1.05.2009

Ação das Drogas na terapia medicamentosa do Câncer


Ação das Drogas na terapia medicamentosa do Câncer

As drogas quimioterápicas interferem com a capacidade de
crescimento (multiplicação) ou de sobrevivência das células
cancerígenas; grupos diferentes de drogas atuam de maneiras
diferentes. A identificação do tipo da doença presente é
importante porque certas drogas são administradas somente em
certos casos. Por exemplo, um paciente com leucemia mielóide
aguda é tratado com agentes diferentes dos utilizados no
tratamento da leucemia linfóide aguda ou do linfoma de
Hodgkin. Mesmo pacientes com a mesma doença são algumas
vezes tratados com agentes diferentes, dependendo do que o
médico acredita que será mais efetivo em determinado estágio
da doença.

Tipos de Drogas na terapia medicamentosa
Inúmeras drogas que atuam matando as células cancerígenas
através de diferentes métodos continuam a surgir como
resultado dos programas de pesquisa. A seguir temos uma breve
descrição de vários tipos de drogas utilizadas na luta contra o
câncer.
Várias drogas atuam contra células cancerígenas através de uma
interação com o DNA ou RNA da célula cancerígena. Essa
interação lesa o DNA de tal maneira que a célula cancerígena é
morta ou fica impossibilitada de crescer e produzir mais células
cancerígenas. Há quatro tipos de drogas quimioterápicas que
atuam diretamente lesando o DNA das células cancerígenas:
agentes que danificam o DNA, antibióticos antitumorais,
antimetabólitos e inibidores das enzimas reparadoras do DNA.
Os agentes que danificam o DNA, como o clorambucil, a
ciclofosfamida ou o melfalan, são conhecidos coletivamente
como agentes alquilantes. Esses agentes lesam o DNA de
maneira tão severa que a célula cancerígena é morta. Outros
agentes que danificam o DNA, como a carboplatina, aderem-se
ao mesmo e impedem o crescimento das células cancerígenas.
Os antibióticos antitumorais, como a daunorubicina, a
doxorubicina, a idarubicina e a mitoxantrona se introduzem no
interior do DNA de uma célula cancerígena, impedem que ele
funcione normalmente, e freqüentemente a matam.
Antimetabólitos, como o metotrexato, a fludarabina e a
citarabina são drogas que imitam substâncias requeridas pelas
células cancerígenas para fabricar DNA e RNA. Quando as
células cancerígenas utilizam esses metabólitos, em vez das
substâncias naturais, elas não são capazes de produzir DNA e
RNA e a célula morre.
Os inibidores das enzimas reparadoras do DNA, como o
etoposide ou o topotecan, atacam as proteínas que normalmente
reparam danos ao DNA das células cancerígenas. O reparo dos
danos ao DNA é um processo normal e vital em uma célula.
Sem esse processo de reparação, as células cancerígenas se
tornam muito mais suscetíveis às lesões e têm seu crescimento
impedido.

Combinações de Drogas Quimioterápicas
A combinação de substâncias quimioterápicas é comum no
tratamento da leucemia, dos linfomas de Hodgkin e
não-Hodgkin e do mieloma. A administração conjunta de
diferentes medicamentos pode resultar em um tratamento
mais efetivo. O quadro abaixo lista algumas das combinações
comuns na quimioterapia. O objetivo deste quadro é servir
como guia geral, já que existem variações de muitas das
combinações. Veja a seção referente a cada droga para obter
informações mais específicas a respeito de cada uma delas.
Leucemias
AA Uma combinação de citarabina + doxorubicina
(Aracytin e Adriamicina)
AVDP Uma combinação de asparaginase + vincristina +
daunorubicina + prednisona
CD Uma combinação de citarabina + daunorubicina
COAP Uma combinação de ciclofosfamida + vincristina +
citarabina + prednisona
CVP Uma combinação de ciclofosfamida + vincristina+
prednisona
DCT Uma combinação de daunorubicina + citarabina +
tioguanina
DVP Uma combinação de daunorubicina + vincristina +
prednisona
MC Uma combinação de mitoxantrona + citarabina
MM Uma combinação de mercaptopurina + metotrexato
MV Uma combinação de mitroxantrona + etoposide
TC Uma combinação de tioguanina + citarabina
Linfoma de Hodgkin
ABVD Uma combinação de doxorubicina + bleomicina +
vinblastina + dacarbazina
terapia medicamentosa.
medula, para favorecer a remissão, o que resulta no retorno de
células sangüíneas normais. Tratamento de consolidação referese
ao tratamento adicional depois da indução à remissão.

