3.16.2010

Sinusite

Quando o frio chega e a umidade dá uma trégua, abrem-se as portas para micróbios que levam à sinusite. E haja dor de cabeça, congestão nasal... Conheça todas as saídas para se livrar desse aperto
por Paula Desgualdo

Respire fundo. Estamos naquele período do ano em que o nariz sofre — e como sofre! Casacos guardados durante meses finalmente saem do armário, o ar está mais seco e a poeira voa livre, leve e solta por todos os cantos. Para piorar, a gente tenta esquentar o corpo se amontoando em locais fechados, um prato cheio para a proliferação de vírus e bactérias. Assim, está armado o circo para que as doenças respiratórias promovam seu show. Nesta época, gripes e resfriados dão o ar da graça e a rinite ataca, deixando as vias aéreas expostas a toda sorte de inflamações. Aí, basta um micro-organismo mais esperto aproveitar a brecha e pronto: instala-se a sinusite — ou rinossinusite, como preferem os especialistas. “É muito raro ocorrer a sinusite sem uma rinite”, justifica Antônio Douglas Menon, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Quem já enfrentou o problema conhece os sintomas: a cabeça fica pesada e o rosto parece que vai explodir.Sem falar naquela secreção esverdeada que sai do nariz. Mas a doença às vezes dá sinais menos óbvios. “Rouquidão e tontura também podem ser indícios”, exemplifica o otorrinolaringologista Fernando Chami, do Centro de Pesquisa e Estudo da Medicina Chinesa, em São Paulo. Até dor de dente a sinusite, como ainda é popularmente conhecida, pode provocar.

Todo esse mal-estar ocorre porque os seios da face — as cavidades que ficam no interior dos ossos, ao redor do nariz, da maçã do rosto e dos olhos — entopem. Daí, abrir caminho para que o ar circule tranquilamente pelos seios da face nem sempre é tarefa fácil.

Felizmente, a ciência tem trabalhado para desenvolver novas soluções para dar fim a esse sufoco. A equipe do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, na capital paulista, acaba de trazer ao Brasil uma cirurgia criada nos Estados Unidos, parecida com o procedimento usado para desentupir artérias do peito: a sinuplastia com balão. “É mais uma ferramenta para combater a rinossinusite”, acredita o otorrinolaringologista João Flávio Nogueira, que já testou o método em 12 pacientes. Menos agressiva do que a cirurgia tradicional, ela seria recomendada para crianças, idosos ou aqueles que não podem se expor a sangramentos, por exemplo.

“É importante frisar que a nova técnica não é a solução para todos os problemas”, pondera João Flávio Nogueira. Ou seja: embora a sinuplastia apresente bons resultados — os pacientes que fizeram o teste passam muitíssimo bem —, o método requer indicações precisas, e nem sempre é a melhor escolha.

A cirurgia tradicional, que como a nova operação também é guiada por videoendoscopia, continua cumprindo eficientemente o papel de desobstruir os seios paranasais — para isso, os tecidos que estão bloqueando as cavidades são cortados e removidos. “Hoje, ela melhora a qualidade de vida dos pacientes em cerca de 85% dos casos crônicos”, aponta Renato Roithman, presidente da Academia Brasileira de Rinologia. A intervenção cirúrgica, é bom lembrar, só entra em cena em casos graves ou quando todas as possibilidades de tratamento clínico falham.

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Diagnóstico da sinusite

Um vez que o nariz pode ficar entupido com o resfriado comum, a pessoa pode confundir uma simples congestão nasal com sinusite. Porém o resfriado geralmente dura de 7 a 14 dias e desaparece sem tratamento. Já a sinusite aguda dura mais e geralmente causa mais sintomas do que um simples resfriado. O médico geralmente diagnostica a sinusite aguda ao escutar os sintomas do paciente e fazer exame físico, o qual inclui examinação dos tecidos nasais. Se os sintomas forem vagos ou persistentes, o médico pode pedir uma tomografia computadorizada para confirmar a sinusite.

Já com relação à sinusite crônica, o testes laboratoriais para diagnóstico podem incluir:
* Testes de sangue para verificar outras condições associadas com a sinusite, como deficiência imunológica ou fibrose cística.
* Culturas para detectar infecção bacteriana ou por fungos.
* Biopsia para determinar a saúde das células do revestimento da cavidade nasal.

