“Se você vai passar pelo inferno, não pare de andar.” (Winston Churchill)
O que falar de 2016? Para nós, que prezamos a democracia e um Estado de bem-estar social, foi um ano de muitas decepções, de muitas tristezas. Um ano que começou sob o manto da mentira e da hipocrisia daqueles que se aliaram ao que há de mais sórdido na prática política, e termina com as imprevisíveis e temerosas consequências resultantes desse espetáculo de insensatez.
Tivemos um duro golpe contra a nossa Constituição, contra a vontade soberana do povo, com a derrubada da presidenta Dilma do poder. Ela sofreu um longo processo de execração pública, mesmo não tendo cometido crime de responsabilidade ou qualquer delito que justificasse seu afastamento. Foi banida, sobretudo, porque parte da elite, a que domina o capital e os privilégios, não tolera o avanço das classes mais baixas. Afinal, como já escreveu alguém, ao desdenhar desses avanços, qual a graça de ir ao aeroporto e correr o risco de encontrar o porteiro do prédio onde mora embarcando para uma viagem? O ódio de classe foi canalizado para o verde e amarelo do combate à corrupção, apenas a um partido, é claro, ficando politicamente correto.
Aí, como alertamos, o golpe é continuado! Veio a PEC 55 para desmontar a Constituição de 1988 e garantir um Estado "enxuto", retirando direitos e reduzindo investimentos; assegurando, contudo, que o sistema financeiro não perca. Depois, a reforma da previdência, que desmonta todas as conquistas de proteção aos mais pobres e aos trabalhadores e, para fechar o ano em grande estilo neoliberal, a reforma trabalhista solicitada pelo capital.
Na outra linha desse golpe continuado, tivemos a vergonhosa caçada e perseguição ao presidente Lula. Aliás, bastou sair uma pesquisa dizendo que ele estava em primeiro lugar na intenção de votos da população para que o ativismo político de setores do Ministério Publico e do Judiciário voltasse com toda força, em mais denúncias e indiciamentos inconsistentes. Não é possível uma liderança como o presidente Lula sofrer, junto com a sua família, um processo de perseguição tão mesquinho e revoltante. Os pesos e medidas do sistema judiciário e da mídia são diferentes, dependendo da pessoa!
Então, o que esperar ou propor para 2017? Com certeza não teremos notícias alvissareiras. Mas podemos fazer alvissareira a nossa caminhada. Será um ano esplendoroso para luta e resistência. Será um ano de grande participação popular em defesa de direitos e conquistas. Um ano para mostrar as diferenças do Brasil inclusivo e do Brasil excludente. Será um ano de aprendizado para todos nós! De defesa intransigente da democracia.
Um ano para devolver ao povo o direito de definir quem o governará, a partir de qual programa e de quais alianças. Um ano para resgatar a política como instrumento efetivo de mudanças na sociedade; de cobrar transparência de todas as instituições, inclusive aquelas que se julgam arautos da moralidade. Um ano para descobrir e enfrentar a falsidade de grupos midiáticos que têm lado, interesse e manipulam grande parte da opinião pública a seu favor. Será um ano voltado para a coragem e para a caminhada firme e constante em busca de resgatar o Brasil de justiça que estávamos construindo.
Não será um ano para lamentos. Será um ano de ação! Ação em favor do Brasil, para mostrar que há caminho diferente, melhor e necessário para nossa economia trilhar. A austeridade como finalidade única só interessa àqueles que têm dinheiro acumulado, grande fortunas, ganham com o rentismo e não com o trabalho. Esse modelo de economia que estão implantando no país não será aceito pacificamente pelo povo. O Brasil já experimentou outro caminho, foi anestesiado por campanhas enganosas que esconderam os avanços. Mas agora que o povo está experimentando o gosto amargo dos ajustes que a elite impõe, não aceitará!
Por isso estou otimista, vamos lutar e resistir. Sem parar de andar!
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