ANEURISMA: DOENÇA SILENCIOSA QUE MATA
Dilatação da artéria pode provocar ruptura e hemorragia interna. A morte do ator Luiz Carlos Tourinho, 43 anos, na manhã da última segunda-feira, em decorrência de um aneurisma cerebral, deixou boa parte da população curiosa, sem saber ao certo o que é um aneurisma e quais são suas conseqüências. A doença de artistas cresce o interesse da população sobre ela e com a morte Tourinho, não foi diferente. Pessoas que sofrem da doença também ficaram confusas sem saber ao certo como foi a morte do ator, uma vez que em 2005 o ator esteve internado entre 30 de março e 13 de abril, quando foi submetido a uma cirurgia em função do sangramento de um aneurisma. Na comunidade Aneurisma Cerebral do site de relacionamento Orkut, os membros da comunidade abriram um tópico para discutir o tema. Assustados, alguns membros perguntavam, se o ator teve outro sangramento, se a morte ocorreu em decorrência do tratamento ou de um clipe (o clipe é uma das forma de tratamento que evita que a aneurisma se rompa). Em linhas gerais, um aneurisma é uma dilatação em uma artéria, e ela pode surgir em qualquer parte do corpo. O problema tem a conseqüência mais grave quando ocorre na aorta, que é a maior artéria do corpo. De acordo com o médico Pedro Puech-Leão?, especialista em aneurismas, às vezes, essa dilatação pode gerar uma hemorragia interna, caso seja grande e se rompa. Isso, se a dilatação se romper e o sangue que circula na aorta vazar para dentro do tórax ou do abdome, dependendo de onde ocorreu a ruptura. "Essa hemorragia, muitas vezes, é fatal, não dando tempo ao paciente de chegar ao hospital", afirma o médico. E, apesar de Luiz Carlos Tourinho ter sido uma vítima fatal da doença e de ela ser difícil de ser tratada, não é sempre que ela mata. O que se sabe é que em 50% dos casos a pessoa acometida sobrevive, mas parte deste percentual pode ficar com alguma seqüela. DIAGNÓSTICO - O grande problema é que o aneurisma é uma doença bastante silenciosa. É difícil identificar se a pessoa sofre ou não desse mal. E, o da aorta, que é o mais grave, ainda é mais difícil de ser descoberto, pois a doença não apresenta sintomas. Quando o aneurisma ocorre em outras partes do corpo, segundo o médico, os pacientes podem sentir dor no abdome quando o aneurisma se expande rapidamente. "Mas não se pode confiar apenas nisso para detectar sua presença, porque nem sempre isso ocorre", ressalta. Na maioria dos casos, o aneurisma é descoberto por acaso. Se o paciente não for muito gordo é possível saber se ele tem a doença palpando a região. É aconselhável aos homens com mais de 50 anos que façam o exame de ultra-sonografia pelo menos a cada cinco anos, para verificar a presença da doença. Quando o aneurisma ocorre na cabeça é muito difícil identificá-lo. Na medida em que ele vai crescendo, gera dor de cabeça, sensibilidade à luz e pode causar náusea, vômito e perda de consciência. No caso de ocorrer na cabeça, o único jeito de diagnosticá-lo é fazer uma tomografia computadorizada, ressonância magnética ou mesmo angiografia, que é mais precisa. No caso, o ator Luiz Carlos Tourinho, ela já havia sido operado após uma hemorragia gerada por uma ruptura da artéria. Ele sofria de aneurisma cerebral e mantinha tratamento. O motivo da morte não foi uma segunda hemorragia, mas sim, uma parada respiratória, também em conseqüência do aneurisma. Nos casos em que é necessária a cirurgia, mesmo que ocorra tudo bem durante o procedimento, ele não é garantia de que a pessoa continuará tendo uma vida normal. Alguns cuidados precisam ser tomados e, em algum momento, o aneurisma pode aparecer novamente. "Se a dilatação romper, a hemorragia, muitas vezes, é fatal, não dando tempo ao paciente de chegar ao hospital" PEDRO PUECH-LEÃO, MÉDICO ESPECIALISTA EM ANEURISMAS - FORMAS DE TRATAMENTO - Apesar de parecer fatal, o aneurisma tem tratamento. Segundo o especialista Nelson Wolosker, existem três formas de tratar os pacientes: o tratamento clínico, o cirúrgico convencional e o cirúrgico endovascular. O clínico consiste em controlar os fatores de risco e acompanhar o tamanho do aneurisma. Fazem parte do grupo de risco dessa doença pessoas que tenham herança genética de aneurismas, hipertensão, colesterol e triglicerídeos, diabetes, tabagistas e sedentárias. Nesse caso, é indicado parar de fumar, controlar a hipertensão arterial e a hiperlipidemia. Para acompanhar a evolução da doença, os pacientes devem fazer constantes ultrassonografias, tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas. "O tratamento clínico não leva à regressão do aneurisma e, dificilmente, impede