Rio: médicos classificam dengue de crime sanitário
O Sindicato dos Médicos anunciou nesta quarta-feira que a epidemia de dengue no Rio é um crime sanitário e que, até segunda-feira, vai enviar uma notícia-crime ao Ministério Público estadual e federal contra as três esferas do governo: Prefeitura, Estado e União. De acordo com o presidente do Sindicato, o médico Jorge Darze, a ausência do poder público é a causa da tragédia.
"É um momento preocupante. O que está ocorrendo é um crime sanitário e o governo contribui para agravar a situação e põe em risco a vida da população. Nós estamos constatando que houve a ausência do poder público em ter deixado de tomar as medidas que deveriam ser tomadas no momento histórico adequado, para que pudéssemos evitar o que vivemos hoje", alertou Darze.
O médico acredita que a constatação do sindicato não pode ser ignorada e por isso a entidade decidiu se posicionar politicamente.
"Esta situação não pode ficar impune", alertou Darze, em entrevista na sede do sindicato, ressaltando que o estado de calamidade pública na saúde, reconhecido pelo presidente Lula em 2005, ainda é uma realidade.
As críticas de Darze alcançam a prefeitura. Segundo ele, o município não oferece estrutura necessária. Por isso, o O governo federal tem que exercer o poder regulador e fiscalizador junto às prefeituras, já que gerencia toda a rede de saúde pública através do Sistema Único de Saúde.
"As autoridades estão omissas à epidemia. O governador está no Japão, o ministro não saiu de Brasília, e o prefeito governa pela internet. Isso é uma demonstração da preocupação das autoridades ou revela o medo deles de contrair a doença?", questionou Darze, que defende presença mais efetiva no Ministério da Saúde no Rio.
Para conter o quadro epidêmico, Darze acha que deveria haver investimento em locais especializados em infectologia, um projeto para educar e conscientizar a população durante o ano todo, a contratação médicos infectologistas e a disponibilização de mais leitos para os contaminados. Porém, a maior indignação do presidente do Sindimed é quanto a não utilização do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, no Caju, no combate a dengue.
"O instituto é uma referência mundial. Como pode o maior centro estar fechado desde janeiro do ano passado?"
Darze revela que a emergência do São Sebastião não está funcionando, mas tem capacidade para 80 leitos e pode até triplicar esse número, como foi feito nas epidemias anteriores. Ainda de acordo com ele, gastando cerca de R$ 400 mil em equipamentos seria possível reativar o CTI e, com mais verba, em uma semana, abrir 100 ou mais leitos no São Sebastião.
Fonte: JB ONLINE
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