12.17.2014

As superbactérias

Data: 15/12/2014
Superbactérias resistentes a antibióticos poderão custar à economia global até US$ 100 trilhões em 35 anos. Se as infecções não forem controladas, a partir de 2050 poderão matar pelo menos 10 milhões de pessoas por ano. Isso significa mais do que o total de mortes provocadas pelo câncer hoje em dia. A conclusão é de um estudo coordenado pelo economista Jim O’Neill, encomendado pelo governo britânico.
O’Neill, ex-economista do Grupo Goldman Sachs, ficou famoso mundialmente ao criar o termo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que mais tarde ganhou um “s” pela adesão da África do Sul.

O estudo ressalta que os países emergentes poderão sofrer os maiores impactos do problema por causa do aumento no número de casos nestas nações.
“Este é um problema global significativo, talvez da mesma dimensão das mudanças climáticas”, afirmou O’Neill. “A solução disso é um pouco como na questão da mudança climática. O custo de evitar o problema é muito menor do que o custo de não evitá-lo”, completou.

A análise, encomendada em julho pelo primeiro-ministro David Cameron, foca no problema cada vez mais grave da resistência aos antibióticos. O estudo pede uma “ação internacional coerente” na regulação e no uso dos remédios.

A previsão de 10 milhões de mortes por ano até 2050 é maior do que a taxa anual de óbitos por câncer, que está em torno de 8,2 milhões de pessoas, segundo o levantamento, que levou em conta projeções do instituto de pesquisas Rand Europe e da consultoria KPMG para estipular as taxas de mortalidade causadas pelas chamadas "superbactérias" e também para calcular o seu impacto econômico nos sistemas de saúde.

As bactérias super resistentes a antibióticos são responsáveis hoje por pelo menos 700 mil mortes por ano. A África e a Ásia poderão ter o maior número de vítimas até 2050. Na Europa e na América Latina, o número de mortos poderá chegar a 400 mil, enquanto na América do Norte, 300 mil, de acordo com o estudo.

“O mundo precisa levar a sério a luta contra o aumento da resistência aos antibióticos”, advertiu Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos EUA e presidente emérito da Universidade de Harvard. “Ignorar amaré de infecções resistentes a antibióticos coloca em risco os avanços na medicina conquistados arduamente no século passado”, completou ele.

A resistência aos antibióticos tornou-se tão aguda que uma era pós-antibióticos, na qual infecções comuns e ferimentos menores possam levar à morte, é uma possibilidade neste século, constatou em abril a Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso abusivo de antibióticos entre humanos e em animais de criação é a principal causa do problema.

Muitas empresas pararam de desenvolver drogas contra infecções anos atrás para focar no tratamento de doenças cronicamente mais lucrativas, como o câncer e os problemas de coração. Outras companhias já começaram a enxergar oportunidades na produção de antibióticos, como a Cubist Farmaceuticals, que vende três tipos de remédios para infecções resistentes e difíceis de tratar, e tem quatro outros já na fila para entrar na linha de produção. Isso fez com que a empresa se transformasse na líder do mercado de antibióticos.

A Merck, segunda maior farmacêutica americana, fez um acordo nesta semana para comprar, por US$ 8,4 bilhões, a Cubist, que batalhou por duas décadas em uma área amplamente negligenciada pelo resto da indústria farmacêutica.

O grupo que produziu a análise, divulgada na quinta-feira, estudou o impacto futuro da resistência para cinco infecções comuns: três infecções bacterianas, incluindo a E.coli, além da malária, da tuberculose e do HIV.

Fonte: Brasil Econômico

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