", ele afirma. O artista vive no Leblon, a poucos minutos a pé do restaurante.
O cineasta Cacá Diegues estava entre os amigos que jantaram com Chico. No fim da ditadura militar, ele cunhou a expressão "patrulha ideológica" para criticar militantes de esquerda que tentavam desqualificar quem não compartilhava suas ideias.
Agora é a nova direita verde-amarela que recorre ao discurso do ódio contra políticos e intelectuais identificados com o PT e o governo. No caso mais lamentável, o ex-ministro Guido Mantega foi hostilizado quando acompanhava a mulher em um hospital.
Xingar e agredir quem pensa diferente é um comportamento autoritário, próximo do fascismo. Confundir isso com democracia não passa de um lamentável mal-entendido, para usar as palavras do historiador
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