4.14.2008

Alzheimer, doença que ainda desafia a medicina

Por enquanto, única forma de enfrentar a moléstia é mitigar sintomas, pois não há cura.
Veja quais são os fatores de risco e maneiras de tentar prevenir a chegada da doença.

Esquecer a senha do banco, não lembrar onde estão as chaves do carro e se perder no meio de uma conversa são coisas que podem acontecer com qualquer um de nós, sem maior significado.

Porém, se a perda de memória se torna freqüente, principalmente para fatos recentes, e a isso se somam, dificuldades na execução das tarefas do dia a dia, no reconhecimento de pessoas conhecidas e alterações de comportamento, esses sinais podem apontar para um problema mais sério. Esses sintomas estão entre os freqüentemente apresentados pelos pacientes que estão desenvolvendo a doença de Alzheimer.

A doença de Alzheimer é uma doença neurológica progressiva caracterizada pela atrofia do cérebro, que leva a alterações que são muitas vezes confundidas com “esclerose” ou “caduquice”, inevitáveis no idoso. A doença afeta 3% dos idosos com mais de 65 anos e 40% dos que têm mais de 85 anos.
Diagnóstico raro
Apesar de afetar cerca de 18 milhões de pessoas no mundo, com um contingente de vitimas estimado entre 500 mil e 1 milhão em nosso país, somente um quarto dos que sofrem com essa doença têm seu diagnóstico estabelecido.

A descrição da doença de Alzheimer remonta ao início do século 20, no ano de 1906. Apesar de todo esse tempo e de muitas pesquisas dedicadas ao tema, a causa da doença de Alzheimer ainda não está definitivamente esclarecida. O impacto econômico do problema está na ordem de centenas de milhões de dólares por ano nos Estados Unidos, onde o mal de Alzheimer já é a quarta causa de óbitos.

A doença apresenta estágios progressivos, nos quais os pacientes vão dependendo cada vez mais de auxílio para o dia-a-dia, até que se tornam totalmente dependentes mesmo para as funções básicas, como higiene pessoal e alimentação. O processo de evolução não tem um curso obrigatório, porém na média leva entre cinco a dez anos.

Fatores de risco
Apesar de não sabermos a causa específica do mal de Alzheimer, alguns fatores de risco contribuem para seu aparecimento: idade avançada, a presença de alterações genéticas e uma história familiar de demência. Outros fatores que podem estar associados ao problema são depressão, traumatismos cranianos, doença vascular cerebral e baixa escolaridade.

Por causa desses fatores, algumas medidas preventivas podem ser propostas: manter a mente ativa, independente da idade; a prática de exercícios físicos e de bons hábitos de sono pode diminuir a chance do aparecimento da doença. O tratamento da doença de Alzheimer consiste em controlar os sintomas e tentar retardar a evolução da doença para garantir a melhor qualidade de vida dos pacientes.

Na última semana foi lançado no Brasil o primeiro medicamento para doença de Alzheimer que se vale de um adesivo transdérmico. Quando pensamos na dificuldade de administrar comprimidos a uma pessoa com essa doença, a novidade promete facilitar a vida das vítimas de Alzheimer.

Saiba mais:
A doença de Alzheimer ou mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro caracterizada por uma perda das faculdades cognitivas superiores, manifestando-se inicialmente por alterações da memória episódica. Estes défices amnésicos agravam-se com a progressão da doença, e são posteriormente acompanhados por défices visuo-espaciais e de linguagem. O início da doença pode muitas vezes dar-se com simples alterações de personalidade, com ideação paranóide.