Freqüentemente, altas doses de drogas são utilizadas em vários
períodos curtos de tratamento. O objetivo é diminuir a
concentração de células leucêmicas residuais. Quanto maior a
redução de células leucêmicas, maior é a probabilidade das
defesas naturais vencerem a doença e resultarem em remissão
de longo termo. Tratamento de manutenção ou de continuação
refere-se à administração de medicamentos por longos períodos
de tempo, meses ou anos, normalmente em doses mais baixas
que na terapia de consolidação. Junto com a quimioterapia, o
tratamento de leucemia ou linfoma também inclui a radioteraia
e terapias auxiliares como o uso de antibióticos, produtos do
sangue e citocinas.

Toxicidade
Termo utilizado para indicar os efeitos colaterais decorrentes da
administração de drogas ou de radioterapia. A toxicidade das
drogas pode variar de suave e tolerável até uma toxicidade que
envolve risco de vida. A toxicidade pode ser temporária ou de
longa duração. Como a maioria das drogas utilizadas no
tratamento não apresenta uma ação específica, os tecidos
normais são freqüentemente afetados juntamente com as células
cancerígenas.
Trombocitopenia
Diminuição abaixo do normal do número de plaquetas do
sangue.

Altas doses de uma certa classe de hormônios, como a
prednisona e a dexametasona, são capazes de matar células do
linfoma ou da leucemia linfóide.
Um outro tipo de droga quimioterápica, como a vincristina ou
a vimblastina, lesa as células cancerígenas através do bloqueio
de um processo denominado mitose (divisão celular), impedindo
a divisão e a multiplicação das células cancerígenas.
Um outro grupo de agentes consiste de anticorpos feitos
especificamente para se aderirem à superfície das células
cancerígenas. Uma vez que esses anticorpos se aderem às
mesmas eles passam a interferir com o funcionamento celular
e matam a célula. Além disso, alguns anticorpos se encontram
ligados a uma substância tóxica ou radioativa. Quando um
anticorpo se adere a uma célula cancerígena, o anticorpo e a
substância tóxica ou radioativa atuam juntos de forma a matar
a célula. No caso das substâncias tóxicas, para que o anticorpo
funcione é necessário que ele penetre no interior da célula. No
caso das substâncias radioativas, o anticorpo somente
necessita aderir-se à célula.

Resistência
As células cancerígenas algumas vezes são resistentes às drogas
utilizadas no início da terapia, ou se tornam resistentes
posteriormente, fazendo com que o câncer retorne. Nesses casos,
o médico pode prescrever drogas diferentes para combater as
células cancerígenas.
Hoje, os médicos têm à sua disposição um maior número de
drogas anticancerígenas a serem utilizadas na terapia inicial ou
na terapia subseqüente. Esse progresso significa uma freqüência
aumentada de remissões em longo prazo ou até a propria cura.

Efeito nas Células Normais
Infelizmente, a maioria das drogas utilizadas na quimioterapia
afeta as células cancerígenas, porém, também afeta as células
normais. As células normais mais afetadas são aquelas que se
dividem mais rapidamente, como as dos folículos de cabelo,
do revestimento do trato gastrointestinal e da medula óssea. É
por isso que queda de cabelo, náusea, diarréia e baixas
contagens de células sangüíneas.

