6.03.2019

Ex-assessores de Carlos Bolsonaro não têm registro na Câmara do Rio

Dois investigados pelo MP estavam lotados no gabinete de Carlos sem ter a presença atestada pelo sistema da Câmara

Ex-assessores de Carlos Bolsonaro não têm registro na Câmara do Rio

Os dois ex-funcionários ligados a Fabrício Queiroz empregados no gabinete 
do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente Jair Bolsonaro, 
nunca emitiram crachá funcional ou registraram entrada como visitantes na Câmara
 Municipal do Rio de Janeiro. O órgão afirma que qualquer servidor da Casa 
precisa fazer uma das duas coisas para comprovar que tem frequência, mesmo
 que exerça funções externas - um deles estava registrado como motorista.
Documentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que 
Claudionor Gerbatim de Lima e Márcio da Silva Gerbatim, investigados pelo 
Ministério Público do Rio, passaram o período em que estavam lotados no 
gabinete de Carlos sem ter a presença atestada pelo sistema da Câmara. 
"Se for servidor da CMRJ, para qualquer função que exercer, deverá 
utilizar o crachá funcional", diz a nota enviada pela assessoria da 
Casa à reportagem. "Para nomeado para cargo em comissão ou efetivado 
via concurso público, o crachá funcional será emitido para acesso 
às dependências do Legislativo, seja qual for a atividade a ser exercida."
Claudionor e Márcio tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados na 
investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro no 
gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) na Assembleia
 Legislativa do Rio (Alerj) entre 2007 e 2018, além da prática de 
"rachadinha" - por meio da qual assessores "fantasmas" devolvem 
parte do próprio salário para o parlamentar que os nomeou. 
Eles já estiveram lotados em gabinetes dos dois irmãos na 
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando Flávio era deputado
 estadual, e na Câmara municipal, com Carlos.
Claudionor e Márcio são, respectivamente, sobrinho da atual mulher
 de Fabrício Queiroz e ex-marido dela. Queiroz é o pivô da investigação
 sobre repasses suspeitos na Alerj. Ele era, oficialmente, motorista de
 Flávio, quando movimentou em sua conta cerca de R$ 1,2 milhão
 entre janeiro de 2016 e o mesmo mês do ano seguinte. O valor
 foi considerado "atípico" pelo Conselho de Controle de Atividades
 Financeiras (Coaf) - caso revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Rodízio
Os parentes da ex-mulher de Queiroz fizeram uma espécie de rodízio
 entre os gabinetes dos dois irmãos. Empregado como motorista pelo
 vereador entre abril de 2008 e abril de 2010, Márcio foi nomeado 
logo depois como assessor-adjunto no gabinete de Flávio na Alerj,
 onde ficou até maio de 2011. No mesmo dia, Claudionor ganhou
 a vaga no gabinete de Carlos na Câmara Municipal.
Para o especialista em direito administrativo Carlos Ari Sundfeld, 
professor da FGV-SP, o fato de não haver registro de entrada 
dos assessores de Carlos é um "indício sério" de que eles 
"não exerciam função nenhuma". Isso pode configurar, afirma
 Sundfeld, improbidade com dano ao erário, já que os servidores
 recebiam salários por funções que supostamente não exerciam. 
"Ainda é um indício, mas um indício sério", disse.
Por telefone, o chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro, Jorge Luís 
Fernandes, disse que a Câmara do Rio já havia respondido aos 
questionamentos da reportagem, e garantiu que Claudionor e Márcio
 foram funcionários efetivos do vereador. Ele, no entanto, 
não explicou qual era função que Claudionor exercia 
- Márcio era motorista. O chefe de gabinete também afirmou que,
 se os crachás não foram emitidos, quem tem de responder 
por isso é a Câmara, que é a responsável pelo cadastro, e não o gabinete
 do vereador. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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