por Gustavo Conde
A direita
fascista não se irrita com a senadora Gleisi Hoffmann apenas por sua
incansável luta pela redemocratização do país. O que mais dói na direita
fascista brasileira é sua insustentável leveza do ser. Eu poderia dizer
que a "leveza" de Gleisi tem a ver com o fato de ela ser magra, esbelta
e extremamente bonita, mas isso soaria antiquado e diversionista.
Gleisi é magra. Esbelta. Linda.
Sua elegância incomoda. Mas sua luta intransigente pela redemocratização
do país e sua garra diante da situação inédita de terra arrasada,
liderando o maior partido popular do Brasil e sendo a transmutação da
voz do maior líder político da história a elevam a uma nova categoria.
Gleisi foi eleita presidente do PT
com o apoio maciço do partido. A bênção de Lula, no entanto, deixou-a
em uma posição de liderança pouco comum para um partido com tantos
quadros e correntes. Gleisi é uma quase unanimidade porque ela aceitou o
desafio de conduzir o partido nessa travessia dolorosa do golpe. Gleisi
exerce talvez o papel mais importante que jamais um líder do PT
exerceu.
Hoje, ela traduz e encarna o
partido, a luta das mulheres, a luta pela democracia, a luta pela
liberdade de Lula. Gleisi inspira, Gleisi encanta, Gleisi grita para
todo o país todos os dias que a democracia vai voltar e vai voltar com
as cifras da felicidade que habitam todo o espectro da esquerda nesse
momento histórico.
O país, não se enganem, corre um
risco absolutamente inédito de perder o que lhe resta de identidade, a
identidade de seu povo, não os mitos criados pela elite e que, estes
sim, foram sendo perdidos após quatro governos extremamente
democráticos.
O país corre o risco de fragmentar
sua soberania de maneira irrecuperável. O tombo institucional foi muito
grande. Moro, FHC e poder judiciário como artífices de um ataque
estrangeiro sem precedentes não representam o exotismo de um país
carnavalesco e avacalhado apenas. É um parasitismo sério e com DNA
subscrito: o DNA do mercado e dos EUA, no bojo da política imperialista
sem limites e no limite de seu enfraquecimento (sabemos da China e do
esfacelamento da sociedade americana diante de sua contradições e da
saturação histórica de seu poder).
De sorte - ou falta de - que
estamos diante da mais dramática situação política e social da história
do país. As riquezas naturais - depois do povo, o nosso maior patrimônio
- estão sendo entregues de maneira torpe e ilegítima. A própria
população está sendo jogada contra si através da Rede Globo e os gritos
de separatismo ecoam perigosos nos centros financeiros e até acadêmicos.
O Brasil não derrete como sempre
derreteu, com suas instituições periodicamente falimentares e sua elite
constantemente pusilânime e golpista. O Brasil derrete em sua soberania
básica e em sua auto compreensão residual de país.
É por isso que Gleisi Hoffmann
encarna uma das mais emblemáticas líderes políticas da nossa história,
já, neste momento em que ela surge como catalisador político e núcleo
irradiador de decisões, sendo a voz em liberdade que Lula encontrou para
exercer sua crescente e eterna ascendência sobre o povo brasileiro.
Gleisi não é um "instrumento" de
Lula, embora isso fosse também digno de honraria histórica. Até porque
Lula, assim como a esquerda legítima, não entende as pessoas como
vetores instrumentais, visão dominante no espectro da direita darwinista
brasileira. Gleisi é persona, é dicção, é inteligência, é
transparência, é coragem, é articulação, é o espírito incansável que não
se intimida com o assédio misógino do pode judiciário nem com o jogo
baixo da contra informação fake do jornalismo de guerra.
Gleisi é, neste momento, o norte
do país, seu destino e suas circunstâncias. O Brasil do futuro passa por
Gleisi Hoffmann. Não foi à toa que Lula a escolheu e nela depositou
toda a sua verve e inteligência política. Lula, mais uma vez, sabe com o
que está lidando em termos de estatura espiritual e em termos de
lealdade visceral. É bonito ver a relação profunda e intensa que Lula e
Gleisi construíram juntos.
Gleisi, portanto, passou a
incomodar muito, quase tanto quanto Lula. Senadores tucanos e políticos
golpistas em geral a temem, porque sabem da dimensão de sua palavra,
investida de legitimidade e investida do discurso e do ethos de Lula.
Gleisi não nega a origem nem o
gênero. Lutou por Dilma como uma guerreira da mesma estatura da
presidente legítima. Foram dois ícones na luta contra o impeachment sem
crime. É evidente e admirável o quanto Gleisi e a própria Dilma
cresceram após o impeachment. Hoje, ambas mal conseguem disfarçar o
sorriso pleno da imensa vitória moral que lhes abastece a alma. Sorriso
acompanhado de luta.
Na noite de ontem em Contagem,
enquanto sites fascistas espalhavam memes sobre a decisão do Supremo
Tribunal Federal, de pautar seu julgamento, Gleisi sorria. Sorria e
empunhava sua força política e sua beleza insuportável para o horrendo
golpe e seus machos velhos e feios.
Sorria livre, leve e solta.
Leve.
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