Não estamos sós no planeta e, como nem todo mundo tem o mesmo grau de percepção, é bom deixar claro quando estamos brincando ou falando a verdade
Segundo Ronson, na internet tendemos a encarnar
facilmente o papel de juízes dos vacilos alheios. Mas a verdade é que
nem todos temos base ou moral para ser justos, e podemos provocar
reações perigosas e irreversíveis. Basta ver a opinião de Ted Poe, um
juiz norte-americano muito rigoroso, cujas penas são frequentemente
confundidas com peças de humilhação pública dos condenados. Ele
reconhece que o sistema judiciário tem problemas, mas pelo menos dá o
direito de defesa ao acusado. “Porém, quando (alguém) é acusado na
internet, não tem direito algum. E as consequências são piores”, diz o
juiz.
As consequências vão desde a perda do emprego, o fim de
relacionamentos e até mesmo o suicídio provocado pela humilhação em
larga escala. Ronson relata vários casos cruéis dessa nossa fúria
coletiva por fazer justiça. No fim, a moral da história é: 1. Tenhamos
muito cuidado com o que publicamos. Não estamos sós no planeta e, como
nem todo mundo tem o mesmo grau de percepção, é bom deixar claro quando
estamos brincando ou falando a verdade. Chato pacas, mas o mundo está
ficando assim mesmo. 2. Muito cuidado com as críticas que publicamos. Podem ser irremediavelmente injustas. A propósito, lembrei de um caso aqui do site do DIA. Há duas semanas, uma das nossas notas dizia que a eterna Vera Fischer fora vista sem maquiagem, surpreendendo seus fãs porque, afinal, o tempo passa... É o tipo do assunto de que muita gente gosta — assumidamente ou não. Quando a nota caiu no Facebook, entretanto, começou a ser muito criticada e, por isso mesmo, essa notícia (?) de interesse tão restrito ganhou muito mais visibilidade do que se ninguém tivesse reclamado dela. A audiência do site quintuplicou.
A experiência mostrou que o silêncio é a melhor reação a notícias que nos pareçam descabidas. Pessoalmente, acho que republicar notas da internet me preocupa mais, por exemplo, quando ampliamos a voz de políticos que, aproveitando-se da inconsciência dos palpiteiros online, beneficiam-se muito da propaganda gratuita.
Bom pensar nisso. Enfim, nem me cabe comentar se a nota sobre a Vera Fischer era relevante ou não, mas acreditem: muita gente lê fofocas online sem assumir isso publicamente. Aqui me cabe mostrar apenas que, supostamente criticando uma bobagem, damos muito mais destaque a ela. No caso da nota da Vera sem maquiagem, a repercussão foi tão grande que uma matéria sobre ela publicada há cinco meses, já esquecida, também voltou a registrar altos índices de audiência, durante vários dias.
>>> A Bolsa de Ativos ambientais do Brasil (BVRio) lançou ontem um aplicativo que promete ajudar operadores estrangeiros e compradores de madeira brasileira a se certificarem de que o produto não foi obtido ilegalmente. Há versões para computadores (timber.bvrio.org), Android e iOS.
e-mail: nelson.vasconcelos@odia.com.br
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