10.27.2013

Professores municipais decidem pôr fim à greve no Rio após 5h de votação

Na quinta, profissionais do estado também decidiram voltar ao trabalho.
Assembleia foi marcada por bate-boca, briga e divisão de grupos.

Káthia Mello Do G1 Rio
143 comentários
Em uma assembleia ainda mais tumultuada e tensa do que a que decidiu pelo fim da greve dos professores estaduais nesta quinta-feira (24), os profissionais da educação do município do Rio também votaram, nesta sexta (25), pelo fim da paralisação iniciada no dia 8 de agosto. O encontro, realizado no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte da cidade, teve início às 14h30. Após cinco horas e três votações, 1.085 votaram a favor do fim da greve e 888 votaram pela continuidade da paralisação.
A Secretaria Municipal de Educação informou que as aulas devem ser retomadas na terça-feira (29) porque segunda (28) é feriado do Servidor Público.
Ocorreram três votações durante a assembleia. Duas visuais, quando os presentes levantam a mão para manifestar o voto, e uma individual — e decisiva —, com contagem de cada voto. Pela manhã, o Conselho Deliberativo do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) se reuniu com nove regionais para formular a proposta para ser apresentada na assembleia. Oito regionais decidiram pela volta ao trabalho e apenas uma, da região de Madureira, foi contra.
Já famoso em manifestações, 'Batman' também marcou presença na assembleia dos professores da rede municipal (Foto: Kathia Mello/G1)Já famoso em manifestações, 'Batman' também
marcou presença e posou ao lado da 'Branca de
Neve', que disse considerar a proposta da
prefeitura uma 'maçã envenenada' (Foto: Kathia
Mello/G1)
Pancadaria
Antes da votação, a assembleia foi palco de pancadaria, por volta das 17h30. No momento em que docentes discursavam para defender suas posições e tentar conquistar o voto dos pares, houve uma briga entre um professor e uma mulher, vestida com uniforme de aluno da rede municipal. Ela disse se chamar Claudia Aparecida Flôrencio e  estar matriculada na Escola Municipal México. Ela ficou ferida na cabeça e foi atendida pelo serviço médico do clube.   

Mais cedo, três homens foram expulsos do Clube Municipal, acusados pelos presentes de serem "infiltrados", por não fazerem parte da categoria. Eles estavam nas arquibancadas e foram denunciados por um grupo de professores. Um outro homem que estava no mesmo local apresentou o contracheque para comprovar que era professor.
Reposição das aulas
A Secretaria Municipal de Educação divulgou nota informando que recebeu com satisfação a decisão da assembleia dos profissionais da educação de encerrar a greve nesta sexta-feira. A Secretaria informa que todos  todos os acordos firmados pela Prefeitura com o sindicato serão cumpridos.

De acordo com a nota, caberá à direção de cada unidade escolar avaliar o tamanho das faltas ocorridas durante a paralisação e elaborar o plano de reposição.Segundo a pasta, os alunos que ficaram sem aulas vão receber recuperação emergencial de aprendizagem por reforço escolar além de leitura e dever de casa com material preparado para a reposição.
Também poderá haver aulas na semana prevista para o período de recesso do mês de dezembro de 2013, os sábados e os dias em que não estejam previstas atividades regulares nas unidades escolares, horários vagos na grade escolar e também o mês de janeiro de 2014.
Avaliação do movimento
O Coordenador do Sepe, Marcelo Santana, que a direção do sindicato encaminhou a suspensão da greve mas quem definiu foram os professores reunidos na assembleia. Ele também comentou o resultado da votação e o clima tumultuado da votação. "Foi apertado mas a luta continua. A gente clama a categoria para a união porque temos muita coida para derrotar. O que temos de lição foi a capacidade de mobilização após 19 anos sem fazer greve", completou.

Sobre o Plano de Cargos e Salários, o sindicato avalia que o plano continua rejeitado pelos professores. "Continuaremos lutando para conseguir que ele seja retirado de alguma forma. Existem recursos em andamento", disse a coordenadora do Sepe, Gesa Correa.  
Reunião com ministro
A pauta da reunião desta sexta foi a audiência de conciliação realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) na terça (22), em que o ministro Luiz Fux se reuniu com docentes e chegou a anunciar que havia um acordo para o fim da greve.

No encontro, estiveram presentes também o secretário da Casa Civil do governo do Rio de Janeiro, Regis Fichtner, e o secretário da Casa Civil da Prefeitura do Rio, Pedro Paulo Carvalho Teixeira.
De acordo o ministro do STF na ocasião, ficou decidido que não haverá corte do ponto nos salários em relação aos dias parados. Ainda segundo Fux, os governos estaduais e municipais terão que devolver os valores já descontados e os professores deverão repor os dias parados.
Manifestante que foi agredida já havia sido detida em protesto (Foto: Káthia Mello / G1)Manifestante que foi agredida já havia sido detida
em protesto (Foto: Káthia Mello / G1)
Ao fim do encontro, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) chegou a informar que as aulas poderiam voltar já na sexta.
No caso da rede municipal, no entanto, o próprio documento assinado pelas partes prega que o Sindicato Estadual de Profissionais da Educação (Sepe) deveria retomar "as atividades escolares de forma integral ao início do próximo dia útil", após "deliberação assemblear na sexta-feira".
Assembleia da rede estadual: discussão acirrada
Após uma discussão acirrada e com alguns momentos de tensão, cerca de mil profissionais da educação estadual  do Rio de Janeiro decidiram, às 18h20 desta quinta, encerrar a greve que afetou cerca de 45 mil alunos.

