4.16.2008

Disfunção Eréctil

A impotência ou disfunção eréctil é definida como incapacidade do homem manter uma erecção satisfatória. Pode resultar de factores psicológicos, orgânicos ou resultar do uso de fármacos.

A disfunção eréctil é comum com o envelhecimento (impotência completa pode atingir cerca de 15% dos homens com 70 anos) e é aumentada pela existência de patologias como diabetes mellitus, doença cardíaca, hipertensão e doenças neurológicas. De entre os fármacos que podem causar disfunção eréctil incluem-se antagonistas adrenérgicos beta, diuréticos da família das tiazidas, antidepressores, antipsicóticos, hormonas, anti-hiperlipidémicos do grupo dos fibratos, anticonvulsivantes, L-DOPA, anti-ulcerosos da família dos antagonistas H2, o alopurinol, a indometacina, o disulfiram e anti-histamínicos e/ou antieméticos da família das fenotiazinas.

A erecção é um processo hemodinâmico integrado a nível do SNC, controlado pelo sistema nervoso autónomo e modulado por um conjunto de mensageiros locais a nível do pénis. A nível do SNC, a dopamina parece ser um dos mensageiros envolvidos na integração das respostas erécteis, o que explica a utilização de agonistas dopaminérgicos como, por exemplo, a apomorfina, no tratamento da disfunção erectil. A noradrenalina participa na modulação por efeitos a nível central e a nível periférico. Esta modulação é exercida através de receptores alfa-1 e alfa-2 que parecem mediar efeitos opostos (ensaios realizados em modelos animais mostraram que a activação de receptores alfa-1 estimula, enquanto que a activação de receptores alfa-2 inibe a cópula). A participação dos receptores alfa-2 na modulação dos comportamentos sexuais pode explicar o modesto efeito estimulante sexual de alguns antagonistas dos receptores alfa-2 como, por exemplo, a ioimbina. Porém o seu uso isolado para este fim está mal documentado.

O conhecimento dos mensageiros envolvidos na comunicação autócrina a nível do pénis e dos respectivos mecanismos de transdução têm estimulado o aparecimento de fármacos que, actuando por via local ou sistémica, facilitam a manutenção de uma erecção mais satisfatória. O mensageiro que tem atraído maior atenção é o monóxido de azoto (NO). O NO causa relaxamento do músculo liso das arteríolas e do músculo liso trabecular do pénis, do que resulta acumulação de sangue no pénis e intumescência. O NO actua principalmente por aumento dos níveis intracelulares de GMP cíclico. O efeito do NO é limitado principalmente pela fosfodiesterase de tipo 5 que, ao metabolizar o GMP cíclico em GMP, interrompe a cascata de efeitos iniciada pelo NO.

O sildenafil, o tadalafil e o vardenafil são inibidores selectivos da fosfodiesterase de tipo 5, activos por via oral. Da inibição deste subtipo de fosfodiesterase resulta um aumento do t½ do GMP cíclico (potenciando o efeito do NO), maior relaxamento muscular e maior intumescência. Como a libertação de NO está dependente de uma estimulação neuronial, este fármaco tem menores condições para causar erecção na ausência de estimulação sexual. Embora mereça aceitação geral que o efeito destes fármacos se deva a uma acção periférica, o conhecimento de que o NO parece estar envolvido nos processos centrais que controlam a erecção, levanta a possibilidade de existir também uma contribuição central para a sua acção. Para além da sua utilização no tratamento da disfunção eréctil, tem sido sugerida a utilização do sildenafil para facilitar a micção (por relaxar o músculo liso da próstata e da uretra), e discutida uma potencial utilização no tratamento de disfunções sexuais femininas, bem como da hipertensão pulmonar.

O alprostadilo (prostaglandina E1) é um fármaco com acção vasodilatadora e antiagregante plaquetária. Tem sido utilizado também, por administração intracavernosa ou intrauretral, para o diagnóstico de disfunções da erecção e no tratamento de algumas formas de disfunção eréctil.

A papaverina é um alcalóide do ópio, não opiáceo, com uma acção relaxante muscular atribuída a inibição das fosfodiesterases e tem sido usado por via intracavernosa, no tratamento da disfunção eréctil.

Outros medicamentos, por vezes de composição complexa, têm sido propostos para correcção da disfunção eréctil. A sua eficácia não é superior aos placebos, pelo que não devem ser usados.

A associação de fármacos na disfunção eréctil tem-se vulgarizado nalguns países mas as que envolvem os inibidores da fosfodiesterase estão desaconselhados. Há que ter presente que reacções adversas (nomeadamente priapismo) podem surgir com maior frequência quando se recorre a associações.

Um comentário:

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

'Pílula do amor' completa uma década

Viagra revolucionou mercado como a primeira droga oral para a impotência

A pílula contra disfunção erétil mais famosa do mundo está prestes a completar 10 anos no Brasil. Produzido pelo laboratório americano Pfizer, o Viagra chegou às farmácias brasileiras em 1° de junho de 1998 e, ao longo de uma década, já vendeu mais de 80 milhões de comprimidos no País. No mundo inteiro, a ‘pílula do amor’ já alcançou a impressionante marca de 1,8 bilhão de comprimidos vendidos. A estimativa do laboratório é que, a cada segundo, sejam vendidos seis ‘diamantes azuis’ — como são mais conhecidos os comprimidos do Viagra — em todo o planeta.

O mais curioso na história do Viagra é que os cientistas da Pfizer não estavam lá muito preocupados em descobrir um remédio para combater a impotência masculina. A princípio, os pesquisadores testavam uma substância chamada sildenafila que, acreditavam eles, reduziria os sintomas da hipertensão. Quando os estudos estavam quase sendo cancelados, alguns pacientes relataram um estranho, digamos, ‘efeito colateral’. A pressão continuava alta, está certo, mas eles passaram a ter ereções por mais tempo e com mais freqüência.

Desde que foi aprovado pelo FDA — o órgão que regula alimentos e remédios nos EUA —, o Viagra já foi utilizado por mais de 35 milhões de homens em 125 países. De prescrição médica obrigatória, só não deve ser adotado em paralelo a remédios à base de nitratos, como os usados por pacientes que sofreram infarto ou angina.

“O Viagra é um medicamento revolucionário porque foi o primeiro tratamento por via oral para disfunção erétil. Antes dele, os pacientes que apresentavam algum grau de impotência masculina eram tratados com psicoterapia, se a origem do problema fosse psicológica, ou com injeções de prostaglandinas e próteses penianas, caso os males fossem de natureza orgânica. Neste caso, os tratamentos eram muito invasivos e agressivos”, afirma o urologista Sidney Glina, da Sociedade Internacional para Estudo e Pesquisa da Impotência e Sexualidade.

Remédio de mil e uma utilidades

O que não faltam são histórias curiosas sobre o Viagra. Uma delas é a do bebê prematuro, salvo na Inglaterra graças à ‘pílula azul’ da Pfizer. Um dos pulmões da criança falhou e os médicos recorreram à pílula, que ajudou a dilatar vasos para que o oxigênio fosse levado ao resto do corpo. Já em Israel, a força aérea planeja dar Viagra a pilotos de combate para melhorar seu ‘desempenho’ nos vôos. Estudos com alpinistas mostraram que, em locais com pouca concentração de oxigênio, eles ficaram menos vulneráveis ao cansaço tomando Viagra.