1.03.2018

Deputado que 'se lixa' para opinião pública pode virar ministro do Trabalho doTemer. Sérgio Moraes é um dos nomes indicados pelo PTB para ocupar a vaga deixada por Ronaldo Nogueira em dezembro

 
Por: Paulo de Tarso Lyra
Por: Rosana Hessel - Correio Braziliense


03/01/2018 10:43

Sérgio Moraes ficou conhecido por dizer que estava se lixando ao relatar caso de colega.  Foto: Carlos Moura/CB (Foto: Carlos Moura/CB)
Sérgio Moraes ficou conhecido por dizer que estava se lixando ao relatar caso de colega. Foto: Carlos Moura/CB
O governo desistiu de nomear o deputado Pedro Fernandes (PTB-MA) como novo ministro do Trabalho. O nome havia sido indicado pela cúpula do PTB no fim do ano passado para substituir Ronaldo Nogueira, ligado ao líder da bancada petebista na Câmara, Jovair Arantes (GO). Pesou contra o deputado o fato de o filho dele ser titular da Agência Metropolitana do governo de Flávio Dino, no Maranhão, cargo com status de secretário. O ex-senador José Sarney, contudo, negou qualquer tipo de veto. Segundo interlocutores do peemedebista, ele “não se envolve em cada nomeação ministerial do presidente Temer pois seria, inclusive, uma indelicadeza”, afirmou ao Correio uma pessoa próxima a Sarney.

Especificamente, aliados do ex-presidente do Congresso afirmam que Sarney jamais foi consultado sobre a substituição no Ministério do Trabalho e que, por isso, não haveria razão para acreditarem que ele impôs qualquer veto. Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson disse que é o momento de decantar as coisas. “Vamos esperar até o fim do mês para ver como as coisas se acomodam. Sugeri ao presidente que deixasse até o fim deste mês o secretário executivo na pasta para que pudéssemos escolher um novo nome”, disse Jefferson ao Correio.

Quem não gostou nada do adiamento da definição foi o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). “Por uma questão ética, eu nunca vetei indicações feitas por outros partidos para ministérios. Não entendo porque outras legendas querem vetar o nome do PTB”, reclamou Jovair. Ele e Jefferson negaram que a saída de Ronaldo Nogueira tenha a ver com uma insatisfação do Planalto quanto à proximidade entre o ex-ministro e o líder da bancada. “Se havia isso, não sei. Jovair e Ronaldo foram comigo, pessoalmente, após o Natal, levar o nome do Pedro como nosso indicado para a pasta”, completou o presidente nacional do PTB.

A verdade é que o nome de Pedro Fernandes jamais foi consenso dentro do governo. O Correio antecipou, antes da virada do ano, que o presidente Temer e o núcleo palaciano mais próximo ao gabinete presidencial resistiam a apoiar o parlamentar maranhense. Interlocutores do Planalto afirmaram que era preciso aguardar o retorno do presidente aos trabalhos para confirmar qualquer indicação. O governador do Maranhão, Flávio Dino, não é apenas desafeto de Sarney. Ele foi um dos mais ativos governadores a trabalhar contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o que o torna persona non grata entre os peemedebistas.

Por enquanto, o que há de garantido é que o Ministério do Trabalho continuará sob o comando do PTB. O Planalto não quer comprar uma briga com uma legenda fiel às vésperas da votação da reforma da Previdência. O nome que surge com mais força como alternativa a Pedro Fernandes é do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), que, ao relatar o processo de cassação de um colega, afirmou estar pouco “se lixando para a opinião pública”.

“Moraes era a nossa primeira opção, antes mesmo de escolhermos o Pedro. Ele disse que toparia, já que não pretende concorrer a um novo mandato de deputado federal. Mas nos avisou que, por problemas familiares, só poderia assumir o Ministério depois de abril. Por isso, ele tornou-se inviável”, lembrou Jovair. “Mas o nome dele continua em alta”, completou o líder petebista.
Foco no emprego em 2018
Em entrevista ontem à TV Brasil, o secretário-geral da Presidência, ministro Moreira Franco, reforçou o que já havia dito ao Correio: um dos principais focos do governo neste ano que entra será a geração de empregos. “Novos empregos significam renda. Renda significa o restabelecimento da confiança, da autoestima. E as pessoas passam a olhar-se com muito mais respeito, com muito mais afeto a si próprias e a seus familiares, à sua comunidade do que no ambiente de crise, de desesperança, de incertezas”, disse o ministro.

Ele repetiu a necessidade de uma reformulação no processo de qualificação dos empregos. O governo tem sido bastante crítico ao modelo anterior, adotado pela gestão petista no Pronatec. “A melhoria da produtividade mobiliza necessariamente a qualificação de mão de obra empregada, e a não mão de obra desempregada. A cultura brasileira dá a qualificação para a mão de obra desempregada. E muitas vezes a pessoa tem acesso a um tipo de conhecimento que nem vai usar, porque ela não está empregada e o emprego que encontra não é um emprego que esteja numa linha direta, decorrente do que foi aprendido no curso de qualificação”, justificou. “Então, para aumentar a produtividade, é necessário que se mude a política de qualificação”, completou.

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