Ao incluir a acusação de que o governo "pedalou" (fez manobras contábeis) para pagar o Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, a oposição tenta evitar duas contestações jurídicas: a de que os pedidos anteriores, que se baseavam em irregularidades nas contas de 2014, não poderiam ser aditados, e a de que o presidenta da República não pode ser responsabilizada por crimes cometidos anteriores ao seu atual mandato.
Cunha está envolvido em acusações de que possui contas secretas na Suíça, por meio das quais teria recebido propina de contratos com a Petrobras, e patrimônio não declarado no exterior de cerca de R$ 61 milhões, o peemedebista poderá usar o requerimento como moeda de troca de apoio do governo para tentar evitar sua cassação por quebra de decoro parlamentar.
'Isenção'
Carregando a petição e três grandes pastas de anexos em um carrinho de ferro, líderes do PSDB,DEM
PPS e Solidariedade entregaram o novo pedido ao presidente da Câmara. O peemedebista prometeu analisá-lo com "toda isenção" e processá-lo "dentro da normalidade e legalidade". Cunha afirmou que não há prazo para anunciar se vai deferir ou não o pedido. A expectativa da oposição, contudo, é de que a resposta seja anunciada até o fim de novembro.
O novo pedido de afastamento da presidente (golpe) foi apresentado pela oposição após liminares concedidas pelo STF proibindo o rito de tramitação de processos de impeachment de Dilma, estabelecidos por Cunha ao responder questão de ordem da oposição, e aditamentos a requerimentos de afastamentos já apresentados. A previsão inicial era de que o novo pedido fosse protocolado na sexta-feira passada.
A inclusão dos decretos que aumentaram as despesas do governo, contudo, provocou o adiamento. Líderes da oposição se mostraram confiantes de que o presidente da Câmara vai deferir o pedido. Embora tenham reiterado anteontem o conteúdo de nota em que pedem o afastamento do peemedebista do cargo, oposicionistas avaliaram que Cunha tem toda a legitimidade para analisar o requerimento, mesmo envolvido em denúncias de corrupção. Para o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), o peemedebista possui "legitimidade e prerrogativas" para analisar o requerimento, enquanto não renunciar ou se licenciar do cargo.
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