11.29.2015

Vale (quase) tudo para emagrecer. Será mesmo?

Especialistas alertam para riscos de dietas que abolem alimentos importantes para a saúde

O Dia
Rio - Depois de interpretar o deus mitológico Thor nos filmes da Marvel, o ator australiano Chris Hemsworth divulgou uma foto na pele de seu novo personagem quase irreconhecível — magro, sem os braços musculosos e abdome tonificado.
O ator passou por uma dieta de 500 calorias por dia para emagrecer para seu novo papel. Chris, porém, não está sozinho quando o assunto é loucura para emagrecer. Com a chegada do verão cada vez mais próxima, muitas pessoas fazem de (quase) tudo para perder aqueles quilinhos extras.

Alessandra Mattos, de 38 anos, rainha de bateria da Inocentes de Belford Roxo, adotou a ‘Dieta da Papinha’ em seu cardápio. Perdeu peso, mas também a saúde.
Foto: Divulgação

Aos 38 anos, a preocupação com o corpo é fundamental para Alessandra Mattos, rainha de bateria da Inocentes de Belford Roxo. Quando precisou emagrecer de maneira rápida, adotou a ‘Dieta da Papinha’ em seu cardápio. “De fato, emagreci. Mas aquilo não me fez bem. Durante dois meses, me sentia mal, tinha tonteiras, fraqueza. Cheguei até a ficar anêmica!” Hoje, Alessandra tem uma dieta simples e balanceada.
Mas a musa conta com um truque: adiciona Noz da Índia no suco durante o dia. A nutricionista clínica esportiva do Centro Estético Carmela G, Bianca Genoese, diz que uma pitada da raspa da semente por dia ajuda a regularizar o intestino e a acelerar o metabolismo. Mas atenção: tem efeitos laxativos e é contraindicada para pessoas com problemas hepáticos, cardíacos e intestinais.
A correria para emagrecer aquece a propagação de ‘dietas milagrosas’, que prometem grande emagrecimento em tempo recorde. Mas a coordenadora dos cursos de Nutrição e Gastronomia do IBMR, Ana Gonçalves, alerta: cada indivíduo possui uma necessidade nutricional e vitamínica diferente.
“O problema é que as pessoas acham que a dieta do vizinho ou a dieta da moda vai ser boa para elas. Mas dietas são individualizadas. Dependem das necessidades específicas de cada um”, explica.
A jornalista Caroline Correa de Carvalho também já fez uso de muitas práticas radicais. Aos 15, chegou a ficar anoréxica de tanto fazer a ‘Dieta da Sopa’. Depois veio a do ovo, a da proteína… Hoje, aos 30, afirma que aprendeu a lição: “Prefiro ser gordinha e saudável do que magrela e doente.”
Originada do latim, a palavra ‘dieta’ significa “estilo de vida”. Para Ana Gonçalves, a relação entre dieta e modo de vida deve ser reforçada: “Não existe milagre. É preciso ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios e beber em média três litros de água por dia. Emagrecer é uma programação. Leva tempo e dedicação”, .
Segundo a nutricionista, outro risco das ‘dietas milagrosas’ é o efeito sanfona. Depois de se privar de muitos alimentos de forma abrupta, o organismo passa a absorver mais do que o normal com a ingestão de novos alimentos, engordando novamente. “Se a pessoa perde quilos, ela pode encontrá-los novamente. É preciso eliminá-los com reeducação alimentar e nova filosofia de vida”.
Para Bianca, alimentação é “80% do trabalho”. Mas, além do cardápio balanceado, é preciso investir em exercícios e se aceitar. “Ninguém aguenta fazer dieta a vida inteira. As pessoas podem escorregar, comer um chocolate e uma pipoca de vez em quando. É preciso consciência para se segurar no dia seguinte, e aliar exercícios à dieta”.
Professor de Educação Dísica da academia Rio Sport Center, Allan Faria desenvolveu o ‘Life Day 90’, um método para emagrecer em 90 dias. Mesmo assim, defende não haver milagre e que três meses são o período mínimo necessário para obter resultados médios ou bons. “Quanto mais cedo se propor a fazer o trabalho, melhor será o resultado. De hoje até o Carnaval, conseguimos resultados. Mas o ideal é começar um treinamento de seis meses, no mínimo”.
Cinco dietas malucas

- Dieta das 500 calorias
Com variedade, a dieta adotada pelo intérprete de Thor na telona permite consumir alimentos leves até atingir a marca de 500 calorias por dia. Tendo em mente que um indivíduo precisa, em média, de 2.000 calorias diárias, a privação não é suficiente nem para manter a taxa metabólica basal, ou seja, não atinge o mínimo necessário para desenvolver atividades diárias. E fique de olho! Muitas pessoas acabam restringindo líquidos, se esquecem de beber água e ficam desidratadas.
- Dieta da papinha
Isso mesmo: papinha de neném. A dieta seguida pela musa do Carnaval da Inocentes de Belford Roxo consiste na substituição de duas refeições diárias por uma porção de papinha — uma no período da manhã e outra à tarde. À noite, se dá preferência a alimentos leves. Além de ser um produto industrializado (contém conservantes que não fazem bem ao organismo), a papinha não é suficiente para suprir a necessidade nutritiva do corpo humano, o que pode levar a anemias e desnutrição.
- Dieta do alfabeto
São 23 letras para 23 dias. A ideia é comer, em cada dia, somente alimentos iniciados por uma única letra. No primeiro dia, alimentos iniciados com ‘A’, no segundo, com ‘B’, e assim por diante. Há variações dessa dieta: algumas dizem que só se pode escolher apenas um alimento por letra; outras dizem que é permitido comer qualquer alimento sem gordura da letra da vez. De qualquer maneira, a dieta vai de encontro a uma das principais leis da alimentação saudável: a variedade. O prato deve conter o máximo de itens diferentes possível — e quanto mais colorido, melhor.
- Dieta Dukan
Criada pelo nutricionista francês Pierre Dukan, autor do livro ‘Eu não consigo emagrecer’, ficou famosa depois de ser adotada por celebridades, como a princesa Kate Middleton. Similar à dieta da proteína, é uma dieta hiperproteica, com grande restrição de carboidratos. Como o carboidrato é o elemento que fornece energia ao corpo, a dieta pode sobrecarregar o pâncreas e os rins, além de deixar o indivíduo fraco e sem energia.
- Dieta da fruta
Abacaxi, pera, mamão, melancia, banana, maçã, laranja, rorango e melão. Essa é a base do cardápio de quem adere à dieta. Muitas dessas frutas, porém, contêm elevado teor de frutose, o carboidrato da fruta, o que, além de sobrecarregar o pâncreas, pode acarretar ainda o acúmulo de gorduras no fígado.
Reportagem  Marina Brandão

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