O acordo prevê o abono das faltas durante a greve, a reposição das aulas e a não punição aos grevistas. O reajuste para os professores ficou em 8%. A categoria reivindicava 19%.
Professores da rede municipal decidem pelo fim da greve  (Foto: Káthia Mello/G1)Votação decide pelo fim da greve nesta sexta (25) (Foto: Káthia Mello/G1)

O mau exemplo dos professores: greve longa e protestos violentos para pressionar governo podem abrir precedentes

Médicos e guardas municipais são algumas das categorias que estão de olho nos benefícios concedidos aos educadores e querem o mesmo tratamento

Cecília Ritto e Thiago Prado, do Rio de Janeiro
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Rio de Janeiro - Manifestante durante protesto no Dia dos Professores, no centro - (15/10/2013)
Rio de Janeiro - Manifestante durante protesto no Dia dos Professores, no centro - (15/10/2013) - Yasuyoshi Chiba/AFP
A greve dos professores do Rio de Janeiro encerrada na sexta-feira após 79 dias tira pelo menos um item da extensa pauta de manifestações dos protestos da cidade. Mas isso não quer dizer que os atos na porta da Câmara dos Vereadores vão se enfraquecer. Pelo contrário. A pressão dos educadores ganhou tanta repercussão e o apoio em massa da população que os benefícios alcançados – apesar de não ser exatamente o que eles queriam – começaram a despertar interesse de outras categorias. Médicos e guardas municipais já procuraram o presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB), para lembrar que eles também esperam melhores condições de trabalho.
Os encontros ocorreram há cerca de um mês, coincidindo com os momentos mais tensos dos protestos de professores, como o dia da invasão ao Legislativo municipal para barrar a votação do Plano de Cargos e Salários encaminhado pelo prefeito Eduardo Paes. Felippe diz que ainda não recebeu uma pauta concreta de reivindicações, mas os vereadores admitem que a movimentação era esperada. O que eles temem, agora, é que o movimento dos educadores – que chegaram a apoiar abertamente os black blocs, responsabilizados pelos vandalismos em atos de todo o país – abra um precedente para outros profissionais. O problema é seguir a parte ruim do exemplo, como a que fez do Centro da cidade um cenário de guerra.
A categoria que mais preocupa no momento é a dos médicos, que teve o corporativismo inflado desde o lançamento do programa Mais Médicos, do governo federal, que facilitou a vinda de estrangeiros para trabalhar no Brasil. “A presidente Dilma Rousseff acabou por unir mais categoria”, confirma o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Sidnei Ferreira. As reivindicações são antigas, mas nunca ganharam a mesma adesão popular como as dos professores. Há pelo menos dez anos, eles pedem um Plano de Cargos e Salários e a abertura de concursos públicos. Agora, eles veem na recente ebulição nas ruas uma chance de engrossar seu coro.
Remuneração - Salário é uma questão chave e, assim como no caso dos professores, a que deve causar mais divergências. O Cremerj defende piso salarial de 10.800 reais para uma jornada de 20 horas semanais na rede pública. Segundo Ferreira, esse valor fica em torno de 3.000 na capital hoje. Para os profissionais de 40 horas semanais, o conselho aponta como remuneração ideal 20.000 reais - podendo chegar a 26.000, ao fim da carreira, para o esquema de dedicação exclusiva. Para Felippe, os valores não são razoáveis, uma vez que ultrapassam em muito o salário médio do brasileiro, de 4.135,06 reais para quem tem ensino superior completo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O pleito dos médicos é o da população que foi às ruas reclamar da qualidade do transporte, da educação e da saúde”, destaca o presidente do Cremerj. “Então, o governo federal mostrou que não tinha um plano nacional para saúde. A solução foi dizer que os médicos não queriam ir para o interior. A questão não é essa. Não há médico nesses hospitais, porque não é realizado concurso público”, completa, referindo-se à justificativa usada para implantar o programa Mais Médicos. “Espero que a população entenda a nossa pauta e também apoie o nosso movimento, que, nesses dez anos, não parou”, pede Ferreira.

Rio: fatos marcantes dos 79 dias de greve dos professores

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Educadores da rede pública entram em greve

Os professores das redes estadual e municipal entraram em greve no dia 8 de agosto. O pedido era por um plano de cargos e salários, com aumento imediato da remuneração. Foram feitas diversas passeatas pacíficas no Centro do Rio - black blocs não eram bem-vindos nos atos convocados pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe). A partir da paralisação, a prefeitura abriu as negociações com os educadores do município. Representantes do Sepe se reuniram diversas vezes com os secretários municipais da Educação, Claudia Costin, e da Casa Civil, Pedro Paulo. O prefeito Eduardo Paes participou de alguns encontros – todos registrados em atas e com a assinatura de professores e de representantes da prefeitura.
 

Um comentário:

Erlon disse...

Numa greve todos perdem. O texto a seguir relata bem o trauma disso para os estudantes.
http://cutucandoaonca.blogspot.com.br/2013/10/professora-posso-ir-ao-banheiro.html