Por: Paulo de Tarso Lyra
Por: Rosana Hessel - Correio Braziliense
03/01/2018 10:43
Sérgio Moraes ficou conhecido por dizer que estava se lixando ao relatar caso de colega. Foto: Carlos Moura/CB |
O
governo desistiu de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) como
novo ministro do Trabalho. O nome havia sido indicado pela cúpula do PTB
no fim do ano passado para substituir Ronaldo Nogueira, ligado ao líder
da bancada petebista na Câmara, Jovair Arantes (GO). Pesou contra o
deputado o fato de o filho dele ser titular da Agência Metropolitana do
governo de Flávio Dino, no Maranhão, cargo com status de secretário. O
ex-senador José Sarney, contudo, negou qualquer tipo de veto. Segundo
interlocutores do peemedebista, ele “não se envolve em cada nomeação
ministerial do presidente Temer pois seria, inclusive, uma
indelicadeza”, afirmou ao Correio uma pessoa próxima a Sarney.
Especificamente,
aliados do ex-presidente do Congresso afirmam que Sarney jamais foi
consultado sobre a substituição no Ministério do Trabalho e que, por
isso, não haveria razão para acreditarem que ele impôs qualquer veto.
Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson disse que é o momento de
decantar as coisas. “Vamos esperar até o fim do mês para ver como as
coisas se acomodam. Sugeri ao presidente que deixasse até o fim deste
mês o secretário executivo na pasta para que pudéssemos escolher um novo
nome”, disse Jefferson ao Correio.
Quem não
gostou nada do adiamento da definição foi o líder do PTB na Câmara,
Jovair Arantes (GO). “Por uma questão ética, eu nunca vetei indicações
feitas por outros partidos para ministérios. Não entendo porque outras
legendas querem vetar o nome do PTB”, reclamou Jovair. Ele e Jefferson
negaram que a saída de Ronaldo Nogueira tenha a ver com uma insatisfação
do Planalto quanto à proximidade entre o ex-ministro e o líder da
bancada. “Se havia isso, não sei. Jovair e Ronaldo foram comigo,
pessoalmente, após o Natal, levar o nome do Pedro como nosso indicado
para a pasta”, completou o presidente nacional do PTB.
A
verdade é que o nome de Pedro Fernandes jamais foi consenso dentro do
governo. O Correio antecipou, antes da virada do ano, que o presidente
Temer e o núcleo palaciano mais próximo ao gabinete presidencial
resistiam a apoiar o parlamentar maranhense. Interlocutores do Planalto
afirmaram que era preciso aguardar o retorno do presidente aos trabalhos
para confirmar qualquer indicação. O governador do Maranhão, Flávio
Dino, não é apenas desafeto de Sarney. Ele foi um dos mais ativos
governadores a trabalhar contra o impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff, o que o torna persona non grata entre os peemedebistas.
Por
enquanto, o que há de garantido é que o Ministério do Trabalho
continuará sob o comando do PTB. O Planalto não quer comprar uma briga
com uma legenda fiel às vésperas da votação da reforma da Previdência. O
nome que surge com mais força como alternativa a Pedro Fernandes é do
deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que, ao relatar o processo de cassação
de um colega, afirmou estar pouco “se lixando para a opinião pública”.
“Moraes
era a nossa primeira opção, antes mesmo de escolhermos o Pedro. Ele
disse que toparia, já que não pretende concorrer a um novo mandato de
deputado federal. Mas nos avisou que, por problemas familiares, só
poderia assumir o Ministério depois de abril. Por isso, ele tornou-se
inviável”, lembrou Jovair. “Mas o nome dele continua em alta”, completou
o líder petebista.
Foco no emprego em 2018
Em
entrevista ontem à TV Brasil, o secretário-geral da Presidência,
ministro Moreira Franco, reforçou o que já havia dito ao Correio: um dos
principais focos do governo neste ano que entra será a geração de
empregos. “Novos empregos significam renda. Renda significa o
restabelecimento da confiança, da autoestima. E as pessoas passam a
olhar-se com muito mais respeito, com muito mais afeto a si próprias e a
seus familiares, à sua comunidade do que no ambiente de crise, de
desesperança, de incertezas”, disse o ministro.
Ele
repetiu a necessidade de uma reformulação no processo de qualificação
dos empregos. O governo tem sido bastante crítico ao modelo anterior,
adotado pela gestão petista no Pronatec. “A melhoria da produtividade
mobiliza necessariamente a qualificação de mão de obra empregada, e a
não mão de obra desempregada. A cultura brasileira dá a qualificação
para a mão de obra desempregada. E muitas vezes a pessoa tem acesso a um
tipo de conhecimento que nem vai usar, porque ela não está empregada e o
emprego que encontra não é um emprego que esteja numa linha direta,
decorrente do que foi aprendido no curso de qualificação”, justificou.
“Então, para aumentar a produtividade, é necessário que se mude a
política de qualificação”, completou.
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