A base histopatológica da doença foi descrita pela primeira vez pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1909, que verificou a existência juntamente com placas senis (hoje identificadas como agregados de proteína beta-amilóide), de emaranhados neurofibrilares (hoje associados a mutação da proteína tau, no interior dos neurotúbulos). Estes dois achados patológicos, num doente com severas perturbações neurocognitivas, e na ausência de evidência de compromisso ou lesão intra-vascular, permitiram a Alois Alzheimer caracterizar este quadro clínico como distinto de outras patologias orgânicas do cérebro, vindo Emil Kraepelin a dar o nome de Alzheimer à doença por ele estudada pela primeira vez, combinando os resultados histológicos com a descrição clínica.
Efeitos da doença:
Caracteriza-se clinicamente pela perda progressiva da memória. O cérebro de um paciente com a doença de Alzheimer, quando visto em necrópsia, apresenta uma atrofia generalizada, com perda neuronal específica em certas áreas do hipocampo mas também em regiões parieto-occipitais e frontais.
A perda de memória causa a estes pacientes um grande desconforto em sua fase inicial e intermediária, já na fase adiantada não apresentam mais condições de perceber-se doentes, por falha da auto-crítica. Não se trata de uma simples falha na memória, mas sim de uma progressiva incapacidade para o trabalho e convívio social, devido a dificuldades para reconhecer pessoas próximas e objetos. Mudanças de domicílio são mal recebidas, pois tornam os sintomas mais agudos. Um paciente com doença de Alzheimer pergunta a mesma coisa centenas de vezes, mostrando sua incapacidade de fixar algo novo. Palavras são esquecidas, frases são truncadas, muitas permanecendo sem finalização.
Evolução da doença:
A evolução da piora é em torno de 5 a 15% da cognição (consciência de si próprio e dos outros) por ano de doença, com um período em média de oito anos de seu início e seu último estágio. Com a progressão da doença passa a não reconhecer mais os familiares ou até mesmo de realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. No estágio final necessita de ajuda para tudo. Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e outros sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da doença, devido à total perda de noção de lugar e de tempo e da deterioração geral. Em geral a doença instala-se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos quarenta anos, e relatos raros de início na infância, de provável cunho genético. Podem aparecer vários casos numa mesma família, e também pode acontecer casos únicos, sem nenhum outro parente afetado, ditos esporádicos.
Tratamento da Doença:
O tratamento visa a confortar o paciente e retardar o máximo possível a evolução da doença. Algumas drogas são úteis no início da doença, e sua dose deve ser personalizada. São os inibidores da acetil-colinesterase, medicações que inibem a enzima responsável pela degradação da acetilcolina produzida e liberada por um núcleo na base do cérebro (núcleo basal de Meynert). A deficiência de acetilcolina é considerada epifenômeno da doença de Alzheimer, mas não é o único evento bioquímico/fisiopatológico que ocorre. Mais recentemente, um grupo de medicações conhecido por inibidores dos receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato) do glutamato entrou no mercado brasileiro, já existindo no europeu há mais de uma década. A memantina é tal droga, e sua ação dá-se pela inibição da ligação do glutamato, neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central a seus receptores. O glutamato é responsável por reações de excitotoxicidade com liberação de radicais livres e lesão tecidual e neuronal. Há uma máxima na medicina que diz que uma doença pode ser intratável, mas o paciente não.

Fonte: INTERNET

Um comentário:

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

DROGA ANTIARTRITE TEM SUCESSO EM TESTES CONTRA MAL DE ALZHEIMER
12/04/2008
Medicamento experimental levou a melhora em 90% dos casos, diz cientista. Um grupo de pesquisadores dos EUA afirma ter descoberto uma droga que, injetada em pacientes de mal de Alzheimer, alivia em poucos minutos os sintomas da doença, que causa perda da memória. Cientistas do Instituto de Pesquisa Neurológica da Universidade da Califórnia, que iniciaram um teste clínico com a droga, afirmam que já trataram cerca de 50 pacientes com o novo fármaco e que 90% deles apresentaram melhora. O resultado, contudo, é preliminar, já que ainda não foi avaliado por pesquisadores independentes para uma publicação científica, como é de praxe. O sucesso inicial do ensaio clínico foi divulgado à imprensa na forma de vídeos de pacientes tratados com a droga, batizada de etanercept. Em um deles, um portador de Alzheimer com 82 anos de idade, que não reconhecia a mulher havia anos, cumprimenta-a pelo nome cinco minutos após receber a droga. A notícia foi divulgada anteontem pela rede de TV britânica BBC, o que causou uma enxurrada de ligações para a Sociedade de Alzheimer do Reino Unido. Especialistas afirmam porém, que ainda é preciso encarar os resultados da droga com cautela, já que eles ainda não foram comparados sistematicamente com um medicamento comum para tratar o mal de Alzheimer. O etanercept, na verdade, não é uma nova droga, amas os pesquisadores da Califórnia inventara uma nova maneira de de usá-lo, injetando-o na medula espinhal na região das vértebras cervicais, na nuca. O método facilita a passagem de moléculas do fármaco do sangue para o tecido cerebral. A droga já é usada hoje contra artrite, pois bloqueia a disseminação de uma molécula que causa inflamação e dor nas juntas. Acredita-se que essa substância previna inflamações no cérebro, e assim ajude a preservar funções cerebrais. Alívio em sintomas - "O que vemos é uma melhora na habilidade para pensar e calcular, melhora da memória e aumento da habilidade verbal; os pacientes acham as palavras mais facilmente", diz Edward Tobinick, médico que lidera a pesquisa. "Eles também parecem mais felizes e nós notamos com freqüência uma melhora na locomoção de pacientes." Segundo os cientistas, a melhora dos pacientes no teste aumentou até o terceiro mês de tratamento, em geral, e depois se estabilizou. Pacientes que aderiram a um teste-piloto da droga já estão sendo tratados há três anos, diz o grupo. "Os resultados são entusiasmantes, mas nós precisamos tratar o estudo com cautela", disse Suzanne Sorenson, presidente da Sociedade Alzheimer. - Do "Independent" -
Fonte: Folha de São Paulo