(Por César Moura) - "Confesso que durante muito tempo desconfiei
realmente que o ex-presidente Lula estava pessoalmente implicado nessa
roubalheira que tem acometido o Brasil desde sempre, mas que recrudesceu
do governo FHC para cá - não em quantidade, mas em visibilidade. A
contribuir para tal desconfiança - quase convicção - havia aquela
sensação difusa de que todo político é desonesto, somada ao fato de que o
Lula fechou os olhos para os esquemas de corrupção
de sua base aliada. Mídia e vários colegas da vida real e do facebook
só ajudaram a reforçar cada vez mais essa desconfiança: "Como pode todo
mundo roubar e só o comandante maior não"? Enfim, a desconfiança foi
ficando tão forte, que não seria fácil demovê-la. Somente as ações de um
obstinado juiz para conseguir me provar que o ex-presidente não roubou
junto com sua base aliada. Sempre ajudado por aloprados delegados da PF e
membros do ministério público, o incansável juiz, em uma verdadeira
cruzada ideológica, proporcionou ao vivo, em cores e muitas vezes em
tempo real, uma devassa geral na vida do ex-presidente. Hoje, após três
anos de muitos confiscos de computadores, quebras de sigilo fiscal,
telefônico e bancário, grampos ilegais, condução coercitiva e até
depoimentos de delatores de várias estirpes, nenhuma única prova foi
encontrada a incriminá-lo. Na realidade, o mais perto que chegaram foi
um conjunto de lâminas do mais tosco powerpoint, repletas de convicções,
mas zero provas. No rastro dessa devassa, iam-se descobrindo, meio a
contragosto da PF, MP e do próprio Moro, contundentes provas da
existência de alguns icebergs da corrupção política nacional, cujas
pontas são 23 milhões de um Serra aqui, 10 milhões de um Temer ali,
milhões e milhões de um Cunha e família acolá, além do indefectível
Aécio, que conseguiu a proeza estar em todas as delações. Assim,
agradeço o infatigável juiz pelas robustas provas da inocência do Lula
e, consequentemente, por ter restabelecido em mim a confiança de que meu
voto em 2018 está em boas mãos".
Nenhum comentário:
Postar um comentário