A mexicana Graciela Elizalde, 8 anos,
sofre até 400 ataques epilépticos diários. Ela iniciou o uso de uma dose
de 0,23 ml, do medicamento comercializado nos Estados Unidos sob o nome
de Charlotte's Web
AFP - Agence France-Presse
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Graciela Elizalde e a fisioterapeuta na casa da família da menia em Guadalupe em 2 de setembro. Foto: Carlos Ramirez/AFP |
México
- Uma menina mexicana de oito anos que sofre até 400 ataques
epilépticos diários é a primeira pessoa no México a usar um medicamento à
base de maconha - depois de o governo autorizar o tratamento, informou
seu pai nesta quarta-feira. Graciela, de oito anos, começou a tomar na
terça-feira "uma dose de 0,23 ml, duas vezes ao dia", do medicamento
comercializado nos Estados Unidos sob o nome de Charlotte's Web, disse
Raúl Elizalde, pai da menina.
"Ainda é cedo
para saber se está funcionando. Os médicos acreditam que os efeitos
positivos poderão ser observados em dois meses", acrescentou Elizalde.
Graciela, que vive na cidade de Monterrey, um polo industrial do norte
do México, sofre de uma severa forma de epilepsia conhecida como
síndrome de Lennox-Gastaut.
Os pais já apelaram
para fortes tratamentos - até mesmo uma cirurgia no cérebro - para
melhorar as dores da menina, mas nada funcionou até agora para melhorar
sua frágil condição. No mês passado, um juiz concedeu autorização para o
uso do canabidiol (CBD), o que provocou objeções do governo do México -
afogado numa sangrenta guerra contra o tráfico de drogas.
Finalmente,
o ministério da Saúde se comprometeu a ajudar a obter a permissão para
importar o remédio produzido pela farmacêutica britânica GW
Pharmaceuticals, que continua em fase de testes."Cabe esclarecer que
esta autorização sanitária não significa o aval para o uso da maconha em
nenhuma de suas formas", alertou o ministério da Saúde na semana
passada.
Em abril, a GW Pharmaceuticals disse
que relatórios de pesquisas mostraram que o medicamento levou a uma
redução de 54% dos ataques entre 137 crianças e jovens adultos que o
tomaram por 12 semanas em 11 hospitais norte-americanos. O presidente
Enrique Peña Nieto, cujo governo mantém uma luta contra cartéis do
tráfico de drogas que já matou dezenas de milhares de pessoas em uma
décadas, se opõe à descriminalização da maconha no país.
A
legalização da maconha, contudo, já é uma realidade que abre caminho em
outras partes da América Latina, como Uruguai, que legalizou a produção
e venda em 2013, e o Chile, que deu um passo à frente neste sentido em
julho deste ano. Nos Estados Unidos, vizinho do México, mais de 20
estados legalizaram a maconha.
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