O que é psoríase?
A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que pode causar desconforto físico e psíquico, cujo impacto social e psicológico costuma ser subestimado. Vários estudos demonstraram que a doença está associada à significativa comorbidade psicossocial e a um prejuízo, substancial, na qualidade de vida dos pacientes.
A doença é conhecida desde a antiguidade. Hipócrates, em 460-377 a.C., utilizava as palavras psora, do grego, e lepra para designar o que, hoje, se reconhece por psoríase. Entretanto, apenas no século XIX, Von Hebra (1816-1880) unificou definitivamente a terminologia da doença para psoríase.
Hoje, a psoríase é entendida como uma doença inflamatória, de base genética, de evolução crônica e recorrente, que acomete preponderantemente a pele e as articulações. É considerada uma dermatose comum, pois ocorre em 1% a 3% da população mundial, com incidência variável, de acordo com a população estudada.
Aspectos ambientais, geográficos e mesmo étnicos podem interferir na incidência da doença. Nas regiões tropicais e subtropicais, não é tão comum o aparecimento de psoríase. Em negros africanos, ela é considerada rara. Em relação ao sexo, acomete igualmente homens e mulheres, mas pode ter um início mais precoce nas mulheres.
Quais as causas?
Embora o agente desencadeador seja desconhecido, a doença está associada à predisposição genética. Um terço dos doentes possuem algum parente acometido. Em estudo entre gêmeos, detectou-se a presença da dermatose em 55% a 70%.
Além desta predisposição genética, alguns outros fatores podem estar implicados no desencadeamento ou exacerbação da doença:
1. Traumas cutâneos: Os traumas físicos, químicos ou elétricos diretos sobre a pele podem determinar o aparecimento de lesão psoriásica, geralmente de forma linear;
2. Infecções: como as de garganta, causadas pelos estreptococos são importantes principalmente entre adultos jovens e crianças. A psoríase tende a se apresentar de modo mais grave entre os doentes portadores de síndrome de imunodeficiência adquirida (HIV);
3. Drogas: lítio, cloroquina, betabloqueadores, antimaláricos e antiinflamatórios não hormonais (AINEs) geralmente pioram a doença. Ingestão e supressão de corticosteróide sistêmico podem desencadear formas graves, como a psoríase pustulosa generalizada e a psoríase eritrodérmica;
4. Estresse psíquico: Geralmente o estresse é mencionado pelo doente como o responsável pelo aparecimento ou exacerbação clínica do quadro;
5. Outros fatores: Distúrbios endócrinos e metabólicos, ingestão de álcool e variações climáticas também são reconhecidos como desencadeantes ou de piora da doença.
Quais os sintomas?
A psoríase crônica em placas é o padrão apresentado em quase 90% dos pacientes. É caracterizada por placas eritêmato-descamativas, bem delimitadas, com diferentes tamanhos, que podem acometer extensão variável do tegumento. As escamas são secas, branco-prateadas, aderentes e estratificadas.
As lesões podem ser únicas, isoladas ou confluentes, formando grandes placas que podem adquirir aspectos diversos. Os locais de acometimento freqüente são as regiões extensoras de membros (cotovelos e joelhos), sacral e couro cabeludo.
Em geral a psoríase é considerada assintomática, mas muitos pacientes queixam-se de pruridos no local das lesões.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da doença em geral é fácil e se baseia no quadro clínico, que na maioria das vezes, é típico. A biópsia para confirmação, só é feita em manifestações mais graves ou em formas não freqüentes da doença.
A gravidade do quadro clínico pode ser determinada por vários parâmetros, dentre eles, o índice de extensão e gravidade individual das lesões (PASI) ou a superfície corpórea acometida (BSA).
De acordo com esses parâmetros, a doença pode ser classificada em:
Leve = PASI até 10 e BSA < 5
Moderada = 10 < PASI < 18 e BSA < 10
Grave = PASI = 18 e BSA > 10
Atualmente, além dos parâmetros físicos determinados pelo médico, considera-se também, para a classificação da gravidade o acometimento psicoemocional provocado pela doença.
Qual o tratamento?
O tratamento da psoríase pode ser feito com medicamentos locais, como os corticosteroides tópicos, o coaltar e os derivados da Vitamina D, com a fototerapia (UVA e UVB) e com tratamentos sistêmicos como a acitretina, o metrotexato, a ciclosporina e mais recentemente com os imunomoduladores biológicos. A escolha do tratamento dependerá da gravidade da doença e da resposta previa a tratamentos já realizados. Na psoríase leve, usa-se, de preferência, medicamentos locais, na moderada, fototerapia e na grave, tratamentos sistêmicos, via oral ou injetáveis. A preferência é utilizar combinação de tratamentos e fazer um rodízio entre os diversos produtos, assim aumenta-se a eficácia do tratamento e diminuem-se os efeitos adversos.
Dra Lúcia Arruda
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