Médicos ensinam a identificar uma crise de enxaqueca
Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaléia, 15% das pessoas sofrem deste problema.
Saber identificar o que desencadeia a crise pode ajudar a evitá-la.
Pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) revela que entre as pessoas que têm ansiedade, 67% sofrem de enxaqueca. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaléia, a popular dor de cabeça, 15% dos brasileiros convivem com a enxaqueca.
“Esse ano eu acho que eu estou comemorando as minhas bodas de prata com a enxaqueca”, conta a professora Débora de Lorenzo. O tempo fez Débora aprender a viver melhor apesar do problema. “Diminuí o café”, diz ela, que hoje prefere os chás sem cafeína. “Tenho uma alimentação mais saudável, parei de fumar, diminuí bastante as bebidas alcoólicas”.
Reconhecer os próprios limites ajudou a diminuir a freqüência e a intensidade das crises. “Ela pode até vir, mas não está naquela fase atordoante”, diz Débora.
Como identificar?
Mas como é possível saber se estamos com dor de cabeça ou enxaqueca? “A enxaqueca tem algumas características próprias. Em geral atinge metade da cabeça e se acompanha de alguns outros sintomas gastrointestinais, náuseas, vômitos, algumas vezes com tonturas, intolerância à luz e ruídos”, responde o médico Mirto Prandini.
O neurologista Mario Peres diz que a enxaqueca é uma reação do organismo por causa de algo que vai acontecer. "Quando você pinta uma cena trágica do futuro, o organismo não sabe direito quando vai acontecer ou não, ele já interpreta como se já estivesse acontecendo", explica.
Peres escreveu um livro com dicas sobre a doença. Ele explica que a dor é uma reação do organismo, um sinal que algo não vai bem. "Perfeccionismo, irritabilidade, pavio curto, as preocupações, as ansiedades, medos - todos esses fatores são desencadeadores de dor", diz o médico.
"A enxaqueca tem controle medicamentoso. É difícil dizer que a enxaqueca tem cura, entretanto, se nós considerarmos os outros tipos de cefaléia, muitos deles têm cura", explica o médico Prandini.
Diário da dor
Segundo os especialistas, o primeiro passo para atacar a dor de cabeça é o reconhecimento. Entender o que faz mal pra você. Ansiedade, noites mal dormidas, estresse, horas em jejum, alimentos. A partir disso fica mais fácil mudar padrões estabelecidos. Uma boa maneira de identificar o que desencadeia uma crise de enxaqueca, por exemplo, é anotar detalhes do dia a dia numa tabela e fazer o chamado "diário da dor".
"Eu anoto, por exemplo, se eu tenho dor de cabeça ou pelo período da manhã ou à tarde ou à noite ou de madrugada", conta Débora. "Para a intensidade da dor, se coloca dois ou três ou quatro letras X se ela for fraca, regular ou forte", sugere Débora.
Alguns descobriram que crises bem no fim de semana eram provocadas pela redução no consumo de cafeína. E qual que é a solução neste caso? “A pessoa tem que tomar menos café no meio da semana”, ensina o médico.
Veja algumas das principais dúvidas de quem sofre com enxaqueca:
Tomar analgésico em excesso é perigoso?
“Tomar analgésico ou qualquer tipo de medicamento em excesso é perigoso. O analgésico vendido livremente pode muitas vezes levar ao vício, então a pessoa necessita de dose maior”, responde o médico Prandini.
Pressão alta dá dor de cabeça?
“A dor de cabeça é um elemento que faz com que a pessoa muitas vezes descubra que tem pressão alta. E as pessoas não podem negligenciar o controle de pressão. No Brasil, a pessoa muitas vezes descobre ser hipertenso porque vai tentar tratar a sua dor de cabeça”, explixa Prandini.
Fazer exercício ajuda?
"É considerado de muito valor o exercício físico para prevenir o aparecimento da crise. Mas no momento da crise a pessoa não deve fazer exercício, porque piora", alerta o médico.
Fonte: G1
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