a progressão deles", destaca o médico. É uma forma de controle. Se a dilatação aumentar, o jeito é a cirurgia. A cirurgia remover a dilatação e a substitui por uma ponte artificial, feita com tecido sintético. Depois, é indicado que o paciente permaneça na unidade de terapia intensiva entre 24 horas e 48 horas e se mantenha internado entre cinco a sete dias. Após um mês de recuperação, a grande maioria dos pacientes volta à vida normal. O tratamento endovascular foi desenvolvido para corrigir aneurismas abdominais. Ele consiste em uma endoprótese, que é introduzida no aneurisma através da artéria femoral (na virilha), que evita a realização de incisões abdominais externas. De acordo com o médico Nelson Wolosker, hoje, essa técnica pode ser utilizada em quase todos os casos. "É uma cirurgia menos invasiva e oferece menor tempo de internação", explica. LUZIA TEVE ANEURISMA CEREBRAL E FOI OPERADA - A cabeleireira Luzia Miranda, 50 anos, escapou com sucesso de um aneurisma cerebral que teve em junho de 2006. A primeira manifestação que teve foi uma dor de cabeça muito intensa. "Sempre tive dores de cabeça, mas nunca com tanta força como dessa vez", explica. Uma amiga a encontrou caída, em casa e, na mesma hora, ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que chegou em dez minutos. Assim que ela chegou no Hospital Regional do Guará, o médico fez o diagnóstico: aneurisma cerebral. Na mesma hora ela foi encaminhada para o Hospital de Base, mas Luzia teve um derrame logo na entrada. Após oito dias internada, ela foi submetida a uma cirurgia para corrigir o derrame. O médico deu um prazo de 72 horas para sua recuperação. Porém, seu filho Wesley de Araújo, levou um susto saber que o prazo dado pelo médico havia encerrado e sua mãe continuava desacordada. Passaram cinco dias até que a cabeleireira acordasse. RECUPERAÇÃO - "Quando acordei o médico detectou que tinha água na minha cabeça. Foi preciso colocar uma válvula para retirar o excesso do líquido. Para fazer isso, rasparam metade do cabelo da minha cabeça", lembra Luzia. Os médicos consideraram um milagre que Luzia se restabelecesse. Após quatro meses de recuperação, a cabeleireira foi reaprendendo a caminhar, retomou todos os movimentos e retornou ao trabalho. Sua visão foi afetada e, como conseqüência do aneurisma, não enxerga muito bem com o olho esquerdo. "Fora o problema da vista, o cuidado que devo ter é com a minha alimentação e procuro evitar gordura", explica a cabeleireira. Passado o susto, Luzia leva uma vida normal e, atualmente, não toma nenhum medicamento e nunca mais teve dores de cabeça. Cirurgias para correção de aneurismas são delicadas e apresentam muitos riscos. Quando a cirurgia convencional é feita devido à ruptura do aneurisma, o rico de morte chega a 80% dos casos. Já o risco de mortalidade nos casos de cirurgia convencional para aneurismas assintomáticos e cirurgia endovascular para aneurismas convencionais variam de 1% a 3%. RELAÇÃO COM AVC - O aneurisma costuma ser confundido com acidente vascular cerebral (AVC). Como o AVC pode ser gerado por um aneurisma, algumas pessoas acham que ele sempre vai gerar um AVC, mas não é sempre que isso ocorre. Eventualmente um aneurisma pode ocasionar, como conseqüência, um AVC hemorrágico, também conhecido como derrame cerebral. Geralmente, ele ocorre quando uma artéria ou veia se rompe e há um vazamento de sangue, que obstrui a passagem dele. Nem todo aneurisma pode se manifestar em AVC, mas parte dos AVCs hemorrágicos são consequências de um aneurisma. Assim como o aneurisma, a tendência ao AVC também é difícil de ser descoberta. A principal característica dele é a rapidez. Em questão de segundo a horas, ele se manifesta. Os sintomas são muito parecidos com os de outras doenças e servem como alerta para que a pessoa procure um médico imediatamente para fazer o diagnóstico. Ele começa a se manifestar por uma alteração da linguagem. A pessoa fala enrolado e não entender o que lhe é dito. A perda da visão de um olho ou de parte do campo visual, assim como uma dor de cabeça súbita seguida de vômitos, sonolência ou coma; perda de memória, confusão mental e dificuldades para executar tarefas habituais. O AVC é rápido, então, diante de uma suspeita, o ideal é correr para o hospital. Até se medicar sem orientação profissional pode causar danos enormes. Muitas vezes, a pressão arterial está elevada e, na tentativa de tentar baixá-la, surgem os riscos, pois a pressão baixa dificulta a chegada do sangue ao cérebro, complicando o quadro.
Fonte: COMVISA- Noticias(Ranking)
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