Tratamento da sinusite

Depois de diagnosticada a sinusite e identificada sua causa provável, o médico pode sugerir tratamentos que reduzirão a inflamação e aliviarão os sintomas.

Tratamento da sinusite aguda
O médico pode recomendar o seguinte para a pessoa com sinusite aguda:
* Descongestionantes para reduzir a congestão nasal.
* Antibióticos para controlar a infecção bacteriana, caso esteja presente.
* Analgésico para reduzir qualquer dor.

Porém, deve-se usar descongestionantes somente por alguns dias. Se usá-los por períodos mais longos pode-se ocasionar ainda mais congestão e inchaço das vias nasais. Caso a sinusite tenha sido causada por bactéria, antibióticos utilizados com descongestionante geralmente ajudarão. O médico pode prescrever um antibiótico que ataque o tipo de bactéria mais comumente associado à sinusite. Muitos casos de sinusite acabam sem o uso de antibióticos. Se a pessoa tem uma doença alérgica com sinusite, pode precisar de medicamentos para aliviar os sintomas da alergia. Caso o paciente já tenha asma e então fica com sinusite pode experimentar a piora da asma e deve entrar em contato com seu médico. Adicionalmente, o médico pode prescrever outro tratamento para reduzir a congestão, inchaço e inflamação.


Tratamento da sinusite crônica
Os médicos geralmente acham difícil tratar a sinusite crônica com sucesso, percebendo que os sintomas persistem mesmo depois do uso de antibióticos por um longo período. Alguns médicos usam sprays nasais contendo esteróides. Outros tratam a sinusite crônica como se fosse uma infecção, através de antibióticos e descongestionantes. Há ainda os que fazem o tratamento com uma combinação de antibióticos e sprays nasais contendo esteróides. É preciso ainda mais pesquisas para determinar qual é o melhor tratamento.

Os sprays nasais contendo esteróides são prescritos para reduzir a inflamação na sinusite crônica. Por ainda não se ter certeza da segurança do seu uso a longo prazo, é preciso que o médico pese os riscos e benefícios.

Em casos graves de sinusite crônica o médico pode receitar esteróides orais, como prednisona. Uma vez que os esteróides orais são medicamentos fortes e podem ocasionar efeitos colaterais significativos, deve-se usá-los somente em casos nos quais outros remédios não funcionaram.

Embora remédios caseiro não possam curar a sinusite, eles podem proporcionar algum conforto:
* Inalar vapor de um vaporizador pode abrandar a inflamação.
* Spray nasal salino pode proporcionar alívio.
* Calor gentilmente aplicado sobre a área inflamada pode oferecer conforto.

Quando o tratamento médico falha, cirurgia pode ser a única alternativa para a sinusite crônica. Estudos sugerem que a maioria das pessoas que passaram pela cirurgia tem menos sintomas e melhor qualidade de vida.

Copacabana Runners

Um comentário:

Leonardo Fontenelle disse...

Quanto à prevenção da sinusite recorrente, uma medida muito mais simples é o tratamento da rinite alérgica, se estiver presente. Cerca de um quinto das sinusites agudas são causadas por rinite alérgica, a qual causa congestão nasal e atrapalha a drenagem da secreção normal dos seios da face, propiciando a acumulação de bactérias.

Os descongestionantes nasais têm um papel razoavelmente bem estabelecido nos resfriados, mas são pouco úteis para sinusites. Pelo menos um estudo identificou que a falta de resposta a descongestionantes nasais era um indício de sinusite aguda, e a maioria dos estudos aponta que os descongestionantes não ajudam na cura da sinusite.

Há poucos anos surgiu uma nova classe farmacêutica para o tratamento das sinusites agudas (não sei se se aplicam às crônicas também): os corticoides tópicos. É importante fazer a ressalva de que os estudos se fixaram em pacientes com sintomas leves ou moderados. Dito isso, é importante divulgar que os corticoides tópicos se mostraram pelo menos tão eficazes quanto os antibióticos, e com menos efeitos adversos. O mecanismo de ação proposto é a descongestão do complexo óstio-meatal, facilitando a drenagem da secreção purulenta e eliminando o ciclo vicioso que mantém a sinusite aguda.