Tratamento da Leucemia, Linfoma e Mieloma
Drogas que danificam o DNA
Estas drogas reagem com o DNA, alterando-o quimicamente e impedindo
que ele oriente o crescimento celular
• Busulfan (Myleran)
• Carboplatina (Paraplatin)
• Carmustina (BCNU)
• Clorambucil (Leukeran)
• Cisplatina (Platinol) – Platiran
• Ciclofosfamida (Cytoxan, Neosar)
– Genuxal
• Dacarbazina (DTIC-Dome)
• Ifosfamida (Ifex) – Holoxane
• Lomustina (CCNU) – Citostal
• Mecloretamina (Nitrogênio
mostarda, Mustargen)
• Melfalan (Alkeran)
• Procarbazina (Natulanar)

Antibióticos Antitumorais
Estas drogas interagem diretamente com o DNA no núcleo das células,
interferindo com a sobrevivência celular.
• Bleomicina (Blenoxane)
• Daunorubicina (daunomicina,
rubidomicina, Cerubidina)
• Doxorubicina (Adriamicina,
Rubex)
• Idarubicina (Idamycin) – Zavedos
• Mitoxantrona (Novantrone)

Antimetabólitos
São substâncias químicas semelhantes às unidades básicas que constituem o
DNA e o RNA, mas modificadas de forma a bloquear sua função, evitando
que a célula se multiplique.
• 5-azacitadina (AZA-CR)
• Cladribina (clorodeoxiadenosina,
Leustatin)
• Citarabina (citosina arabinosida,
Ara-C, Cytosar)
• Fludarabina (Fludara)
• Hidroxiuréia (Hydrea)
• 6-mercaptopurina (Purinethol)
• Metotrexato (Folex, Mexate) –
Metotrex
• 6-tioguanina (Tioguanina) – Lanvis

Inibidores das Enzimas
Reparadoras do DNA
Estas drogas atuam no núcleo celular, em certas proteínas (enzimas) que
reparam lesões causadas ao DNA. Elas impedem que estas enzimas atuem,
tornando o DNA mais suscetível a injúrias.
• Etoposide (VP-16, VePesid)
• Teniposide (VM-26, Vumon)
• Topotecan (Hycamtin)

Drogas que Impedem a Divisão Celular através
do Bloqueio da Mitose
Estas drogas prejudicam estruturas celulares necessárias para que a célula
se divida em duas células filhas.
• Vimblastina (Velban, Velsar)
• Vincristina (Oncovin, Vincasar)
• Paclitaxel (Taxol)

Hormônios que Podem Matar Linfócitos
Em altas doses, estes hormônios sintéticos, parentes do hormônio
natural Cortisol, podem matar linfócitos malignos.
• Dexametasona (Decadron)
• Metilprednisolona (Medrol)
• Prednisona (Meticorten)

Agentes de Maturação Celular
Drogas que atuam em um tipo de leucemia induzindo à maturação de
células leucêmicas.
• Ácido all-trans retinóico (ATRA)
• Trióxido de arsênico

Biomodificadores
Drogas baseadas em produtos naturais, cujo mecanismo de ação
exato ainda não é claro. Podem atuar lesando o DNA, ou de outras maneiras.
• Interferon-alfa (Roferon A, Intron)
Anticorpos Monoclonais Uma classe de agentes para o
tratamento do linfoma e da leucemia; os anticorpos monoclonais atacam e
destroem as células cancerígenas com menos efeitos colaterais que a
quimioterapia convencional.
• Rituximab (Mabthera)
• Gemtuzumab ozogamicina (Mylotarg)

Drogas com Alvos Moleculares Específicos
Estes agentes bloqueiam a proteína mutante específica que inicia as
transformações celulares malignas.
• Imatinib mesilato (Gleevec,
Glivec)
Esta tabela não inclui todas as drogas utilizadas ou estudadas em ensaios clínicos.
Combinações destas drogas e grupos de drogas formam a base do tratamento.
Verificou-se que algumas destas drogas são mais ou menos ativas em subtipos
específicos de leucemia ou linfoma.
terapia medicamentosa.desenvolvidas com esse objetivo; a maioria atua causando
danos ao DNA das células. Quando o DNA é lesado, as células
não conseguem crescer ou sobreviver. Para uma quimioterapia
bem sucedida, as células malignas devem ser, pelo menos,
ligeiramente mais sensíveis às drogas que as células normais.
Como as células da medula, do trato intestinal, da pele e dos
folículos de cabelo são mais sensíveis a essas drogas, efeitos
colaterais nesses órgãos são comuns na quimioterapia; por
exemplo, feridas na boca e perda de cabelo.

Fonte: ABRALE. Trabalho revisado por Daniel Tabak

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