Talvez o caso da juíza Patrícia Acioli possa ajudar a entender o caso da vereadora Marielle Franco.
A juíza, que havia condenado 60 PMs cariocas por assassinatos, foi executada, em 2011, nas proximidades do Rio de Janeiro, dentro do seu carro.
A quem interessava sua morte?
A investigação concluiu que os autores do atentado foram 11 PMs que ou temiam ser os próximos denunciados ou queriam proteger seus colegas de farda contra novas condenações da juíza.
Além de silenciá-la para sempre também passaram recado aos outros juízes: olha o que pode acontecer se você fizer o mesmo que ela.
Ou seja: os PMs assassinos queriam imunidade para continuar a matar.
Esse raciocínio pode dar pistas acerca da motivação dos assassinos da vereadora Marielle.
Tal como a juíza Patrícia, ela denunciava assassinatos de PMs – especialmente os do 41º. Batalhão - nas favelas cariocas e a sua multiplicação depois da intervenção militar no Rio.
Tal como a juíza foi executada dentro do seu carro.
A quem interessava sua morte?
Não há como não concluir que os maiores interessados seriam PMs, seja os do batalhão apontado por ela, seja todos os que se sentiam ameaçados por suas denúncias e o que mais desejavam era que ela se calasse para sempre.
Também interessava a eles passar o seguinte recado a quem pretende denunciar policiais por abusos: olha o que pode acontecer se você fizer o mesmo que ela.
Porém, como se trata de execução sumária de uma vereadora, de esquerda, no contexto de uma intervenção militar, o episódio ganha novos contornos, diferentes dos do caso da juíza.
Contornos políticos.
Por meio do atentado, os assassinos de Marielle passaram também um recado ao general da intervenção: queremos continuar matando sem sermos incomodados por ativistas ou vamos bagunçar seu coreto.
Mas erraram ao não prever o vulto que o caso tomou, não só no Brasil, no mundo, chegou até à ONU, porque a causa dos direitos humanos é pauta internacional.
Com a chantagem homicida deram tiro no próprio pé. Caçá-los é prioridade nacional. Eles são os criminosos mais procurados do país.
E a intervenção militar passou a ser mais questionada pelos que anseiam ardentemente que o Rio volte a ser a cidade maravilhosa
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